Quando compramos a mais, o planeta é que paga

  • Francisco Mello e Castro
  • 12:08

Entre muitos comportamentos que levam a este problema, o desperdício alimentar destaca-se como um dos mais impactantes, mas também um dos mais subvalorizados.

Este passado domingo foi o Dia Internacional para a Consciencialização sobre as Perdas e Desperdício Alimentares, uma data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2019.

E a cada ano que passa, mais urgente é alertar que o planeta vive tempos atribulados. As alterações climáticas, as catástrofes naturais frequentes e as temperaturas extremas são sinais claros de que a Terra está a pagar um preço elevado pelo nosso estilo de vida. Entre muitos comportamentos que levam a este problema, o desperdício alimentar destaca-se como um dos mais impactantes, mas também um dos mais subvalorizados.

Se o desperdício alimentar fosse um país, seria o terceiro maior emissor de gases com efeito de estufa do mundo, superado apenas pela China e pelos Estados Unidos. Este é um dado preocupante porque revela que, enquanto sociedade, estamos literalmente a alimentar a crise climática. O desperdício alimentar é responsável, ainda, por cerca de 10% das emissões globais de gases com efeito de estufa, um impacto cinco vezes superior ao do setor da aviação comercial (aproximadamente 2%).

Em Portugal, estima-se que mais de 50% do desperdício alimentar aconteça no setor do consumo, ou seja, nas nossas casas, restaurantes, cafés e hotéis. Apesar de estarmos cada vez mais conscientes das questões ambientais, o que fazemos no nosso dia a dia está longe de ser o mais correto. Atos simples, como ir ao supermercado sem uma lista de compras ou com fome, levam-nos a comprar muito mais do que necessitamos. O resultado? Produtos que acabam por não ser consumidos em tempo útil e que vão parar ao lixo.

A nossa sociedade incentiva ao consumo excessivo, criando um ciclo vicioso de desperdício do qual muitos de nós nem sequer se apercebem. Ao desperdiçar alimentos, estamos não só a desperdiçar o próprio recurso, mas também toda a energia, água, trabalho e emissões de carbono que foram necessários para o produzir e fazer chegar às nossas mesas.

Assim, mudar este cenário exige uma mudança de comportamento e de mentalidade para quebrar este ciclo de desperdício que o planeta não pode continuar a suportar.

Precisamos de um consumo mais consciente e que tenha em conta que quando compramos mais do que é preciso, é o planeta que paga a conta.

  • Francisco Mello e Castro
  • Coordenador Executivo do Movimento Unidos Contra o Desperdício

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