CGI compra britânica BJSS e reforça hub em Portugal com mais 100 pessoas

Com esta fusão com a BJSS, a consultora passa a contar com cerca de 900 pessoas no hub ibérico, dos quais 700 consultores, em Lisboa e Porto.

A consultora de tecnologias de informação CGI concluiu a compra da britânica BJSS e reforça a sua presença em Portugal, com a integração de cerca de 100 profissionais na operação do Global Delivery Center Iberia. “Portugal posiciona-se como o grande motor de crescimento, com certa de 700 consultores, presentes em Lisboa e no Porto.”

“Do ponto de vista de estratégia e abordagem, encontramos vários pontos de contacto entre o Global Delivery Center da CGI e a BJSS em Portugal e um forte alinhamento cultural. Esta fusão vai permitir alavancar e acelerar o crescimento e evolução das equipas em Portugal, reforçando a nossa presença em clientes nacionais e internacionais em especial do Reino Unido, ampliando as competências existentes nas áreas de data e cloud“, justifica Gonçalo Lança, senior vice president do Global Delivery Center Iberia & Romania, sobre a operação agora concluída.

“Com a integração da BJSS adicionamos cerca de 100 profissionais à nossa equipa da CGI em Portugal, particularmente na componente internacional”, sintetiza.

Desde o início do ano, a Global Delivery Center Iberia passou a integrar as equipas romenas, cerca de 80 colaboradores, sedeados em Bucareste, e com esta fusão com a BJSS passa a contar com cerca de 900 pessoas.

“Neste enquadramento, Portugal posiciona-se como o grande motor de crescimento, com certa de 700 consultores, presentes em Lisboa e no Porto, contando ainda com uma equipa de 120 consultores em Málaga, Espanha”, destaca Gonçalo Lança.

As instalações que temos em Lisboa, Porto, Málaga e Bucareste ainda nos permitem alimentar as nossas ambições de crescimento. Nesta altura, não existem planos para criação de novos hubs, mas não é algo que descartemos para o futuro.

Gonçalo Lança

Senior vice president do Global Delivery Center Iberia & Romania

“Com a BJSS reforçamos as nossas equipas de forma transversal, tendo acesso a uma pool de talento sólida e com provas dadas em grandes clientes e projetos internacionais, nomeadamente nas áreas de cloud e data e, particularmente, na componente de design thinking”, refere o responsável sobre os ganhos com esta operação, cujo valor não foi divulgado.

Aumentamos a nossa presença em Portugal, e obviamente num mercado estratégico, como o Reino Unido, tendo acesso a setores onde a presença do GDC não era tão forte“, acrescenta.

Até 2026 querem chegar aos mil colaboradores

Uma presença no mercado ibérico, que a CGI quer reforçar. Em setembro de 2023, apontava em três anos atingir os mil colaboradores. Mantém-se o objetivo? “Sem dúvida”, garante o senior vice president do Global Delivery Center Iberia & Romania.

“A nossa ambição e crescimento já apontava claramente nessa direção, através do crescimento orgânico e sustentado por uma performance sólida e constante, e, agora com o reforço da BJSS estamos mais próximos de atingir essa marca”, diz.

“Estou certo de que esta aquisição terá um contributo fundamental para o cumprimento desse objetivo, não só pelo incremento imediato da equipa, mas essencialmente, pelo valor que esta combinação de forças irá gerar”, reforça.

Apesar das ambições de crescimento, “nesta altura” a consultora de TI não tem planos para novos hubs ou aumentar a capacidade atual do existente no país. “As instalações que temos em Lisboa, Porto, Málaga e Bucareste ainda nos permitem alimentar as nossas ambições de crescimento. Nesta altura, não existem planos para criação de novos hubs, mas não é algo que descartemos para o futuro”, admite.

Gonçalo Lança

Com esta operação é a segunda consolidação no setor e nearshore no país em menos de um ano, depois do grupo francês Astek ter comprado a portuguesa Decskill. Poderemos assistir a mais movimentos de concentração? “A nível global, temos vindo a observar vários movimentos de consolidação no mercado. Acreditamos que Portugal continua a apresentar-se como um destino atrativo, com um equilíbrio interessante entre competência e competitividade”, diz.

“Em linha com a sua estratégia de crescimento, a CGI continuará a explorar opções para ganhar massa crítica em mercados estratégicos. Na mesma semana em que anunciámos a aquisição da BJSS, anunciámos também a aquisição da Novatec na Alemanha e em Espanha”, lembra.

Reforço da capacidade IA no país

Em 2023, a CGI anunciou um investimento de mil milhões de dólares, ao longo de três anos, para apoiar a expansão contínua dos serviços e soluções de inteligência artificial (IA).

Esta tecnologia “faz parte do nosso dia a dia sendo aplicada nas nossas operações com o objetivo de aumentar a produtividade, reduzir o tempo de realização, acelerar o onboarding de novos elementos nos projetos/serviços e melhorar a qualidade dos entregáveis”, descreve Gonçalo Lança.

Questionado sobre planos para o reforço da oferta de serviços IA a partir de Portugal, o senior vp deixa uma garantia: “Claramente”, assegura.

A utilização de IA já se encontra de forma intrínseca nas nossas operações e, como tal, faz parte integrante da oferta de serviços atual. Nesta perspetiva continuaremos a investir na evolução e adoção destas soluções como forma de solidificar a nossa excelência operacional, e penso que voltaremos a falar brevemente neste sentido, pois pretendemos disponibilizar em Portugal serviços para os nossos clientes nacionais e internacionais”, adianta.

Adicionalmente, embora “de uma forma menos massificada”, a CGI está também a desenvolver com os clientes “soluções específicas setoriais que permitam criar vantagens competitivas suportadas por modelos IA”.

Fundada em 1976, a CGI conta 91.000 consultores e profissionais, tendo gerado no ano fiscal de 2024 receitas de 14,68 mil milhões de dólares canadianos.

No grupo “Portugal continua a ser visto como um mercado estratégico, quer do ponto de vista do desenvolvimento do mercado local, quer do ponto de vista do desenvolvimento da vertente internacional”, refere Gonçalo Lança sobre o peso da operação nacional nos resultados do grupo. “Fruto do crescimento regular e sustentável realizado ao longo dos últimos anos, o peso na operação tem vindo a aumentar”, diz sem mais detalhes.

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Portugal avança para as ‘meias’ ao eliminar Dinamarca no prolongamento

  • Lusa
  • 23 Março 2025

Portugal qualificou-se para as meias-finais da Liga das Nações em futebol, ao vencer a Dinamarca, em Lisboa, por 5-2 no prolongamento, após 3-2 no tempo regulamentar.

Portugal qualificou-se para as meias-finais da Liga das Nações em futebol, ao vencer a Dinamarca, em Lisboa, por 5-2 no prolongamento, após 3-2 no tempo regulamentar, recuperando da desvantagem de 1-0 da primeira mão. Os suplentes Francisco Trincão, com os seus primeiros dois golos com a camisola das ‘quinas’, aos 86 e 91, e Gonçalo Ramos, aos 115, selaram o apuramento de Portugal para a ‘final four’, fase em que vai defrontar a anfitriã Alemanha, em junho.

Joachim Andersen, na própria baliza, aos 38, e Cristiano Ronaldo, aos 72, tinham dado vantagem a Portugal, já depois de o capitão da seleção lusa ter desperdiçado uma grande penalidade, defendida por Kasper Schmeichel, aos seis, tendo a Dinamarca igualado a eliminatória duas vezes, primeiro por Rasmus Kristensen, aos 56, e, depois, por Christian Eriksen, aos 76.

Com este desfecho, Portugal vai disputar a sua nona presença na fase final de um Campeonato do Mundo, a sétima seguida, frente a Hungria, Irlanda e Arménia, no Grupo F da qualificação europeia.

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Paulo Cafôfo assume derrota e anuncia eleições no PS-Madeira após autárquicas

Partido Socialista fica atrás do JPP, partido cuja primeira aparição no boletim de voto tem apenas uma dezena de anos.

O líder do PS-Madeira vai convocar eleições no partido na região após as autárquicas, que decorrerão em setembro ou outubro deste ano. Cerca de duas horas e meia após o fecho das urnas, Paulo Cafôfo saudou o PSD pela vitória, “reconhecendo que o PS foi derrotado”. Com dez dos onze concelhos apurados, já é certo que o PS ficará em terceiro lugar, atrás do Juntos Pelo Povo (JPP), repetindo a posição que neste século teve em 2011 e 2015. Nesses anos, o CDS foi segundo, saindo desses resultados do PS a renovação da liderança socialista, com Cafôfo, então presidente da câmara do Funchal, a aparecer como candidato em 2019.

Falando na sede de campanha, o líder regional socialista chamou a si a responsabilidade da derrota. “Assumo este resultado e assumo a derrota por este resultado. Esta derrota é minha responsabilidade. Fiz o melhor que pude, o que melhor sabia”. Reconhecendo que o resultado não foi o que o próprio nem o PS desejariam, disse-se de “cabeça erguida”. “Lutei com todas as minhas forças. Saio derrotado, mas sempre com a cabeça erguida. Depois das autárquicas vou abrir um processo interno para liderança do partido, mas até lá o partido tem de estar focado nos desafios eleitorais”, ou seja, legislativas a 18 de maio e as autárquicas em setembro ou outubro. O ex-secretário de Estado das Comunidades não esclareceu se será candidato após as autárquicas.

Noutra das reações da noite, Pedro Nuno Santos admitiu “que é uma derrota do Partido Socialista da Madeira, não há como ignorar. Lamento apenas que tenha ganho o PSD Madeira e Miguel Albuquerque em particular”.

A queda do PS teve três pontos especialmente expressivos, com a incapacidade de ganhar nos concelhos que governa, Machico Ponta do Sol e Porto Moniz. Já o JPP, que governa em Santa Cruz, teve 36,7% naquele município, enquanto o PSD ficou perto, nos 35,1%, com os socialistas nuns distantes 10,4%.

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Albuquerque ganha a um deputado da maioria absoluta. “Temos tempo” para escolher parceiro

Primeira candidatura do sucessor de Jardim, em 2015, foi a última a dar maioria ao PSD. Vitória exige acordo. CDS e IL têm ambos o deputado que falta para Albuquerque formar Governo maioritário.

O PSD venceu as eleições legislativas regionais na Madeira, com 43,4%, alcançando 23 mandatos — mais quatro que há um ano –, a apenas um da maioria absoluta. O líder social-democrata acentuou o ganho de cerca de 10 mil votos e a vitória em dez dos onze concelhos e em 50 das 54 freguesias da Madeira. O acréscimo de 13 mil votos deixou a maioria absoluta a apenas 300 votos, destacou, no discurso de vitória.

Em resposta às perguntas dos jornalistas sobre possíveis diálogos para formar um Governo maioritário, assegurou: “Não falei ainda com ninguém. Nós temos tempo, dada a votação que obtivemos, que foi expressiva. Neste momento, não há qualquer equívoco, nem qualquer dúvida relativamente ao que os madeirenses querem em termos de construção de um Governo e de uma política para o futuro. Temos calma, temos de fazer com ponderação. Vamos fazê-lo com calma“.

O vencedor da noite dirigiu um agradecimento aos eleitores, o qual, em simultâneo, serve de resposta a quem o acusa de falta de legitimidade, após os casos judiciais que o envolveram a si e a membros do Governo que liderou até à moção de censura de dezembro: “Quero deixar um agradecimento muito sentido quanto à confiança depositada no meu partido e na minha liderança que o nosso povo mais uma vez demonstrou. Não há qualquer equívoco”.

Ainda no discurso de vitória na sede de campanha, designou de “atitude inteligente e civicamente elevada” a votação dos madeirenses e porto-santenses. “O povo”, referiu, “veio confirmar mais uma vez aquilo que quer, estabilidade e um Governo para quatro anos. Não quer brincadeiras de partidos”.

Os 43,4% são “o reconhecimento do trabalho realizado e do rumo que o povo madeirense quer prosseguir” e, afirmou o sucessor de Alberto João Jardim, também uma clara derrota da coligação de esquerda e da agenda de maledicência que imperou durante toda a campanha eleitoral”. No discurso ficou ainda prometida “uma postura e atitude política de humildade”.

José Manuel Rodrigues, presidente do CDS-PP Madeira, indiciou a possível disponibilidade para proporcionar a um Governo liderado pelo PSD uma maioria de 24 mandatos: “o resultado destas eleições foi um voto na estabilidade política. Os madeirenses quiseram dizer que querem estabilidade política, governabilidade, querem um governo para os próximos quatro anos”, afirmou. Questionado sobre o caso judicial que envolve Albuquerque, o líder centrista recuperou um mantra de António Costa, dizendo que “à política o que é da política, à justiça o que é da justiça”. José Manuel Rodrigues referiu que “os madeirenses tiveram oportunidade de se pronunciar sobre essa matéria, já o tinham feito em maio. Sempre disse e continuo a dizer que não faço campanhas eleitorais, não provoco eleições nem disputo eleições na base de processos eleitorais”.

Agora, o CDS vai reunir os órgãos do partido e “nos próximos dias” dirá qual a solução que propõe. “Os madeirenses podem continuar a contar com o CDS para que a Madeira possa, a partir de agora, ter mais estabilidade política e melhor governabilidade”. Sobre um hipotético telefonema de Albuquerque, referiu: “ainda não recebi, mas não estou ansioso para o receber”.

A Iniciativa Liberal (IL), por seu turno, deixou “um apelo ao PSD e em particular ao Dr. Miguel Albuquerque, que consigam de uma vez por todas criar condições para termos um governo estável, para quatro anos”. Os eleitores e a IL não querem mais eleições, afirmou Gonçalo Maia Camelo, candidato eleito para o parlamento. Contudo, repetiu o que foi dito pela IL durante a campanha: “com um Governo liderado pelo Dr. Albuquerque, não estaremos disponíveis para colaborar”.

Já o Chega nega disponibilidade para negociar com o líder social-democrata e diz ao PSD que “arranje entendimentos com quem quiser, e, obviamente, não será com o Chega”, partido que “será oposição a este Governo de Miguel Albuquerque”. Ainda assim, o líder regional chegano deixou uma ressalva de que, num PSD sem o vencedor das eleições, poderá haver negociações para formar Governo.

A votação na Madeira culminou em 23 mandatos para o PSD (43,4%), 11 para JPP (21,1%), oito para os socialistas (15,6%), três para o Chega (5,5%) e dois votos repartidos entre o CDS (3%) e a IL (2,2%). Fora do parlamento regional ficaram CDU (1,8%), PAN (1,6%) e BE (1,1%), para lá das demais forças políticas candidatas.

Fora de hipótese ficou, assim, uma maioria à esquerda. No Partido Socialista, confirma-se a perda da dinâmica eleitoral alcançada em 2019, na primeira das candidaturas de Paulo Cafôfo. Naquele ano, os socialistas tiveram o resultado mais expressivo e aproximado dos social-democratas: 35,8% contra 39,4%. Agora, o PS teve 15,6%, atrás dos 21,1% do Juntos Pelo Povo. Uma derrota que levou o líder socialista a anunciar eleições internas no PS Madeira após as autárquicas, que decorrerão em setembro ou outubro. Até lá, e com umas legislativas na República pelo meio, a 18 de maio, Cafôfo continuará a liderar os socialistas na região.

 

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Pedro Nuno assume derrota do PS/Madeira e recusa ilações nacionais

  • Lusa
  • 23 Março 2025

O secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, assumiu a derrota do PS/Madeira nas eleições regionais e recusou retirar qualquer ilação para as legislativas antecipadas.

O secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, assumiu a derrota do PS/Madeira nas eleições regionais e recusou retirar qualquer ilação para as legislativas antecipadas por considerar que não se pode fazer uma relação com a política nacional.

É uma derrota do PS da Madeira. Não há como ignorar. Lamento apenas que tenha ganhado o PSD/Madeira e Miguel Albuquerque em particular“, respondeu Pedro Nuno Santos aos jornalistas numa reação na sede do PS, em Lisboa, ainda antes de estarem apurados os resultados finais na Madeira.

O líder do PS recusou fazer uma leitura nacional do resultado considerando que a “relação com a política nacional não pode ser feita”.

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Abstenção na Madeira pode ser a mais baixa em década e meia

  • ECO e Lusa
  • 23 Março 2025

As eleições regionais na Madeira moveram mais eleitores do que muitos temiam. Projeção mostra que abstenção vai de 41% a 47%.

Com as urnas encerradas às 19h00, a abstenção nas eleições legislativas regionais da Madeira terá ficado entre 41% e 47%, mostram os dados da projeção do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa para a RTP. A confirmar-se este intervalo, será o valor mais baixo desde que Miguel Albuquerque lidera o PSD, não se excluindo que fique abaixo dos 42,55% do último ano em que o candidato foi Alberto João Jardim.

A estimativa foi calculada com base nos resultados da participação eleitoral às 16:00 indicados pela Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI).

Até às 16:00, a afluência às urnas foi de 42,48%, segundo dados anteriormente divulgados pela SGMAI, o que representa um aumento face ao sufrágio anterior, que decorreu no ano passado: até à mesma hora, a participação era então de 40,52%.

Nas eleições do ano passado, também antecipadas, a abstenção foi de 46,60%. O valor recorde da abstenção desde 1976, ano das primeiras eleições para a Assembleia Legislativa da Madeira, registou-se em 2015, quando não foram votar 50,42% dos 256.755 eleitores inscritos.

Histórico de abstenção nos últimos 25 anos

2000 – 38,09%

2004 – 39,64%

2007 – 39,48%

2011 – 42,55%

2015 – 50,33%

2019 – 44,49%

2023 – 46,66%

2024 – 46,6%

2025 – 41% a 47% *

* Projeção Universidade Católica

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Albuquerque à beira da maioria absoluta na Madeira. PS atrás do JPP

Projeções dão vitória ao PSD, com votação entre 41% e 44%. Projeção da Católica para a RTP mostra ainda o PS à beira de perder segunda posição para o Juntos Pelo Povo (JPP).

O PSD volta a ganhar as eleições legislativas regionais na Madeira, mantendo-se como o único partido a governar a região autónoma desde as eleições iniciais, em 1976, de acordo com as projeções à boca das urnas. Miguel Albuquerque, cujo Governo caiu com uma moção de censura em dezembro, pode atingir a maioria dos mandatos, segundo a projeção da Universidade Católica para a RTP. A abstenção pode ser a menor das candidaturas encabeçadas por Albuquerque, durante a última década e meia, num intervalo projetado entre 41% e 47%.

O Partido Socialista poderá ter ficado atrás do Juntos pelo Povo (JPP). Segundo os números da Católica, no melhor cenário, o partido de Paulo Cafôfo atingirá dez mandatos, enquanto o partido de Elvio Sousa terá, na pior das hipóteses, nove deputados regionais.

Com os dados conhecidos, os cenários em aberto têm uma latitude que vai da maioria absoluta do PSD, a uma maioria de esquerda com uma “geringonça” que inclua JPP, PS, Bloco de Esquerda e PCP. Pelo meio, poderá haver a reedição da AD (solução histórica na região e na República).

Considerando a posição do CDS durante a campanha, não se exclui um Governo dos centristas com o PS e o JPP. Contudo, o CDS pode ser indiferente para qualquer solução governativa, já que está em aberto a possibilidade de não alcançarem qualquer mandato, um desaire histórico para um partido que desde 1976 sempre elegeu na região.

Na expectativa estão ainda o Bloco de Esquerda e o PCP, à beira de voltarem a eleger um deputado, depois de em 2024 terem ficado de fora do Parlamento regional.

À RTP Madeira, Alberto João Jardim admite que “estas projeções estão longe de apresentar resultados de que se possam tirar ilações muito certas”. O “ideal”, defende, seria um bloco central. “Eu não acredito é que esta gente seja capaz do ideal. A classe política que temos é menos patriota e mais partidocrática”, acusa.

O ex-líder aventa três cenários: o de uma maioria, uma maioria à esquerda – “hipótese mais remota”, diz – e ainda o PSD fazer acordos com outros partidos da direita. Neste caso, acentua Alberto João Jardim, estes já colocaram a condição de o chefe de Governo não ser Miguel Albuquerque.

A projeção da RTP delimita os seguintes intervalos de mandatos para um Parlamento regional composto por 47 deputados:
PSD: 21-24
JPP: 9-12
PS: 7-10
Chega: 2-4
CDS: 0-2
IL: 0-2
CDU: 0-1
PAN: 0-1
BE: 0-1

Histórico de Votos e Mandatos

2007

PSD 64,2% / 33

PS 15,42% / 7

PCP 5,44% / 2

2011:

PSD 48,56% / 25

CDS 17,63% / 9

PS 11,5% / 6

2015:

PSD 44,35% / 24

CDS 13,71% / 7

PS/PTP/PAN/MPT 11,43%

2019:

PSD 39,42% / 21

PS 35,76% / 19

CDS 5,76% / 3

2023:

PSD 43,13% / 23

PS 21,% / 11

JPP 11,03% / 5

2024:

PSD 36,13 / 19

PS 21,32% / 11

JPP 16,89% / 9

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APS quer seguro sísmico de habitações obrigatório

A proposta da associação de seguradores já entregue à ASF e a sucessivos governos propõe o acrescento da cobertura sísmica aos seguros de habitação para mutualizar risco e baixar preço.

Para José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), o grande sismo em Lisboa chegará, não se sabe quando nem a escala, mas é inevitável. Falava na abertura da II Conferência Temática APS’25, com discutiu a “NAT-CAT, No caminho para um sistema Integrado de Gestão de Riscos Catastróficos”.

O presidente da APS defendeu a cooperação entre seguradoras e o Estado para assegurar os riscos financeiros implícitos às catástrofes, lembrando que – para além dos sismos – Portugal também está vulnerável às alterações climáticas, enfrentando frequentemente grandes incêndios florestais, bem como temporais e inundações.

Há países que estão melhor preparados que nós para responder a situações catastróficas”, disse Galamba de Oliveira, reforçando que a APS está há mais de dez anos a solicitar e avançar propostas concretas aos diferentes governos e parlamento, lamentando a interrupção do atual executivo quando o processo estava a avançar e confessando: “Lá estaremos de novo com a nossa proposta para o futuro sobre um sistema nacional de proteção de riscos catastróficos”, disse.

Para a conferência, a APS convidou a participar Nicolas Jeanmart, responsável pelos seguros pessoais e gerais da Insurance Europe, a federação europeia de 37 associações nacionais de seguradores, para expor o que tem sido detetado e quais as respostas que as instituições europeias têm dado ao problema.

Jeanmart, expôs a gravidade da situação, salientando que as perdas económicas na Europa têm crescido em média 2,9% desde 2009, referindo que, a nível europeu, apenas 25% desses prejuízos verificados estavam segurados. Também adiantou informação sobre os processos em curso a nível europeu para resposta ao problema.

Chris Yeates, da consultora Guy Carpenter, explicou as melhores práticas mundiais e alertou para a criação de “expectativas erradas” nas populações.

Também convidado foi Chris Yeates, responsável pelo setor público da consultora Guy Carpenter, pertencente ao grupo Marsh. Explicou as melhores práticas mundiais na área da resposta financeira e social às consequências de desastres naturais.

Com a ressalva de que todas as soluções devem ser ajustadas às condições de cada mercado, ao ambiente político e ao gap de proteção de cada tipo de catástrofe natural, Yeates notou que a partilha de risco entre setor público e privado é a melhor solução verificada, em que o primeiro cobre valores suportáveis pelos segurados e o Estado por perdas de grande montante, ou seja, ser o segurador de último recurso.

No entanto, chamou a atenção para um revés neste princípio quando os Estados compensaram todo o tipo de prejuízo durante a pandemia Covid-19, criando “expectativas erradas” às pessoas de que o Estado estará sempre financeiramente presente em todas as ocasiões”. Confessar às mesmas pessoas que não será sempre assim é como “tentar recolocar o génio dentro da garrafa”.

APS propõe sistema de proteção baseado em seguradoras

José Luis Leão, da comissão de Riscos Catastróficos da APS, fez uma concisa e objetiva exposição sobre a proposta de criação de um sistema nacional de proteção de riscos catastróficos em Portugal, um plano que tem sido aperfeiçoado ao longo de mais de dez anos e está perfeitamente consolidado e validado pela indústria seguradora nacional.

José Luis Leão, da APS e também da Ageas, apresentou o plano da associação para os riscos catastróficos.

O projeto da APS prioriza o risco sísmico e o alargamento posterior a todos os riscos catastróficos e considera que o sistema deve estar baseado nos operadores de seguros e resseguros visando facultar uma oferta adequada e acessível a este tipo de riscos.

Esse propósito deve passar pela mutualização de risco através de uma adesão voluntária mas alargada do setor, envolver o apoio e garantia do Estado e acumular e capitalizar recursos económicos em fundos apropriados.

No entanto, para alargamento da abrangência, a lei deverá, segundo José Luís Leão, a “impor contratação da cobertura de risco sísmico em apólices da Incêndio ou de Multirriscos Habitação, incluindo condomínio, que cubram edifícios e frações destinas a habitação. A APS também sugere o alargamento a pequeno comércio e indústria sempre que inseridos em edifícios de habitação.

Destaque ainda para a questão de financiamento. José Luís Leão refere que, se nos primeiros momentos a maior parte das receitas será canalizado para resseguradoras estrangeiras, deverá sempre existir uma parcela própria de poupança e capitalização de forma a fazer crescer um fundo próprio mais volumoso disponível para num futuro existirem capacidades financeiras internas para reagir de imediato a qualquer catástrofe.

Pode ver a conferência aqui .

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Ciclone Alfred expõe lacunas de proteção nas casas australianas

  • ECO Seguros
  • 23 Março 2025

Cerca de 1,36 milhões de propriedades estão expostas ao risco de inundações. Estima-se que 50% não dispõe de medidas preventivas adequadas - aquém dos padrões modernos de planeamento e construção.

As seguradoras já receberam 63.600 pedidos de indemnização após a passagem da tempestade “Alfred” a Austrália, avança a Insurance Council of Australia (ICA).

Foram apresentados mais 10.000 pedidos de indemnização durante o fim de semana. Até agora a maioria dos pedidos diz respeito à deterioração de alimentos, danos causados pelo vento e inundações, indica a ICA.

As seguradoras estão mobilizadas para apoiar os segurados nas áreas afetadas. Os estados mais impactados são Queensland, com 58.774 pedidos de indemnização, e New South Wales, com 4.898.

Ainda é “demasiado cedo para prever o total de perdas seguradas decorrentes deste fenómeno meteorológico”. No entanto, a tipologia de sinistros mais frequentes mostram que “o evento não é tão significativo como se temia inicialmente [destruição severa pelo vento] na maioria das zonas mais afetadas”, afirmou Kylie Macfarlane, deputy CEO da Insurance Council of Australia.

Ainda não é possível prever o impacto da tempestade “Alfred” nos prémios de seguro, mas a crescente frequência e severidade dos desastres naturais nos últimos anos tem impulsionado aumentos. As seguradoras apelam ao governo para investir mais em resiliência e mitigação, protegendo a população em áreas de risco e tornando os seguros mais acessíveis e abrangentes. Esse apelo foi reforçado na proposta de um Fundo de Defesa contra Inundações, apresentada na Plataforma Eleitoral Federal em fevereiro.

Metade das residências não estão preparadas para inundações

Cerca de 1,36 milhões de propriedades – entre residências e empresas – estão expostas ao risco de inundações. No entanto, estima-se que metade não dispõe de medidas preventivas adequadas, ficando aquém dos padrões modernos de planeamento e construção, indica a ICA.

A ICA apelou no início do ano a um Fundo de Defesa contra as cheias com um custo de 30,15 mil milhões de dólares ao longo de 10 anos, partilhado pelo Governo Federal e pelos governos estaduais de Queensland, New South Wales e Victoria.

Um estudo realizado em julho pelo Compare the Market, com a participação de mil australianos, revelou que 20,1% dos entrevistados não possuem seguro de habitação ou de recheio. Além disso, 33,1% indicaram ter uma cobertura parcial, enquanto 42% afirmaram que todo o seu património está segurado.

Uma pesquisa separada conduzida pela Finder apontou que muitos proprietários na Austrália estão a enfrentar aumentos nos prémios. O estudo, realizado em novembro de 2024, constatou que 69% dos segurados tiveram um aumento no prémio ao longo do último ano, impactando aproximadamente 6,4 milhões de casas. Além disso, 9% dos entrevistados não sabiam que os seus contratos tinham mudado, revelando uma possível falta de conhecimento dos consumidores sobre as despesas com apólices.

Cerca de 1,36 milhões de propriedades estão expostas ao risco de inundações. No entanto, estima-se que metade não disponha de medidas preventivas adequadas, ficando aquém dos padrões modernos de planeamento e construção, indica a ICA.

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CA Seguros, Zurich e Ageas oferecem melhor experiência de cliente

  • ECO Seguros
  • 23 Março 2025

Entre o setor e subsetores de seguros, o ramo Não Vida apresenta a maior percentagem de clientes com experiências negativas e a menor de clientes com experiências positivas.

A CA Seguros e Ageas Portugal receberam o prémio de “Melhor Experiência do Cliente Seguros Não Vida”. Já a Zurich foi distinguida com os prémios de “Melhor Experiência do Cliente” dos seguros Não Vida e Vida. Os prémios foram atribuídos no âmbito do projeto BECX (Best European Costumer Experience) ou Melhor Experiencia do cliente, realizado pela NOVA IMS da Universidade Nova de Lisboa e a Associação Portuguesa para a Qualidade, que premeia organizações de vários setores de atividade que “mais se distinguem na oferta de uma experiência de excelência”, refere o projeto.

As seguradoras estudadas neste projeto deste ano foram a Ageas Portugal, BPI Vida, CA Seguros, CA Vida, Fidelidade, Generali Tranquilidade, Ocidental, e Zurich.

Para alcançar estes resultados, o projeto recorreu a amostras representativas das empresas estudadas, “selecionadas probabilisticamente com periodicidade trimestral”, tendo sido entrevistados cerca de 250 clientes de cada marca. Com base nestas entrevistas, analisou qual era o nível de satisfação dos clientes tendo em conta as variáveis qualidade, valor, emoções despertadas, esforço, canais, acidentes experiência e lealdade.

Entre as empresas de seguros, as de ramo Vida foram as que proporcionaram mais experiências positivas aos clientes, com 37,4% a ter experienciado alguma situação com a empresa “que o fez sentir especialmente agradado”. O setor segurador aparece com 32,6% de clientes com experiências positivas e, em último, as empresas de seguros do ramo Não Vida com 31,3%.

Quanto aos clientes com experiências negativas com a empresa, também entre os seguros, o subsetor de seguros Não Vida é aquele que mais clientes tiveram uma situação “que o fez sentir especialmente desagradado” – 13% -, seguindo o setor segurador como um todo (12,6%) e, por fim, os seguros Vida (com 12,6%).

Não obstante, o ramo Vida foi aquele que recebeu mais reclamações dos clientes, 8,7%, seguindo-lhe o setor segurador (7,5%) e, por último, o subsetor de seguros do ramo Não Vida (7,7%).

Dos onze setores e subsetores analisados no estudo BECX, o setor segurador fica em segundo lugar no “Ranking da Experiência do Cliente” com 7.8 pontos.

O setor dos seguros ocupa o segundo lugar quando aplicada WOMI com 40.5 pontos. Esta métrica avalia tanto a probabilidade de um cliente recomendar uma marca quanto a probabilidade de desencorajá-la.

Também está na mesma posição no que diz respeito à métrica usada para medir a lealdade e satisfação dos clientes em relação a uma empresa, produto ou serviço, o Net Promoter Score (NPS), com 22,7 pontos. A escala do NPS varia entre -100 e 100.

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Sustentabilidade nos cemitérios sem normas e sem controlo

  • Lusa
  • 23 Março 2025

Quase 80 mil urnas são colocadas na terra todos os anos sem que haja qualquer controlo oficial sobre os materiais usados, indicam profissionais do setor. Há contaminação de terras e águas.

Quase 80 mil urnas são colocadas na terra todos os anos sem que haja qualquer controlo oficial sobre os materiais usados, indicam profissionais do setor, que alertam para a contaminação de terras e águas.

No ano passado morreram em Portugal, segundo o INE, 118.975 pessoas, um número idêntico ao 2023. Se das quase 119 mil urnas se subtraírem 29 mil que vão para cremação (25%) e outras 12 mil que são depositadas em jazigos sobram quase 80 mil urnas que vão para a terra.

Em Portugal apenas estão sujeitas a regras as urnas que vão para cremação. As que chegam à terra podem conter tudo, de colas a vernizes, ferragens ou tecidos sintéticos.

Nas contas de responsáveis do setor ouvidos pela Lusa, se cada urna ocupa em média 1,5 metros quadrados, em cada ano são ocupados 115 mil metros quadrados de solos com urnas sem controlo de emissões poluentes. Praticamente 10 mil metros quadrados por mês.

A falta de controlo oficial não quer no entanto dizer que não haja da parte dos operadores essa preocupação. Paulo Carreira, presidente em exercício da Associação Portuguesa dos Profissionais do Setor Funerário (APPSF) e diretor-geral da Servilusa, atualmente a maior empresa de serviços funerários em Portugal, diz que há 10 anos que só usam urnas “verdes”, feitas em Portugal.

Em entrevista à agência Lusa Paulo Carreira alerta para a poluição dos solos, mas também para outro problema. É que quando se usam materiais que têm lá dentro “lençóis sintéticos, poliéster, plásticos, madeira que não é madeira mas sim aglomerados de madeira cheios de cola e contraplacados, vernizes e tintas, e ainda mais num cemitério com pouca oxigenação, e pouca humidade o corpo fica para ali sem haver a decomposição”. Em três anos é difícil que haja, diz.

A fábrica de urnas funerárias que lidera o segmento ecológico chama-se Joriscastro e fica em Amarante. Tem uma quota de 20% do mercado, faz 1.500 a 1.600 urnas por mês, 18 mil em 2024. Foi criada há 47 anos e é a maior fábrica da península ibérica.

A lei de 1962 diz que a urna tem de ser feita com madeira biodegradável, não pode levar produtos tóxicos e os interiores tem de ser biodegradáveis. Ninguém cumpre a lei”, atira, lamentando: “Enterram-se milhares de toneladas de produtos tóxicos como vernizes e poliésteres.

Joaquim Castro

Joaquim Castro, fundador e administrador, afirma em entrevista à Lusa que começou no mercado das urnas ecológicas em 1999 e cinco anos depois já tinha expandido o negócio das urnas de madeira que se deterioram mais facilmente e que não usam produtos poluentes como resinas ou químicos. “A maior parte das fábricas não são ecológicas, quando muito 30% são. Governo e autarquias não querem saber“, observa. E acrescenta depois: “Já pedimos aos ministérios do Ambiente e da Saúde que fossem mais rigorosos. Há mais de 4.000 cemitérios, com produtos tóxicos que vão contaminando as águas, provocando doenças. Ainda há muitas casas sem águas tratadas“.

Joaquim Castro diz que até há uma lei, de 1962, de quando da transição do caixão de madeira forrado a pano para a urna mais industrial, com verniz, mas “que ninguém aplica”. “A lei de 1962 diz que a urna tem de ser feita com madeira biodegradável, não pode levar produtos tóxicos e os interiores tem de ser biodegradáveis. Ninguém cumpre a lei”, atira, lamentando: “Enterram-se milhares de toneladas de produtos tóxicos como vernizes e poliésteres”. Mas se é deixada uma lata de verniz esquecida fora da sua fábrica “é uma multa enorme“.

Joaquim Castro garante que uma urna ecológica não é mais cara e o corpo decompõe-se mais facilmente. “A Servilusa não perdeu um único cliente nem tem um único cliente insatisfeito por a urna ser ‘verde’. Porque a urna é igual”, diz Paulo Carreira na entrevista, enfatizando o papel do agente funerário nesta matéria da sustentabilidade ambiental.

Na empresa que dirige garante haver essa preocupação, explica que até as coroas de flores têm um ciclo de vida que não termina no cemitério, são pequenos vasos que a família distribui depois, que as pegas ou são de madeira ou de metal que se retira antes do enterro.

Tenho poucas dúvidas de que há contaminação dos solos num cemitério cheio de urnas com vernizes sintéticos e tintas. Porque não é a matéria orgânica que contamina“, diz o responsável, acrescentando outro fator que pode ser contaminante, a roupa que veste o morto. “Temos essa preocupação, com o vestuário”.

A Servilusa faz cerca de 6.500 funerais por ano, todos sustentáveis. E os outros? Paulo Carreira responde: Não há dados, mas se disser que 10% tem preocupações ambientais é muito.

Carlos Almeida, presidente da Associação Nacional de Empresas Lutuosas, ANEL, também admite que a percentagem de urnas sustentáveis que vão para a terra ande à volta dos 10%.

Em entrevista à agência Lusa Carlos Almeida afirma que cada vez mais há a preocupação com urnas e vernizes ecológicos, faltando ainda a mesma sensibilidade em relação às roupas. “O nosso contributo foi criar uma marca certificada, CNUF, que é a possibilidade de certificação de uma urna sustentável, amiga do ambiente“, diz. Mas perante a pergunta de qual a percentagem de urnas certificadas responde: “Se calhar uns 10%. Simpaticamente uns 10%”.

A ANEL, que faz o reaproveitamento de pacemakers de cadáveres para uso em animais, afirma que há progressos lentos na sustentabilidade e que a associação está a minimizar os prejuízos ambientais. Mas admite que o setor precisa de mudanças. “Os autarcas não fazem nada para mudar nada, porque se não nunca mais são eleitos”, lamenta.

Sobre a questão da sustentabilidade no setor, a Lusa procurou saber também a opinião da Associação dos Agentes Funerários de Portugal mas tal não foi possível até ao momento.

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Zelensky pede mais pressão sobre a Rússia

  • Lusa
  • 23 Março 2025

O Presidente ucraniano apelou aos aliados da Ucrânia para pressionarem Moscovo a pôr fim à guerra, depois de novos ataques russos que causaram pelo menos três mortos e 10 feridos em Kiev.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apelou hoje aos aliados da Ucrânia para pressionarem Moscovo a pôr fim à guerra, depois de novos ataques russos que causaram pelo menos três mortos e 10 feridos em Kiev. “São necessárias novas decisões e novas pressões sobre Moscovo para pôr fim a estes ataques e a esta guerra“, afirmou Zelensky nas redes sociais, antes das conversações na Arábia Saudita, na segunda-feira.

Inicialmente previstas para terem lugar simultaneamente na segunda-feira entre ucranianos e americanos, por um lado, e russos e americanos, por outro, estas discussões poderão ter lugar uma após a outra. Zelensky mencionou no sábado, sem dar pormenores, uma reunião já hoje entre as delegações de Kiev e de Washington.

Paralelamente às conversações diplomáticas destinadas a pôr termo à guerra, desencadeada pela invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, o exército de Moscovo continua a bombardear cidades e aldeias ucranianas. A capital Kiev foi alvo durante a noite de um ataque em grande escala de ‘drones’, segundo as autoridades locais.

Na sequência do ataque, Zelensky pediu novamente “mais sistemas de defesa aérea e um verdadeiro apoio” por parte do Ocidente. Três pessoas morreram, incluindo um pai e a filha, e 10 ficaram feridas, entre as quais um bebé com menos de um ano, segundo a administração militar de Kiev.

Vários bairros de Kiev foram alvo de ataques, que atingiram sobretudo blocos de apartamentos e provocaram grandes incêndios, de acordo com imagens publicadas nas redes sociais.

A administração da região de Kiev informou que duas pessoas ficaram feridas em Bucha, perto da capital. Duas outras pessoas ficaram igualmente feridas em Kherson, no sul, segundo o chefe local, Roman Mrotchko.

O terror sistemático e deliberado da Rússia contra civis contradiz as suas próprias declarações sobre a paz e mina os esforços de paz dos Estados Unidos e de outros parceiros“, denunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andrii Sybiga.

Em resposta aos bombardeamentos russos, a Ucrânia está a tentar perturbar a logística das forças de Moscovo, atacando alvos militares ou energéticos diretamente em solo russo. O Ministério da Defesa russo afirmou ter repelido 59 ‘drones’ ucranianos durante a noite.

Na região sul de Rostov, um homem morreu num ataque de ‘drones’ ao carro que conduzia, de acordo com o governador regional russo, Yuri Sliusar.

No terreno, onde está a fazer progressos contra um exército ucraniano em dificuldades, o exército russo disse no domingo que tinha retomado a cidade de Sribne, no leste da Ucrânia.

As informações sobre o curso da guerra divulgadas pelas duas partes não podem ser confirmadas de imediato de forma independente.

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