A Hilti e a Philips foram distinguidas como as melhores empresas para trabalhar em 2016 pela revista Exame. O ECO foi conhecê-las e perceber o que têm estas empresas de especial.
A Philips é mais do que uma empresa de equipamentos eletrónicos. Na verdade, o foco da empresa neste momento é o setor da saúde. Um dos objetivos é melhorar a vida de três mil milhões de pessoas até 2025 através da inovação. E o caminho começa internamente.
Na Philips Portugal, considerada a melhor grande empresa para trabalhar em 2016, segundo o ranking da Exame, e a segunda melhor no ranking global, trabalham cerca de 60 colaboradores. Massagens, um médico e uma enfermeira permanentes nos escritórios, eventos, workshops, cursos online gratuitos em parceria com a Harvard University, seguro de saúde, flexibilidade de horários… são apenas algumas das condições que a Philips oferece aos funcionários, o que se traduz num ambiente de proximidade, como caracterizam alguns dos colaboradores com quem o ECO falou.
Os trabalhadores primeiro
“Para termos impacto na vida das pessoas, a melhoria da qualidade de vida tem de começar nos colaboradores”, afirma Susana Ferreira, diretora de Recursos Humanos da Philips. “Apostamos num conjunto de práticas que as pessoas valorizem no dia-a-dia e que veem como diferenciadores”, acrescenta.
José Pedro Cabrita, de 28 anos, confirma. Depois de passar pela Uniplaces, começou a trabalhar na Philips em 2015 e afirma que a mudança lhe dá “imenso prazer”. E há vários motivos para que isso aconteça: “Aquilo que eu mais valorizo e que me impressionou é o que fazemos internamente. Desde que passas a porta e entras para a empresa, é um mundo incrível e muitas vezes isso não passa tanto para o exterior”.
Para José Pedro, tanto as relações entre as pessoas como a proximidade com a chefia ou ainda a cultura da própria Philips “contribuem para a satisfação” dos colaboradores. Além disso, “há outro ponto extremamente importante, que é o facto de celebrarmos o sucesso. Qualquer conquista é valorizada e isso é super motivante”, diz o jovem, que exerce funções na área do customer care. “Somos equipa muito unida. Não caminhamos sozinhos e, se falharmos, há uma rede que nos ajuda e trabalha connosco para melhorarmos.
Quem entra já não quer sair
Nuno Sousa entrou pela primeira vez na Philips em 1994. Desde então, já desempenhou várias funções na empresa e atualmente trabalha no departamento comercial.
“A Philips tem evoluído muito em benefícios para os seus funcionários e isso motiva muito. Basta olhar para as instalações para se perceber isso”, afirma. “O ambiente de trabalho é extremamente informal, o que nos torna mais próximos e produtivos. Por outro lado, podemos trabalhar onde quer que seja e as pessoas são recompensadas. Isso torna tudo muito melhor”, acrescenta o colaborador. Não é por isso de estranhar que Nuno não pense sequer em deixar a organização, tal como Paulo Carriço. Account manager, agora com 31 anos, Paulo entrou na Philips há dez no âmbito de um estágio curricular e… “foi amor à primeira vista”.
“O meu desejo não é ficar mais dez anos mas sim a vida toda, o que não é normal para a minha idade. Sinto que a Philips me dá aquilo que eu valorizo”, afirma. O sentimento de valorização que Paulo Carriço sente na empresa já vem desde a altura em que era estagiário. “Sentia que havia um horário para trabalhar mas também havia um respeito pela vida privada e familiar. Tanto que às seis da tarde as luzes do escritório eram desligadas para nos obrigar a ir para casa“, recorda.
Por outro lado, “sentia ainda que as pessoas queriam, acima de tudo, ajudar-me a crescer e foi aí que senti que a Philips era diferente”. Questionado sobre o que espera do futuro, também José Pedro não tem dúvidas: “Vejo-o na Philips. Faço planos de ir para outro país mas continuar a crescer na empresa e sei que há essa oportunidade”.
O respeito pelas pessoas
“É óbvio que as pessoas esperam receber uma remuneração justa, de acordo com o seu trabalho. Mas cada vez mais se percebe que há um conjunto de benefícios que são valorizados e que marcam a diferença“, acrescenta Susana Ferreira, sublinhando que “somos uma estrutura multinacional mas com uma forma de estar muito familiar”.
O respeito é, por isso, a característica mais vezes repetida pelos colaboradores que trabalham na Philips e uma das razões pela qual consideram a empresa é uma das melhores para trabalhar. “Mais do que o benefício financeiro, para mim, há outras coisas que valorizo muito, como o plano de reconhecimento”, afirma Paulo Carriço.
Outro ponto destacado pelos colaboradores é a ética de negócio, seguida – biblicamente – por todos: “O objetivo de todas as empresas é o lucro mas é preciso atingi-lo de forma responsável. Há metas e objetivos a cumprir mas não a qualquer custo”, refere a diretora de Recursos Humanos. Para trabalhar na Philips, não basta ser “tecnicamente bom”, como diz Nuno Sousa, “tens de te enquadrar no espírito da equipa e seres uma boa pessoa”.
“Vejo-me na Hilti por muito mais tempo”
“É também pela minha filha que aqui estou”. A frase é de Bruno Castanheira, responsável de serviços da Hilti, que se viu obrigado a trocar Lisboa, onde mora, pela cidade do Porto, onde a empresa tem a sua sede.
Bruno Castanheira, de 39 anos, está na empresa desde 2002 e vê-se lá “por muito mais tempo”. Pai de Beatriz, de pouco mais de dois anos anos, Bruno diz que “entre as duas cidades são apenas 300 quilómetros de distância”. Por isso, aceitou “sem demoras” o convite que lhe foi feito. Era algo que queria e progredir na carreira estava nos seus horizontes. E isso “só podia acontecer na sede da empresa”, conta, em entrevista ao ECO.
Da Hilti, a melhor empresa para se trabalhar em Portugal, segundo a revista Exame, diz maravilhas. “Acho que atingimos o primeiro lugar do ranking devido à preocupação que a empresa tem com os seus funcionários”.
Acho que atingimos o primeiro lugar do ranking devido à preocupação que a empresa tem com os seus funcionários
Mas o que é a Hilti e que cuidados são esses? Vamos por partes.
A Hilti, é uma empresa líder mundial no desenvolvimento e produção de software, ferramentas, serviços e tecnologias inovadoras para os profissionais da construção civil. A Hilti, foi criada por Martin Hilti, em Schaan, no Liechtenstein e está presente em mais de 120 países e conta com mais de 23 mil colaboradores. Em Portugal, a Hilti Portugal está presente desde 1978 e tem ao serviço 90 pessoas. Com sede em Matosinhos, a empresa tem como média de idades os 39 anos e a antiguidade ronda os 11 anos.
Quanto à forma como os trabalhadores são tratados, Bruno Castanheira não tem dúvidas. “Há um certo cuidado por parte dos recursos humanos, existe horário, mas cada um — desde que não trabalhe diretamente com o público — é livre de fazer as suas adaptações”.
No caso concreto de Bruno, que não tem horário, chega à empresa invariavelmente por volta das oito da manhã. “Até às nove da manhã despacho vários assuntos pendentes, sem o stress do dia a dia e sem ter sempre o telefone a tocar”. A saída ocorre geralmente por volta das seis e meia da tarde.
O pequeno-almoço, se quiser, pode ser tomado na empresa servido por uma empresa de ‘catering’. Depois disso há sempre uma cesta recheada de fruta, café e água ao dispor dos colaboradores da empresa.
Reunir é obrigatório até porque “ainda não se fazem negócios por telefone”
Às segunda-feira, dia em que o ECO acompanhou o responsável pelos serviços da Hilti, a primeira coisa a fazer é olhar para agenda e “ver as reuniões da semana”. Responsável pelo país todo, Bruno diz que “há sempre muitas reuniões com os clientes” porque “ainda não se fecham negócios pelo telefone”. Dependendo da agenda, Bruno pode pernoitar em casa, no Barreiro, ou na casa da Hilti, como chama, ao apartamento que a empresa lhe paga a norte do país.
Carro, telemóvel e computador são outra das regalias a que tem direito. Assim como 25 dias de férias por ano. Os 22 dias obrigatórios por lei, mais o dia de aniversário que a empresa oferece e ainda duas pontes. O seguro de saúde é também outra das premissas que a empresa dá a cada funcionário, extensível aos restantes membros do agregado familiar.
Bruno, que tem a seu cargo uma equipa de duas pessoas, reporta ao diretor de marketing que, por seu turno, responde ao diretor geral da empresa.
Sobre a componente salarial, Bruno Castanheira diz que “penso que estamos dentro da média do setor”.
A Hilti Portugal aposta também bastante na formação — com um orçamento anual que ronda os 71 mil euros. “Recebemos bastante formação e, no nosso caso, geralmente é em Paris, um vez que a casa-mãe criou regiões, um espécie de hub, e nós reportamos à Europa 2, composta por Portugal, França, Espanha e Bélgica”.
Para o responsável dos serviços da Hilti Portugal, “o relacionamento entre as pessoas é também bastante positivo, e o facto de a empresa potenciar imensas ações de convívio entre nós facilita esse relacionamento”.
De resto, aos jantares da Natal onde a empresa entrega a cada colaborador um cabaz, juntam-se iniciativas do dia do pai e da mãe, que podem ir desde corridas de kartings à entrega de poemas ou de uma rosa. Também o dia dos namorados não é esquecido. No último ano, por exemplo, os funcionários foram brindados com massagens no local de trabalho. A par disto, é galardoado dentro da empresa o melhor vendedor que, como prémio, recebe “uma viagem até à sede da empresa onde tem a possibilidade de conhecer o presidente, o sr. Hilti. É uma viagem de dois a três dias”.
A empresa que este ano recebeu também o prémio da “empresa mais feliz” festeja ainda o dia da felicidade.
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