Três empregos por cada megawatt instalado

  • Pedro Amaral Jorge
  • 23 Janeiro 2024

Em 2030 estima-se que o impacto das Renováveis no emprego aumente quase cinco vezes face a 2022, sobretudo graças à energia solar, que ocupará dois terços da força de trabalho empregada no setor.

Entre 2018 e 2022, as Renováveis geraram cerca de 50 mil empregos. Significa isto que foram criados, em média, três empregos por cada megawatt instalado, de acordo com uma análise da consultora Deloitte para a Associação Portuguesa de Energias Renováveis.

Numa altura em que se fala de emprego e da fuga de mão-de-obra qualificada para o estrangeiro, a análise revela que o emprego criado ao longo destes cinco anos nas renováveis permitiu gerar um valor acrescentado, por colaborador, que é cerca de duas vezes superior à média nacional.

As fontes eólica e hídrica contribuíram para o maior volume de emprego gerado neste período. A energia solar, cujo desenvolvimento esteve congelado devido à crise de dívida soberana de 2011 e até 2016, teve uma contribuição importante e continua a ganhar peso com o acelerar do investimento nesta tecnologia.

Em 2030 estima-se que o impacto das Renováveis no emprego aumente quase cinco vezes face a 2022, sobretudo graças à energia solar, que ocupará dois terços da força de trabalho empregada no setor devido à meta de potência de 20GW de solar prevista para 2030, de acordo com o Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC) português.

A previsão aponta para que o emprego aumente dos 50 mil para os 214 mil em 2030, se se confirmarem as estimativas de capacidade instalada previstas no PNEC 2030. É expetável que todas as tecnologias contribuam para incrementar o número de trabalhadores, embora a ritmos e quantidades diferentes devido às metas e à especificidade de cada tecnologia de geração de eletricidade renovável.

Para a APREN, o crescimento do emprego do setor até 2023 deverá ser acompanhado do reforço da capacitação profissional e, onde necessário, com a requalificação de trabalhadores. Neste último caso, deve focar-se nas regiões mais impactadas pela aceleração da transição energética, e apostar em novas competências técnicas direcionadas para os empregos verdes do futuro. Exemplo disso são, além das tecnologias digitais, os novos modelos de negócio para a geração centralizada e descentralizada, balanço e equilíbrio do sistema elétrico e do planeamento, gestão e eficiência da geração, transporte, distribuição e consumo, no quadro de um sistema que se quer confiável, incentivador do crescimento económico e mais e custo-eficaz.

Este cenário possibilita um caminho de crescimento, que terá de ser necessariamente percorrido se queremos combater as alterações climáticas e proporcionar preços de eletricidade mais baratos para famílias e empresas. A aposta nas renováveis é sinónimo de independência e segurança energética, mas ao mesmo tempo é a energia certa para criar emprego e alavancar a economia.

  • Pedro Amaral Jorge
  • Presidente da APREN

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