Depressão Martinho: Atrium Saldanha ainda sem data de reabertura

A Atrium Bire informou esta sexta-feira que o edifício está “temporariamente encerrado” até estarem reunidas as condições de segurança, o que espera que ocorra “o mais brevemente possível".

Os donos do Atrium Saldanha, que ficou danificado devido à depressão Martinho, estão a recuperar os estragos deste espaço comercial e de escritórios no centro de Lisboa, mas continuam em data para reabrir o edifício.

A Atrium Bire, que gere o imóvel, esclareceu o mercado que o edifício está “temporariamente encerrado” até estarem reunidas todas as condições de segurança, o que espera que ocorra “o mais brevemente possível”, após as diligências levadas a cabo pela empresa.

“Os ventos fortes que se fizeram sentir na madrugada do passado dia 20 de março causaram danos na cobertura do edifício. Na sequência da verificação dos referidos danos, os mesmos encontram-se a ser avaliados e os trabalhos de limpeza e reparação encontram-se a ser diligenciados”, lê-se no comunicado enviado esta tarde à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A participada da sociedade de investimento imobiliário – Atrium Saldanha – Sic Imobiliária Fechada S.A. – garante que a prioridade é a proteção e segurança dos clientes, trabalhadores, arrendatários e lojistas do edifício, bem como do público em geral.

“O encerramento temporário do Edifício Atrium Saldanha, que resultou de um fenómeno climático de gravidade excecional, revela-se, assim, indispensável para assegurar a plena operacionalidade do edifício e o restabelecimento de todos os requisitos de segurança e qualidade, essenciais para o seu funcionamento”, conclui a empresa, que admite “consequências” na sua atividade normal, sem quantificar as despesas resultantes do mau tempo.

A depressão Martinho gerou mais de oito mil ocorrências em Portugal continental, entre a meia-noite de quarta-feira e as 22h00 de quinta-feira, sendo que região mais afetada foi a de Lisboa e Vale do Tejo. Segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), a tipologia de ocorrências com maior incidência foi a queda de árvores, seguindo-se a queda de estruturas e depois limpezas de via

Na capital portuguesa, o Atrium Saldanha foi um dos edifícios que tiveram estragos significativos, assim como a sede da sociedade de advogados PLMJ e da consultora KPMG.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Banco de Fomento contacta 120 mil empresas para dar garantias

Banco de Fomento contactou 120 mil empresas para dar "pré-rating, pré-scoring e montantes de garantias para tornar o seu financiamento mais competitivo".

O Banco de Fomento (BF) está a trabalhar na aprovação simultânea de garantias para às empresas no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência e do Portugal 2030 e contactou 120 mil empresas numa semana para o fazer. A informação foi avançada esta sexta-feira pelo ministro da Economia, Pedro Reis, durante uma intervenção sobre os desafios da economia portuguesa.

“Esta semana, o Banco de Fomento contactou 120 mil empresas a dar pré-rating, pré-scoring e montantes de garantias para tornar o seu financiamento mais competitivo. Se fosse tudo usado o que foi anunciado seriam cerca de 24 mil milhões de euros de crédito que poderiam ativar com as garantias do Banco de Fomento“, revelou no almoço-debate do International Club of Portugal, em Lisboa, no qual foi o orador convidado.

Esta foi uma das novidades que o Banco de Fomento anunciou na apresentação do seu plano de ação. O CEO da instituição anunciou o objetivo de, no primeiro trimestre deste ano disponibilizar 3,55 mil milhões de euros em garantias pré-aprovadas. “Com esta pré-aprovação, as empresas podem falar com os bancos comerciais e descontar esse crédito para investimento”, explicou, na altura, Gonçalo Regalado. “Criámos modelos à semelhança do que acontece na banca comercial para saber qual o limite de crédito que estão disponíveis a conceder a cada empresa. Fizemos o mesmo exercício, mas para o limite de garantia”, acrescentou.

O objetivo inicial era atribuir garantias pré-aprovadas a 50 mil empresas em março, outras tantas em abril e em maio.

“Com esta pré-aprovação, as empresas podem falar com os bancos comerciais e descontar esse crédito para investimento”, explicou Gonçalo Regalado. “Criámos modelos à semelhança do que acontece na banca comercial para saber qual o limite de crédito que estão disponíveis a conceder a cada empresa. Fizemos o mesmo exercício, mas para o limite de garantia”, explicou.

No Banco de Fomento, Pedro Reis considera que foi o escolhido “o caminho mais difícil”. “O mais fácil era assobiar para o lado, não tomar decisões até mesmo em termos de spill over político”, admitiu o ministro da Economia com Gonçalo Regalado sentado na plateia de empresários. “Era importante para a economia portuguesa ter um Banco de Fomento musculado e operacional”, disse o responsável, justificando assim a necessidade de “uma nova equipa com uma carta de missão muito clara”.

O ministro reconheceu que se concentrou, “numa primeira fase”, na renovação das instituições sob a sua tutela – IAPMEI, Compete, Aicep, Banco de Fomento – “sem pruridos, sem medos, sem partidarizações, mas sem abdicar de escolher os seus dirigentes”, como os empresários fazem nas suas empresas. “É escolher os melhores alinhados com o projeto”, disse. Pedro Reis respondia assim às acusações de que lhe têm sido feitas de substituir a cúpula de todos os organismos. O anterior presidente da Aicep, Filipe Santos Costa disse mesmo, em entrevista ao Expresso, que pela primeira vez, houve “uma politização do mandato”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Vórtex. Primeiras testemunhas de acusação ouvidas na próxima semana

  • Lusa
  • 21 Março 2025

O juiz presidente informou que na próxima quinta-feira deverão ser ouvidos três inspetores da Polícia Judiciária, seguindo-se na sexta-feira um perito em arquitetura.

O coletivo de juízes do caso Vórtex, que tem como arguidos dois ex-presidentes da Câmara de Espinho, agendou para a próxima semana a audição das primeiras testemunhas de acusação, após a conclusão dos depoimentos dos arguidos.

Na sessão desta sexta-feira, o juiz presidente informou que na próxima quinta-feira deverão ser ouvidos três inspetores da Polícia Judiciária, seguindo-se na sexta-feira um perito em arquitetura. O julgamento, que está a decorrer no Tribunal de Espinho, prosseguiu com a continuação das declarações do arguido Pedro Castro e Silva, ex-diretor da Câmara daquela autarquia do distrito de Aveiro.

Perante o coletivo de juízes, o arguido disse que este processo tem mexido muito consigo e usou a letra de uma música do cantor brasileiro Cazuza para sustentar que sempre procurou pautar a sua conduta pelo cumprimento escrupuloso da lei.

“Tenho ouvido muita música nestes tempos e há uma música de um compositor extraordinário que é o famoso Cazuza, em que ele fala que o tempo não para e fala nas verdades que não correspondem aos factos e para mim isso representa muito, porque de facto eu sempre pautei toda a minha atuação por critérios de rigor e de consciência com o que eu estava a fazer”, afirmou.

O arguido insistiu ainda que nunca sentiu qualquer tentativa de influência sobre si para favorecer os interesses das construções Pessegueiro. “Aceito que digam que fui ingénuo. Há uma coisa que não fui. Não fui influenciado por ninguém. Eu não sou influenciável e eu penso pela minha própria cabeça”, vincou.

Ainda na mesma sessão, o coletivo de juízes começou a ouvir o arguido Álvaro Duarte, ex-chefe da divisão de Obras Municipais da Câmara de Espinho.

A sessão foi interrompida cerca das 17:00 e será retomada na quinta-feira com a conclusão do depoimento de Álvaro Duarte, o último dos oito arguidos que aceitaram prestar declarações nesta fase do julgamento, entre eles o empresário Francisco Pessegueiro e os ex-presidentes da câmara Pinto Moreira e Miguel Reis.

O processo Vórtex está relacionado com “projetos imobiliários e respetivo licenciamento, respeitantes a edifícios multifamiliares e unidades hoteleiras, envolvendo interesses urbanísticos de dezenas de milhões de euros, tramitados em benefício de determinados operadores económicos”.

A operação culminou em 10 de janeiro de 2023 com a detenção do então presidente da Câmara de Espinho, Miguel Reis (PS), o chefe da Divisão de Urbanismo e Ambiente daquela autarquia, um arquiteto e dois empresários por suspeitas de corrupção ativa e passiva, prevaricação, abuso de poderes e tráfico de influências.

Em 10 de julho do mesmo ano, o MP deduziu acusação contra oito arguidos e cinco empresas, incluindo dois ex-presidentes da Câmara de Espinho, Miguel Reis e Pinto Moreira, que também viria a ser constituído arguido no âmbito deste processo, após ter sido ouvido no Departamento de Investigação e Ação Penal Regional do Porto.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Bruxelas admite que expressão “ReArmar a Europa” pode ferir sensibilidades. Vai deixar cair termo

Comissão Europeia admite deixar de utilizar o termo "ReArmar a Europa" para se referir ao plano de investimento em defesa, após críticas de Itália e Espanha.

Bruxelas vai deixar cair gradualmente o termo “ReArmar a Europa” (Rearm Europe) para se referir ao pacote proposto para investimento em defesa, após críticas de países como Espanha e Itália, e irá adotar uma nomenclatura mais abrangente: “Readiness 2030” (Prontidão 2030).

A posição já tinha sido sinalizada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em conferência de imprensa na quinta-feira após a reunião do Conselho Europeu, mas esta sexta-feira foi confirmado.

Somos sensíveis ao facto de que o nome, como está, pode levantar algumas sensibilidades em alguns Estados-membros, o que é algo que, é claro, ouvimos“, esclareceu Paula Pinho, porta-voz do executivo comunitário, quando questionada pelos jornalistas sobre o tema.

Em causa está nomeadamente o desacordo dos líderes italianos e espanhóis, que se mostraram desconfortáveis com o termo “ReArmar a Europa”, por considerarem pesado, e alertaram que pode levar à alienação dos cidadãos.

Se isto tornar mais difícil transmitir a mensagem a todos os cidadãos da UE sobre a necessidade de tomar estas medidas, então estamos prontos não só a ouvir, mas também a refletir isso na forma como comunicamos o assunto“, acrescentou a porta-voz do executivo comunitário. Assim, irá optar por usar a denominação do Livro Branco de Defesa – “Readiness 2030”.

Os Estados-membros, exceto a Hungria, renovaram na quinta-feira o apoio à Ucrânia e mantiveram a pressão sobre a Rússia, mas as conclusões deixam de fora qualquer referência aos 40 mil milhões de euros de ajuda adicional propostos pela Alta Representante da União Europeia para a Política Externa, Kaja Kallas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo pagou primeira tranche para incentivos ao uso dos transportes públicos

  • Lusa
  • 21 Março 2025

Para 2025, o Governo fixou a verba total de 439 milhões para promover o transporte público coletivo, mais quase 30 milhões em relação ao ano anterior. A primeira tranche foi de 109 milhões.

O Governo anunciou esta sexta-feira que transferiu para as autoridades de transporte 109,8 milhões de euros, a primeira parcela da verba de 439 milhões que em 2025 foi atribuída ao apoio do uso de transportes públicos coletivos pelos cidadãos.

A transferência, através do Fundo Ambiental, foi feita esta semana para as áreas metropolitanas e comunidades intermunicipais do continente, que são as autoridades locais de transporte, no âmbito dos pagamentos do programa Incentiva+TP, criado para permitir que os preços dos transportes, nomeadamente dos passes sociais, sejam mais baratos para os utentes.

Além destas medidas para promover o uso dos transportes públicos coletivos, a verba também apoia as áreas metropolitanas a melhorarem a oferta de transportes. Para 2025, os ministérios das Infraestruturas e Habitação, do Ambiente e Energia e das Finanças fixaram a verba total de 439 milhões para promover o transporte público coletivo, mais quase 30 milhões em relação ao ano anterior, quando foi de 410 milhões.

O Programa Incentiva+TP resultou da fusão do Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos (PART), do Programa de Apoio à Densificação e Reforço da Oferta de Transporte Público (PROTransp) e das verbas extraordinárias anteriormente alocadas ao financiamento dos transportes (extra-PART).

Este programa destina-se a financiar medidas de promoção do transporte público coletivo, que têm permitido a redução dos preços dos passes urbanos nos transportes públicos dos últimos anos, através do financiamento das competências das autoridades de transportes e dos operadores de transportes públicos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Dos apoios à prevenção de incêndios, conheça o novo plano de 6,4 mil milhões para a floresta

O Governo acaba de lançar um plano que projeta investimentos de 6,4 mil milhões de euros na floresta até 2050.

O Plano de Intervenção para a Floresta até 2050 prevê um investimento de cerca de 6,4 mil milhões de euros, a começar desde já. Dos incentivos e apoios até à prevenção de incêndios, conheça as medidas do plano apresentado esta sexta-feira, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Cerca de 36% do nosso território é floresta. Floresta e mato são 69% do território. Um país que não cuida disso, não está a tratar de si próprio“, introduziu o primeiro-ministro, Luís Montenegro, na cerimónia de apresentação. “Temos de tirar partido da rentabilidade deste recurso, não prejudicando o valor ambiental, mas conjugando com o valor económico”, defendeu, destacando o valor “enorme” e “imensurável” de conter incêndios.

O documento prevê um investimento médio anual na floresta de 246 milhões de euros até 2050, sendo os primeiros anos, até 2030, os mais intensivos: no final desta década, o investimento deve ascender a 400 milhões de euros. Em 2025 espera-se que este supere ligeiramente a fasquia dos 250 milhões de euros. O financiamento será obtido maioritariamente através do Fundo Ambiental e fundos comunitários, como o Plano de Recuperação e Resiliência.

No orçamento, as grandes fatias vão para a implementação de apoios e incentivos à gestão florestal e para estimular o aumento da produtividade e da rentabilidade da floresta, que capta 1,68 mil milhões de euros. Praticamente em linha está o aumento da resiliência aos incêndios, que recebe 1,69 mil milhões de euros.

Em terceiro lugar aparece a valorização dos serviços de ecossistema – ou seja, de funções da floresta como a proteção dos solos, captura de carbono e conservação de recursos hídricos e biodiversidade –, com 1.269 milhões de euros, e em quarto a recuperação de áreas ardidas ou degradadas, com mil milhões de euros. O horizonte para estes investimentos é 2050.

O objetivo inscrito no plano é o de obter um valor acrescentado bruto adicional para a economia da floresta portuguesa na ordem dos 1,4 mil milhões de euros anuais. As indústrias aqui contempladas incluem a cortiça, madeira, mobiliário, pasta, papel e cartão, resina e silvicultura.

A estimativa é feita de acordo com um estudo da Boston Consulting Group de 2023, intitulado “Perspetivas para a valorização da floresta portuguesa”. Em paralelo, está previsto plantar cinco milhões de árvores anualmente, restaurar 20% da floresta nacional, intervir numa média de 420 mil hectares (ha) por ano e ter menos de 60.000 ha de área ardida por ano.

Dos incentivos fiscais ao mercado de carbono

O plano contém um total de 19 medidas, que se dividem em mais de 150 ações, e que se dividem em diferentes horizontes temporais: o curto prazo (este ano), o médio prazo (nos próximos dois anos) e longo prazo, após 2028.

Numa ótica de valorização da floresta, vão ser implementados “apoios e incentivos” à gestão florestal, assim como estímulos ao aumento da produtividade e da rentabilidade da floresta. Entre as ações através das quais se pretende executar este desígnio, está o desenvolvimento de “um modelo fiscal que incentive a gestão ativa da floresta”, cujo objetivo é ser concluído pela secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais até 2027.

Pretende-se ainda a promoção da utilização de madeira e de outros produtos de base florestal no setor da construção, a cargo do Ministério das Infraestruturas, assim como noutros setores económicos, que serão definidos no âmbito de uma estratégia, levada a cabo pelo ICNF — Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, no mesmo horizonte.

Ao mesmo tempo, será potenciada a constituição de organizações comerciais de produtores e produtos florestais, por esta última entidade, que fica ainda encarregue de aumentar a produção nacional de plantas “mais produtivas” e “mais resistentes”.

“A reduzida motivação do proprietário florestal para o exercício da gestão florestal ativa é hoje facilmente constatável, em grande parte do território nacional”, lê-se na apresentação, que avança nove ações para otimizar os instrumentos de planeamento e gestão florestal, assim como o respetivo financiamento, todas de curto prazo e nas mãos do ICNF.

Neste campo, prevê-se a publicitação, no site do ICNF, dos calendários de abertura das medidas de apoio ao investimento assim como a sistematização de toda a legislação do setor, entre outras medidas de cariz administrativo. Por fim, pretende-se rever o mecanismo de compensação de substituição de áreas de eucalipto.

No que diz respeito à formação de profissionais e capacitação de empresas, das 10 ações, nas quais se incluem sobretudo medidas de sensibilização, destacam-se o reforço dos programas de inovação para a floresta, a criação de equipas que apoiem a candidatura a fundos do Horizonte Europa 2020 e a criação de apoios às empresas para renovarem os seus equipamentos dedicados a atividades de exploração e gestão florestal. Estas três ações terão as secretarias de Estado das Finanças e da Economia como proponentes, e têm prazo de conclusão até 2027.

O desenvolvimento do Mercado Voluntário de Carbono faz parte do plano, assim como a sua divulgação, o que se conjuga com o objetivo é plantar cinco milhões de árvores por ano até 2030. Estes objetivos estão sob a égide do ministério do Ambiente e devem ser concluídos no médio prazo.

No âmbito da valorização de produtos não lenhosos, preveem-se sete ações, entre as quais a criação de um sistema de rastreabilidade da comercialização da cortiça e “estruturar” a fileira da resina para que este se torne “um produto estratégico da bioeconomia florestal”. Ambas no médio prazo e nas mãos do ICNF.

Atuar no terreno para prevenir incêndios

Na prevenção de incêndios, o Governo quer reforçar os meios que investigam o crime de incêndio, alterar e rever a legislação que permita ao Estado uma intervenção mais célere na realização de ações de gestão de combustíveis em propriedade privada, mapear áreas florestais prioritárias para intervenções de prevenção, usar mais o fogo controlado e criar 42 mil hectares (ha) de faixas de gestão de combustível até 2026, promovendo outros 66 mil ha até 2032.

Quer ainda criar mil novos Condomínios de Aldeia, projetos que se debruçam sobre a área de mato e floresta que envolve as aldeias, no médio prazo.

Há outras vertentes nas qual o Governo quer legislar no sentido de permitir ou agilizar a intervenção em terrenos privados: para o controlo de espécies invasoras e para a remoção de material ardido há mais seis meses e/ou com sinais de deterioração.

De forma a melhorar o Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), no curto prazo, vai ser analisado se faz sentido rever o decreto lei que o constitui e vão ser definidos “projetos-chave vinculativos”, com a identificação das suas fontes de financiamento.

Os sapadores florestais terão acesso a candidaturas plurianuais, “de forma a simplificar e desburocratizar processos e trazer previsibilidade aos intervenientes”, e quer-se renovar o equipamento e aumentar o número de equipas. O programa de sapadores vai ser reavaliado para o “robustecer”.

As alterações a introduzir devem perspetivar, o aumento da atratividade da profissão, mas também o acréscimo da eficácia e eficiência das equipas de sapadores”, lê-se na apresentação.

A recuperação de áreas ardidas terá como principal ator o ICNF, o qual executará três ações de curto prazo. Estas passam pela implementação de planos de recuperação para infraestruturas danificadas nas áreas ardidas e a pela elaboração de um modelo que disponibilize recursos para a atuação pós-incêndio.

Propriedade com novas regras

A fragmentação da propriedade rústica constitui um importante constrangimento para a gestão ativa dos territórios“, refere o documento.

Para responder a este contexto, o Governo quer alterar as exigências legais para a aquisição da propriedade de prédios rústicos, criar a figura de administrador profissional de herança e criar um procedimento especial de renúncia abdicativa ao direito de propriedade.

Vai ser instituída a obrigatoriedade da resolução de partilhas, em prazo a definir, e simplificado o processo judicial de divisão da coisa comum e, finalmente, agilizar a aquisição originária de prédios sem dono conhecido.

Sobreiros e azinheiras mais protegidos

No curto prazo, o Governo quer “atualizar e tornar mais eficiente” o processo administrativo associado ao regime de proteção do sobreiro e da azinheira, assim como aumentar “significativamente” o coeficiente de multiplicação para a compensação, alterando a lei nesse sentido, de forma a “possibilitar que as entidades interessadas criem antecipadamente projetos de compensação”.

Um esforço acompanhado da criação de legislação que proteja a floresta autóctone, “preferencialmente através da identificação e demarcação de áreas com estatuto especial de proteção”.

A médio prazo, a ideia é criar mecanismos financeiros de apoio à gestão e manutenção da floresta autóctone e mexer na lei para “proteger e valorizar” o património arbóreo classificado como de interesse público.

Mais dados, recursos humanos e nova estratégia

No pilar da Governança, vai ser avaliado o modelo de cogestão de baldios, reativada a Comissão Interministerial para os assuntos da floresta, reforçada a equipa do ICNF para que anualmente atualize e disponibilize dados relevantes do setor e revista a Estratégia Nacional para as Florestas. Vai ser ainda proposto um novo modelo organizacional para o ICNF.

Quase tudo no curto prazo, exceto a revisão da estratégia. Também será analisada a eficácia e a eficiência da resposta dada pelos atuais instrumentos de gestão conjunta, que contrariam o elevado fracionamento.

“Considera-se essencial a concretização de Contratos Programa com as OPF [Organizações de Produtores Florestais], potenciando a capacitação dos proprietários e a implementação de políticas que favoreçam uma floresta mais resiliente, produtiva e sustentável”, lê-se no relatório, que aponta quatro ações nesse sentido, desde a elaboração de relatórios ao estabelecimento destes contratos, no médio prazo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“Se perdermos o jornalismo, perdemos a democracia”, alerta Pedro Duarte

Pedro Duarte, ministro com a pasta da comunicação social, defende que a desinformação "só traz mais relevância ao papel do jornalismo". As declarações foram no encontro organizado pelo ECO.

Num contexto em que a informação circula a uma velocidade estonteante e a desinformação está a ganhar cada vez mais terreno, o ministro dos assuntos Parlamentares assegura que “se perdermos o jornalismo, perdermos a democracia”.

Não conseguimos ter uma democracia sem termos uma comunicação social livre e pluralista. Isso não existe”, garante o governante ao recordar que quando assumiu a pasta da comunicação social há um ano, algo que o intrigou foi “a apatia generalizada sobre uma uma crise profunda que estava a afetar um dos pilares fundamentais da nossa democracia”, disse Pedro Duarte na conferência “O Futuro da Comunicação Social”, organizada pelo ECO, que decorreu esta sexta-feira na Câmara Municipal do Porto.

Não conseguimos ter uma democracia sem termos uma comunicação social livre e pluralista. Isso não existe.

Pedro Duarte

Ministro dos Assuntos Parlamentares

Para o governante, a desinformação — que tem a capacidade de “afogar a sociedade”, que impede “de distinguir o que é verdade e o que não é verdade”, que “manipula” e “condiciona”– “só traz mais relevância ao papel do jornalismo”.

“Vivemos um tempo que é muito desafiante, aquilo que um autor de Hong Kong chamou da era da hipnocracia, porque hoje somos absorvidos por uma torrencial corrente de factos, pseudo factos, mentiras, ilusões, que ao mesmo tempo vão sendo geradas por setores e não conhecemos muitas vezes a sua proveniência, nos manipula do ponto de vista coletivo”, afirma Pedro Duarte.

Desde a grande geopolítica global até à pequena politica local, nós podemos ser condicionados, hoje em dia com relativa facilidade, sem darmos conta que estamos a ser manipulados“, afirma Pedro Duarte.

Pedro Duarte, Ministro dos Assuntos ParlamentaresRicardo Castelo / ECO

O ministro dos assuntos Parlamentares alerta ainda que a “soberania do algoritmo é perigosa para o futuro da humanidade” e que é premente “prevenir os perigos”, caso contrário “não será possível aproveitar o potencial positivo” desta revolução tecnológica.

Referindo que o “jornalismo é uma profissão que está a atravessar desafios muito complexos”, Pedro Duarte apela para que “todos acreditem no jornalismo sério, feito com rigor, com investigação e que foge à superficialidade e à tentação do que é mais simpático de ser vendido, sem perder a essência”.

Para ajudar o setor dos media a “ultrapassar esta tempestade”, o Governo tinha proposto em outubro um plano de 30 medidas de apoio aos media. Já este mês foram aprovadas quatro medidas, entre as quais o Plano Nacional de Literacia Mediática e a oferta de assinaturas digitais de títulos generalistas e económicos para jovens.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“Querer não é poder” e brincar às lojas. As dicas do guião de literacia financeira para crianças

O Governo, supervisores e associações do setor financeiro lançaram um guião para os jardins de infância com dicas e ideias de projetos a implementar nas salas da pré-escolar.

Ensinar as crianças da pré-escolar o significado de um banco, as funções das notas e moedas e que existem meios de pagamento eletrónicos pode ser um desafio complexo para pais e encarregados de educação, mas também para os próprios educadores das escolas.

A pensar nisso, o Governo, supervisores e associações do setor financeiro lançaram um guião para os jardins de infância com dicas e ideias de projetos a implementar nas salas.

O roteiro tem quatro áreas-chave: planeamento e gestão do orçamento (necessidades e desejos; despesas e rendimentos), produtos financeiros básicos (meios de pagamento), poupança (objetivos de poupança) e ética (ética e cidadania).

Como tal, apresenta casos práticos de iniciativas que se mostraram bem-sucedidas nalgumas escolas, entre as quais idas ao teatro ou construir dinheiro em barro.

Como ensinar finanças pessoais a crianças dos 3 anos até ao ensino básico?

  • Levar as crianças a perceberem que nem tudo o que se deseja se pode adquirir;
  • Proporcionar oportunidades para que as crianças ajam e reflitam de modo a compreenderem que é necessário planear o que é mesmo essencial e o que não é prioritário, priorizando escolhas;
  • Criar moedas e notas de euro para, em situações de jogo dramático, simular situações de compra e venda e apoiar a contagem e as trocas de moeda em situações lúdicas;
  • Em casos reais, como num supermercado, chamar a atenção para os preços afixados, comparação de custos, troco a receber, etc;
  • Criar oportunidades para que compreendam o que é um banco e quais as suas funções;
  • Atirar moedas ao chão para ver se se partem;
  • Ir às bibliotecas e ao Museu do Dinheiro;
  • Brincar às lojas e fazer um “Multibanco”;
  • Ensinar que é possível pagar por meios eletrónicos, mas esse “dinheiro digital” não é infinito e vem de uma conta bancária;
  • Explicar que não se pode gastar mais do que se tem e consegue-se ajudar os outros com o nosso dinheiro.

O Guião para a Educação Financeira na Educação Pré-escolar é o mais recente recurso do Plano Nacional de Formação Financeira e destina-se a apoiar os educadores de infância na abordagem aos temas da literacia financeira junto de crianças do ensino pré-escolar.

Segundo os autores, este é um processo que prepara as crianças e os jovens “para serem consumidores esclarecidos (ou seja, que compreendem conceitos e mecanismos financeiros básicos)” e para terem atitudes e comportamentos financeiros adequados, que lhes permitam tomar decisões adequadas ao nível da gestão do dinheiro durante toda a vida.

O documento, elaborado com base nos princípios e fundamentos das Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar (OCEPE) sobre os quais se regem os currículos no jardim de infância, apresenta estratégias que o educador pode utilizar para trabalhar os temas de literacia financeira com crianças através de exemplos concretos que podem ser utilizados nas salas dos jardins de infância portugueses.

O guião divulgado pelo Banco de Portugal surge de uma parceria entre o Ministério da Educação, Ciência e Inovação, através da Direção-Geral da Educação, os supervisores financeiros e quatro associações do setor (Associação Portuguesa de Bancos, Associação Portuguesa de Seguradores, Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios e Associação de Instituições de Crédito Especializado).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Porto já tem passagem pedonal sobre a VCI entre Estádio do Dragão e Campanhã

A nova passagem pedonal sobre a VCI do Porto vai permitir uma melhor acessibilidade ao Estádio do Dragão, promovendo os circuitos pedonais e a sua articulação com os serviços aí existentes.

Ainda não é possível fazer a travessia, mas a passagem superior pedonal sobre a Via de Cintura Interna (VCI), entre a zona de Campanhã e a estação de metro do Estádio do Dragão, no Porto, já está concluída. O anúncio foi feito, esta sexta-feira, pelo município portuense que considera a obra de grande importância para esta zona oriental da cidade. Insere-se no âmbito da empreitada a reconversão do antigo Matadouro, agora designado M-ODU, que deverá estar concluída em 2026.

A nova estrutura metálica, que constitui o tabuleiro da ponte pedonal, tem uma dimensão de 6mx48m e um peso aproximado de 78 toneladas, segundo detalha a autarquia num comunicado enviado às redações.

Por enquanto, esta passagem ainda não está acessível ao público. Mas futuramente vai assegurar a ligação pedonal sobre a VCI ao unir ambas as “margens” desta via de circulação rodoviária.

Esta ligação vai permitir uma melhor acessibilidade ao Estádio do Dragão, promovendo os circuitos pedonais e a sua articulação com os serviços aí existentes, dos quais se destaca o Metro do Porto e o Alameda Shopping”, explana o município liderado pelo independente Rui Moreira que está a terminar o seu último mandato.

Esta nova passagem surge, assim, no âmbito do projeto de reconversão do antigo Matadouro Industrial, na zona oriental do Porto, que vai ganhar nova vida. Será transformado num equipamento âncora na reabilitação da zona oriental da cidade, baseado nos eixos da coesão social, da economia e da cultura.

Em maio de 2024, numa visita aos estaleiros da obra, o presidente executivo da Mota-Engil, Carlos Mota Santos, assegurou que a reconversão do espaço estaria concluída no final de 2025. Adiantou ainda que já havia “inúmeras empresas interessadas e potenciais inquilinos” para o antigo matadouro que foi desativado há duas décadas.

Na ocasião, o presidente da câmara Rui Moreira apontou para o início de 2026 a abertura do M-ODU com galerias de arte, museus, escritórios e restaurantes. “Podemos dizer que no início de 2026 isto estará a funcionar plenamente, cumprindo as nossas expectativas”, garantiu então o edil.

Deste futuro espaço, 40% está alocado à Câmara Municipal e os restantes 60% vão ser promovidos pela Mota-Engil e colocados no mercado para escritórios, com uma pequena parte para restauração.

O arquiteto japonês Kengo Kuma assina o projeto do M-ODU, juntamente com os portugueses da OODA. Este espaço terá capacidade para acolher mais de 2.300 pessoas. Está prevista a criação de uma praça pública, onde também ficará sediada a esquadra da PSP.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Sindicato SIMA convoca greve na antiga Groundforce entre 18 de abril e 2 de maio

  • Lusa
  • 21 Março 2025

A greve na Menzies (antiga Groundforce), que esta semana anuniou um despedimento coletivo, será nos dias 18, 19 e 20 de abril a tempo integral e parcial entre 21 de abril e 2 de maio.

O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) convocou uma greve na Menzies (antiga Groundforce) de tempo integral para os dias 18, 19 e 20 de abril, e parcial entre 21 de abril e 2 de maio.

Em comunicado, emitido esta sexta-feira, a entidade sindical justifica a paralisação com o facto de a “gestão da SPdH SA (empresa de handling intervencionada pela Menzies Portugal com 50,01% do capital social) se recusar ao diálogo, praticamente com todos os sindicatos, excetuando dois”. No que toca à greve parcial, detalha que será de duas horas nas entradas e/ou saídas dos turnos.

Esta semana foi noticiado que a Menzies vai avançar com um despedimento coletivo de 10 trabalhadores. Segundo fonte oficial do grupo britânico, até ao momento, aderiram 160 trabalhadores às rescisões amigáveis previstas no plano de recuperação, após o processo de insolvência da empresa de serviços de assistência em terra (handling) em 2021.

O SIMA defende que a “SPdH SA tem congelados há mais de 21 anos os subsídios de turnos, intempérie e as anuidades de antiguidade nas carreiras”, e que “não cumpre intencionalmente, e na integra, o plano de recuperação aprovado em setembro de 2023 no Tribunal do Comércio de Lisboa”.

Segundo o mesmo sindicato, a empresa “ainda não pagou grande parte dos créditos reconhecidos e aprovados no Tribunal de Comércio de Lisboa” e “interrompeu unilateralmente o plano de rescisões amigáveis, de um dia para o outro, onde se verificavam casos em que só estavam a faltar as assinaturas em tais acordos”.

Além disso, alega que “apenas saíram 140 trabalhadores” no âmbito das rescisões amigáveis, tendo chegado ao seu conhecimento a possibilidade de terem existido saídas de trabalhadores não inscritos no programa.

Uma vez que consideram que “há um retrocesso comunicacional, tendo voltado ao tempo da imposição simples, do não diálogo, e das frases feitas baseadas no vazio”, o SIMA diz ser “obrigado a ter que recorrer a esta forma de luta com objetivos do acesso e direito ao trabalho digno, com pagamento justo e com o normal diálogo com todos os players, lê-se no mesmo comunicado.

Fonte oficial da Menzies tinha garantido à Lusa no início desta semana que, “no âmbito do plano de recuperação, e após uma avaliação detalhada de todos os ativos, equipamentos e trabalhadores da empresa, foram identificadas várias funções para redundância”, acrescentando que “aproximadamente 160 colaboradores aceitaram uma proposta de rescisão por mútuo acordo e 10 funções de apoio administrativo foram identificadas como redundantes”.

Em declarações à agência Lusa, Catarina Silva, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes de Portugal (STTAMP), lamentou a decisão da empresa de avançar com o despedimento coletivo de 10 trabalhadores da área administrativa, da qual teve conhecimento através da Comissão de Trabalhadores, e contestou as razões apresentadas.

Já o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) questionou, em comunicado, se “foram esgotadas todas as tentativas de recolocação destes trabalhadores noutras áreas” e “todas as tentativas de RMA [rescisão por mútuo acordo]”. Estes dois sindicatos também tinham revelado que o programa de rescisões voluntárias de 300 trabalhadores, num período de dois anos após a homologação do plano de recuperação da empresa, foi parado.

A TAP pediu em 2021 a insolvência da Groundforce, num processo cuja lista provisória de credores apontava, nessa altura, para cerca de 154 milhões de euros em dívidas. Posteriormente, segundo o plano de insolvência, as dívidas reconhecidas fixaram-se em 136,2 milhões de euros.

A Menzies prevê um investimento inicial de 12,5 milhões de euros na Groundforce. O plano de insolvência prevê que a TAP se mantenha acionista da empresa de handling, com 49,9% do capital, numa fase inicial, cabendo o resto do capital à Menzies Aviation.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Concorrência passa a investigação aprofundada a oferta rival à da Bondalti em Espanha

Autoridade da Concorrência considera que oferta de aquisição da italiana Esseco sobre a espanhola Ercros "suscita sérias dúvidas, à luz dos elementos recolhidos".

A Autoridade da Concorrência decidiu avançar com uma investigação aprofundada à aquisição da espanhola Ercros pela italiana Esseco Industrial. A Ercros é alvo também de uma oferta de aquisição da portuguesa Bondalti.

A decisão de dar início a uma investigação aprofundada foi tomada pelo conselho de administração da Autoridade da Concorrência a 20 de março, considerando que a operação “suscita sérias dúvidas, à luz dos elementos recolhidos”, informa o supervisor em comunicado.

A Bondalti lançou uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a totalidade das ações da empresa espanhola Ercros no dia 5 de março de 2024, com uma contrapartida de 3,6 euros por ação, que avalia a Ercros em aproximadamente 329 milhões de euros.

No final de junho a Esseco lançou uma oferta concorrente, com um preço por ação de 3,84 euros.

A OPA lançada pela Bondalti sobre a Ercros encontra-se atualmente também em análise pelas autoridades reguladoras espanholas. A 15 de janeiro de 2025, a Comissão Nacional dos Mercados e da Concorrência de Espanha (CNMC) avançou para a segunda fase de avaliação da OPA, devido a potenciais riscos para a concorrência nos mercados de soda cáustica e hipoclorito de sódio.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo perdoa dívida de 157 milhões ao privado que gerir a Silopor

Dias antes de entrar em gestão, o Executivo de Montenegro decidiu que "a dívida relativa a juros", de 157 milhões, "ficará no Estado" para não colocar "em causa o futuro da nova sociedade".

O Governo vai perdoar a dívida da Silopor ao Estado relativa a juros, de 157 milhões de euros, para libertar desse encargo o futuro privado que ficar com a concessão da gestão dos silos da Trafaria (Almada), Beato (Lisboa) e Vale de Figueira (Santarém), responsáveis pelo armazenamento de mais de metade dos cereais consumidos em Portugal, segundo uma resposta enviada pelo gabinete do Ministério das Finanças ao grupo parlamentar do Livre e a que o ECO teve acesso e disponível no site do Parlamento.

Todos os anos, a Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) tem reclamado o pagamento de mais de 157 milhões de euros em juros que remontam a uma dívida da década de 80 e que a Silopor se tem negado a liquidar por considerar que já prescreveram.

A poucos dias de entrar em gestão, o Executivo de Montenegro aprovou o diploma que arranca com o processo de privatização da concessão da Silopor. E, nos esclarecimentos prestados agora aos socialistas, o Ministério das Finanças, de Joaquim Miranda Sarmento, revela que vai deixar cair a dívida em causa para não prejudicar o futuro privado que ficar com a gestão dos silos.

“Com a transmissão da exploração da atividade da Silopor e liquidação desta sociedade, a dívida relativa a juros ficará no Estado, não colocando em causa o futuro da atividade da nova sociedade nos terminais portuários”, segundo a mesma missiva.

O decreto-lei, aprovado no Conselho de Ministros de 7 de março, que inicia os procedimentos para a privatização da concessão dos silos, prevê a transmissão da Silopor para uma sociedade a constituir pela Administração do Porto de Lisboa (APL), uma entidade do setor empresarial do Estado “de capitais exclusivamente públicos”, salienta o gabinete de Miranda Sarmento.

“A constituição desta nova sociedade permitirá liquidar, definitivamente, a Silopor”, lê-se na resposta enviada ao Livre. A APL terá depois um ano e meio para “promover o lançamento do concurso público internacional para a alienação do capital social da nova sociedade”, ou seja, para avançar com a privatização da concessão, segundo o mesmo documento.

“Isto é, a atividade da Silopor nos portos de Lisboa e no silo de Vale de Figueira passará a ser desenvolvida por uma sociedade privada, mas tal sucederá através de um contrato de concessão celebrado com uma empresa de capitais exclusivamente públicos”, sublinha.

Acordo de empresa caduca ao fim de cinco anos

Tal como já tinha sido referido pelo Governo, todos os postos de trabalho serão salvaguardados, os quais “serão transferidos para a nova sociedade”. Para além disso, são garantidos “todos os direitos contratuais e adquiridos, nomeadamente retribuição, antiguidade, categoria profissionais e conteúdo funcional e benefícios sociais adquiridos, bem como os demais direitos constantes de instrumentos de regulamentação coletiva de trabalho”, indica a tutela.

No entanto, o acordo de empresa vigente na Silopor só será mantido pelo futuro privado durante cinco anos a contar da data da celebração do novo contrato de concessão. Ou seja, daí em diante, tal instrumento de regulamentação coletiva caduca e os direitos e benefícios dos trabalhadores podem ser revistos e alterados.

A concessão à Silopor da gestão dos silos portuários, com capacidade para armazenar e distribuir uma média anual de 3,4 milhões de toneladas de granéis sólidos alimentares, cereais e farinhas, termina a 30 de junho de 2025. Data em que a empresa pública, que está em liquidação há 24 anos, tem de encerrar por imposição da Comissão Europeia, numa decisão tomada ao abrigo de ajudas de Estado consideradas ilegais. A privatização da concessão está prevista desde 2001, mas o processo tem-se arrastando ao longo das últimas duas décadas.

A Silopor foi constituída em 1986 como spinoff da Empresa Pública de Abastecimento de Cereais. Mas, por imperativo das regras comunitárias que consideraram ilegais as ajudas públicas, o então Governo de António Guterres decretou a dissolução da entidade (Decreto-lei 188/2001), com efeitos retroativos a 19 de junho de 2000. A liquidação foi justificada pela impossibilidade de o Estado se “substituir, direta ou indiretamente, à Silopor no pagamento da dívida” que, nesse ano, chegava já aos 163 milhões de euros”.

Reconhecendo a importância da atividade no ramo agroalimentar, ficou na altura estabelecido que a concessão da exploração da atividade da Silopor deveria fazer-se em regime de serviço público, mas mediante a adjudicação a privados, salvaguardando-se a continuidade da gestão corrente da empresa até a privatização da atividade. Tal aconteceu, com sucesso, na concessão do terminal portuário de Leixões, em janeiro de 2007, que foi ganha pela Sogestão do grupo Manuel Champalimaud.

No entanto, o mesmo não sucedeu com a Silopor, cujo concurso, lançado em 2011, acabou por ser anulado em 2014, porque o grupo ETE, candidato que ficou em primeiro lugar, não cumpriu com a caução que tinha de apresentar.

Entretanto, decorreram 10 anos, e nenhum dos Governos anteriores abriram novos procedimentos concursais para adjudicar a atividade a uma entidade privada. O Executivo, de António Costa, que antecedeu ao de Luís Montenegro, chegou a ponderar manter a concessão na esfera pública, entregando-a à Administração do Porto de Lisboa.

A empresa tem como único acionista o Estado português, estando na dependência da Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.