“Eleições na Áustria são cruciais para a Europa”

Em simultâneo com o referendo em Itália realizam-se eleições presidenciais na Áustria. Francesco Franco alerta para o risco de a extrema direita vencer.

Faz impressão que um partido de extrema-direita ganhe as eleições” presidenciais na Áustria, confessa Francesco Franco. Em entrevista ao ECO, o economista da Nova Business School sublinha a “importância crucial para a Europa” que este escrutínio vai ter. Recorde-se que, em 2017, é a vez da Alemanha e de França irem a votos.

Contudo, o economista não acredita que “o eleitorado austríaco se deixe influenciar pelo referendo em Itália”.

Os movimento políticos que agora se assistem na Europa fazem “parte do momento histórico” que se vive, no qual “a força de vontade começa a ter um papel mais importante do que a razão pura”, diz Francesco Franco. “Temos de nos lembrar que é muito importante ter um equilíbrio entre as duas”, acrescenta. Mas, “neste momento, o pêndulo está mais do lado da vontade do que da razão e os de políticos vão ter de perceber como fazer o pêndulo regressar a um maior equilíbrio de forças“, conclui.

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Itália: “Não se deve dramatizar o efeito do ‘Não'”

Para o economista Francesco Franco as forças que defendem um 'Não' pouco mais têm em comum do que isso mesmo, por isso, recomenda calma na avaliação dos resultados.

“O referendo vai ter efeitos negativos no curto prazo, mas são choques políticos que o país já superou no passado“, garante Francesco Franco em entrevista ao ECO. “Itália está habituada à instabilidade política”, assegura o economista da Nova Business School.

Para Francesco Franco a reforma que Matteo Renzi está a propor faz sentido porque a economia italiana precisa de reformas, de maior agilidade e eficiência legislativa. Uma discussão que, diz, dura desde os tempos em que começou a votar, “mesmo antes, provavelmente”. “Itália tem um sistema de bicameralismo perfeito e cada lei leva em média cerca de 200 dias em cada câmara”, afirma o economista.

Mas o referendo deixou de ser apenas um sufrágio a uma alteração constitucional para passar a ser uma validação à permanência de Renzi no poder. “O referendo foi pedido pelo próprio Governo para confirmar a modificação de parte da Constituição”. Uma mudança que é precisa porque “se as normas democráticas ficam num limbo em que não se pode fazer nada isso pode ser pior para o processo democrático porque permite às populações ficarem mais descontentes com a situação e votarem em formas de governo mais autocráticas”, alerta.

As forças que defendem um ‘Não’ pouco mais têm em comum do que isso mesmo, por isso, o economista italiano recomenda calma na avaliação dos resultados. Na sua opinião “é difícil antecipar o que vai acontecer”, embora reconheça que era “importante” que ganhasse o sim”, mas não se deve “dramatizar o efeito do ‘Não'”.

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Itália: não é só a Constituição que vai hoje a votos

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 4 Dezembro 2016

Italianos dizem hoje 'sim' ou 'não' à reforma constitucional. Chumbo põe em causa a continuidade do primeiro-ministro Matteo Renzi.

Os italianos vão dizer este domingo se querem ou não alterar a Constituição. Mas a resposta terá um impacto bem mais abrangente. A confiança no governo também está em causa.

O que é votado neste domingo? Através do referendo, os italianos vão aprovar ou rejeitar uma reforma constitucional, que pretende sobretudo reduzir os poderes do Senado, como explicou o ECO. Mas rapidamente as atenções viraram-se para a liderança de Renzi. O primeiro-ministro já prometeu demitir-se se o ‘não’ ganhar. Se for este o resultado, os partidos eurocéticos podem ganhar algum espaço, com os analistas a admitirem cenários que podem passar pela saída da moeda única ou até mesmo o Italexit.

O ministro português dos Negócios Estrangeiros já disse que é preciso olhar “com alguma serenidade” para o referendo. Citado pela Lusa, Augusto Santos Silva, afirmou que “a zona euro é suficientemente forte, a intervenção do Banco Central Europeu (BCE) tem sido suficientemente equilibrada e robusta” para a Europa ter “todos os mecanismos necessários para controlar eventuais efeitos indesejáveis de perturbação nos mercados financeiros”.

O referendo terá impacto nos mercados e na banca e também preocupa os italianos que não estão em Itália, como é o caso de Stefania Raiola, empresária italiana em Lisboa: conheça a história aqui.

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Gestifute mostra declaração da Hacienda sobre Ronaldo

  • ECO
  • 4 Dezembro 2016

Ronaldo é acusado de usar 'off-shores' para esconder 150 milhões de euros de receitas publicitárias. A Gestifute, que gere a carreira do jogador, desmente e mostra declaração da Hacienda espanhola.

A Gestifute, empresa que gere a carreira de Cristiano Ronaldo, revelou uma declaração das autoridades fiscais espanholas que iliba o jogador do Real Madrid de estar em falta do ponto de vista das suas obrigações fiscais. É a resposta às notícias que indicam que o jogador escondeu 150 milhões de euros de receitas publicitárias do fisco espanhol.

Em comunicado, a Gestifute, do empresário Jorge Mendes, escreve que “Cristiano Ronaldo sempre esteve e está de boa-fé em todo este processo, como comprova o facto de não estar, nem nunca ter estado, envolvido em nenhum conflito com as autoridades fiscais de qualquer país”.

De acordo com informações apurada pelo consórcio de jornalistas European Investigative Collaborations (EIC), com base em informações reveladas pelo Football Leaks, e que integra o Expresso, o internacional português Cristiano Ronaldo terá usado um paraíso fiscal para esconder quase 150 milhões de euros e pagar menos impostos. E, em declarações à rádio espanhola Cope, citadas pelo Expresso, o secretário de Estado dos assuntos fiscais afirmou que “a Agência Tributária em Espanha é extraordinariamente profissionalizada. E como não poderia ser de outra forma, a agência realizará as inspeções que considere oportunas”.

A Gestifute desmente: “Na sequência de notícias vindas a público dando conta de alegadas irregularidades nas declarações de rendimentos de Cristiano Ronaldo, vimos por este meio divulgar a declaração emitida pela Agência Tributária Espanhola confirmando que Cristiano Ronaldo se encontra em dia com as suas obrigações fiscais, como sempre esteve em todos os países em que residiu.

ronaldo

De acordo com a empresa de Jorge Mendes, “as autoridades fiscais europeias têm critérios diferentes em matéria de direitos de imagem e os clientes estrangeiros vêem-se com frequência afetados por essas diferenças, que respeitam e cumprem. Em todos os casos em que se verificaram divergências com as autoridades sobre os critérios fiscais a aplicar, as mesmas foram resolvidas por acordo, sem necessidade de recurso aos tribunais”.

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Marcelo quer salários mais baixos na CGD

O Presidente da República mantém que são elevados os salários praticados na administração da Caixa Geral de Depósitos.

A posição de Marcelo Rebelo de Sousa sobre os salários da administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) é conhecida. No passado dia 30 de junho, quando promulgou o decreto-lei do Governo que alterava o Estatuto do Gestor Público, o Presidente da República foi claro sobre o que pensa sobre a política de remuneração a praticar no banco público.

Vencimentos mais elevados implicam acrescida responsabilidade pelos resultados. Que o mesmo é dizer, que não podem as remunerações dos gestores deixar de atender aos resultados da gestão”, defendia Marcelo em junho.

Na altura, numa nota da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa lembrava que “a CGD, além de poder vir a receber mais capital público, é devedora de empréstimos ao Estado, o que, em bancos privados, determinou cortes de vencimentos de administradores até 50%”.

No verão, os recados de Marcelo não terão sido ouvidos em São Bento já que o Governo combinou com António Domingues que este iria receber 423 mil euros anuais (o ordenado que auferia no BPI e que poderia aumentar em 50% com uma remuneração variável), enquanto os seus vogais executivos iriam auferir de 337 mil euros por ano.

Mais tarde, a 19 de Outubro, Marcelo questionado sobre o tema repetiu: “Se há fundos públicos, não é possível nem desejável pagar o que se pagaria se fosse um banco privado sem fundos públicos“.

Agora que António Domingues saiu da CGD e já se sabe que será substituído por Paulo Macedo, o JN noticiou esta semana que o Governo vai manter os valores de remuneração na Caixa.

Confrontado este sábado novamente com este tema pelo jornal Público, Marcelo Rebelo de Sousa reitera a sua posição: “Mantenho a mesma posição que tinha”.

O jornal recorda que Marcelo Rebelo de Sousa não tem, pela legislação em vigor, o poder de fixar estes rendimentos, mas é sabido que tem capacidade de influência sobre o processo e sobre o Governo.

Na próxima terça-feira, o Parlamento volta a debater um diploma sobre os salários nas empresas públicas, com o PSD a propor o regresso ao modelo anterior em que os gestores (das empresas que operam num ambiente concorrencial) são remunerados com base na média do que ganhavam nos três anos anteriores a assumirem funções. O PCP e o Bloco defendem que o teto deve ser o salário do primeiro-ministro. Já o Governo, para a CGD, defende uma remuneração em linha com o restante setor bancário.

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CGD: Marcelo comenta nova administração na segunda-feira, “logo de manhãzinha”

  • Lusa
  • 3 Dezembro 2016

Presidente da República guarda as palavras sobre a CGD para segunda-feira de manhã. E diz que vai "muito a tempo".

O Presidente da República visitou hoje uma instituição de apoio a crianças com paralisia cerebral, tendo-se escusado a comentar outros assuntos, como a Caixa Geral de Depósitos (CGD), e resguardando tais palavras para segunda-feira “logo de manhãzinha”.

“Acho que não é muito justo para o sítio onde nos encontramos [comentar a CGD]. Prometo reagir num dos próximos dias, se quiserem segunda-feira. Segunda-feira reajo longamente, mas aqui acho que era minimizar o significado desta casa e da entrega desta gente”, advogou o chefe de Estado, em Lisboa, no final da visita à associação Casa do Tejo – Direito ao Lazer, ligada à Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa (APCL).

E concretizou, instado a comentar a nova administração da Caixa: “Prometo reagir. Amanhã não tenho nenhum compromisso público, mas na segunda-feira, logo de manhãzinha, reajo. Ainda vai muito a tempo, não se passa nada entre hoje à noite e domingo“.

O Governo confirmou na sexta-feira que Paulo Macedo é o novo presidente executivo do banco público, sucedendo a António Domingues.

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O meu Cayman anda mais que o teu

É o Porsche mais barato de todos, mas isso não significa que seja fraquinho. Não é. Até está mais potente. E em pista, o 718 Cayman ganha ainda mais vida.

Quando se pensa num Porsche potente, qual é o primeiro que vem à cabeça? O 911. E é verdade, mas há mãos para domar todos aqueles cavalos? Para o comum dos mortais… é complicado. Então e o 718 Cayman? A nova geração está cada vez mais parecida com o mítico modelo da fabricante de Estugarda. Potência? Tem cada vez mais. E já é mais que suficiente para quem procura emoções fortes atrás do volante.

Depois do Boxster, renovado logo no início do ano, mas também do Panamera, a Porsche fechou a atualização da gama com o 718 Cayman. Está com um ar mais arrojado. Está mais musculado, com duas entradas de ar de duas lâminas na lateral. E traz novos spoilers traseiros atravessados por uma linha de LED que une os novos faróis traseiros. Uma linha que brilha de cada vez que é preciso carregar no travão. Sim, é um desportivo… apesar de ser feito para andar rápido, também é preciso travar.

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E se há coisa que a nova geração faz bem é acelerar. É que os motores são novos, mais potentes. Há dois: um 2.0 e um 2.5 litros a gasolina que distinguem o 718 Cayman do Cayman S. A diferença? Um tem 300 e o outro 350 cv, sendo que ambos ganharam mais 25 cv, potência extra para apimentar a experiência de condução no circuito do dia-a-dia, mas principalmente para quando se pode libertar a cavalaria em circuito fechado.

Banda sonora a sair do escape? Check. Então quando se escolhe o modo Sport + (há um seletor de modos de condução, o Normal, o Sport ou Sport +, além de um personalizável), o som sai ainda mais apurado. Sentados confortavelmente nos bancos de pele, ajustes feitos no ecrã da nova consola central, mãos no volante e… pé no acelerador. Com um 911 a servir de guia, a entrada no Autódromo do Estoril faz-se já com as rotações em alta. E depois é pura diversão conjugada com alguns apertos no coração.

Curva à direita, trava, acelera outra vez. E prego a fundo na reta por detrás das boxes. Acelerador colado ao chão e é vez as passagens de caixa a sucederem-se em catadupa à medida que o velocímetro dispara para valores só permitidos neste tipo de asfalto. Mais curvas e… luzes a acenderem-se nos manómetros. O controlo de tração ajuda a corrigir os erros dos pilotos improvisados quando à nossa frente vão os profissionais a brincar com o 911.

Escorregadelas aqui e ali até à entrada da reta da meta. Apanhar o 911? Muito difícil. O 718 Cayman ou o S andam, mas mais só com o Sport Response. Aqueles 20 segundos de potência extra catapultam o pequeno Porsche para bem mais de 200 km/h até ao final da reta. Depois, não é preciso abrir as portas. Basta um pé firme no travão para repetir a brincadeira. Melhor, só com os pilotos do 911 ao volante. E nós à pendura. É uma experiência que vale bem a pena. Veja o vídeo!

Quatro Cayman em pista prontos para uma volta lançada em ambiente de competição. O “pace car” sai. Disparam os quatro rumo à primeira curva. A pista é larga, mas de repente fica estreita para quatro Cayman ansiosos por tomarem a dianteira. Dois 718 normais, outros dois S. O S mostra que tem mais potência, mas no fim de contas, a diferença acaba por recair na destreza de quem conduz. E, à falta de melhor palavra para os descrever: malucos. Curvas em parelha, escorregadelas que nos colam ao Porsche do lado e travagens em que os LED dos travões nos entram pela retina.

Um pequeno vislumbre do que é a velocidade para os profissionais, sendo que para eles isto é quase uma corrida de karts – estão habituados a ainda mais potência, mas também a corridas à séria. Mas que mostra que o 718 Cayman tem os argumentos necessários para quem procura uma experiência Porsche no seu dia-a-dia por valores bem mais comedidos do que se tivesse de abrir os cordões à bolsa para comprar um 911.

Enquanto o mítico modelo da Porsche custa, no mínimo, 117 mil euros, para ter o novo coupé bastam agora 63.291 euros para a versão normal (é quase metade). Os 50 cv extra já exigem 81.439 euros, sendo que ambos são mais baratos que a versão cabrio. Há uma inversão na lógica de preços do Cayman e do Boxster.

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Marte, no National Geographic

  • ECO + National Geographic
  • 3 Dezembro 2016

‘MARTE’ estreou no dia 13 de ovembro e terá seu quarto episódio neste domingo, 4 de dezembro, às 22h30 no canal National Geographic.

O começo desta história é o ano de 2033 quando a humanidade embarca na primeira missão a Marte. De um lado, elementos dramáticos ficcionais e efeitos visuais cinematográficos dão vida a este futuro, a pesquisa moderna e real para se conseguir chegar ao planeta vermelho é mostrada através de documentários reais e entrevistas a cientistas e inventores do agora que lideram o desenvolvimento da tecnologia espacial que fará da missão de 2033 possível.

‘MARTE’ estreou no dia 13 de Novembro e terá seu quarto episódio neste domingo, 04 de dezembro, às 22h30 no canal National Geographic. Quem perdeu os primeiros episódios pode aproveitar e vê-los, na sequência, desde as 20h deste domingo.

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Voo espacial Humano Extremo: como chegar a Marte?

  • ECO + National Geographic
  • 3 Dezembro 2016

O astronauta Jeff Williams da NASA reflecte sobre a sua carreira no espaço - e o que seria necessário para levar os humanos para Marte

Quando aterrou num monte de pó na estepe do Cazaquistão a 6 de setembro, Jeff Williams ultrapassou o recorde para o maior tempo de permanência no espaço de um astronauta da NASA. Williams viajava a bordo da Estação Espacial Internacional, ajudando a atualizar o laboratório em órbita com um habitat inflável, uma estação de docking e uma câmara de alta definição.
A viagem de 172 dias, a sua quarta viagem ao espaço, aumentou o seu número total de dias a viver e trabalhar em órbita para 534. Anteriormente, o famosos astronauta gémeo Scott Kelly tive direitos de se gabar alcançando 520 dias. (veja 15 fantásticas fotos do ano de Scott Kelly no espaço.)

“Ver os detalhes da Terra a partir desse ponto de vista e ver a Terra é algo unicamente adequado para a vida, é uma experiência incrível”, disse Williams ao National Geographic durante uma entrevista no Centro Espacial Johnson em Houston pouco depois do seu regresso à Terra. (Veja a entrevista completa em cima.)

William detém o título dos EUA por uma margem relativamente estreita: brevemente Peggy Whitson pode vencê-lo com mais de 560 gritantes dias cumulativos. Além do mais, os cosmonautas russos permanecem campeões mundiais em termos de duração de voo especial: Gennady Padalka passou 879 dias no espaço, durante cinco missões para a ISS (Estação Espacial Internacional) e o seu antecessor, a estação especial russa Mir.

Como parte da sua missão de bater o recorde, o astronauta Jeff Williams instalou um novo adaptador de docking na Estação Espacial Internacional durante uma caminhada especial de seis horas. (ESQUERDA) FOTOGRAFIA DA NASA
Como parte da sua missão de bater o recorde, o astronauta Jeff Williams instalou um novo adaptador de docking na Estação Espacial Internacional durante uma caminhada especial de seis horas.
(ESQUERDA) FOTOGRAFIA DA NASA

 

Estes tipos de marcos em voos espaciais são altamente interessantes para a NASA tendo em conta que a agência explora os desafios de enviar humanos para muito, muito longe de casa – como para Marte. De acordo com a visão atual da NASA, a missão ao planeta vermelho pode durar até 1100 dias, pelo que é importante perceber como os humanos reagem a baixa gravidade prolongada, radiação cósmica e alojamento confinado (entre outras coisas).

Atualmente, o nosso melhor representante é observar como os astronautas experientes estão a passar depois de longas horas na órbita da Terra e de como as missões espaciais simuladas afetam os voluntários restritos à Terra, tais como os participantes de Hi-SEAS, uma missão de um ano a Marte simulada que recentemente foi concluída no Havai. (Encontre mais acerca do que foi passar um ano isolado numa missão dura com ambiente parecido a Marte.)
Aqui estão alguns dos recordes de voos espaciais humanos mais extremos e de como acumulam as necessidades de uma missão a Marte.

VOO ESPACIAL ÚNICO MAIS LONGO

Desde 1995, o cosmonauta Valeri Polyakov deteve o recorde do maior tempo que algum humano passou consecutivamente no espaço. Ele viveu e trabalhou a bordo da estação especial russa Mir de Janeiro de 1994 a Março de 1995, acumulando 437 dias numa missão. De acordo com a revista Wired, Polyakov afirma que se voluntariou para permanecer em órbita durante tanto tempo para provar que os humanos conseguem aguentar períodos longos com gravidade zero e são capazes de gerir uma viagem a Marte. A Aventura de quebrar o recorde parece não tê-lo deixado pior que o desgaste – aos 74 anos, Polyakov ainda é um membro ativo da comunidade biomédica especial.

DISTÂNCIA MAIS LONGA VIAJADA A PARTIR DA TERRA

Os astronautas Jim Lovell, Fred Haise e Jack Swigert são provavelmente os mais lembrados pelo seu projétil heroico e talvez angustiante, à volta da lua durante a Apollo 13. Enquanto o trio pode estar desapontado por nunca ter conseguido chegar à superfície lunar, podem gabar-se de ter alcançado algo diferente. A manobra que trouxe em segurança a sua nave espacial problemática de volta à Terra, também os levou na viagem mais distante que algum humano alguma vez fez. Em Abril de 1970, os três astronautas encontravam-se a 248.655 milhas do nosso planeta. Ainda assim, Martian ambiciona fazer uma viagem de cerca de 250 milhões de milhas.

A nave especial Soyuz deriva para a Terra transportando Jeff Williams e dois cosmonautas russos depois de uma missão de 172 dias na Estação Espacial Internacional. FOTOGRAFIA DE BILL INGALLS, NASA, GETTY IMAGES
A nave especial Soyuz deriva para a Terra transportando Jeff Williams e dois cosmonautas russos depois de uma missão de 172 dias na Estação Espacial Internacional.
FOTOGRAFIA DE BILL INGALLS, NASA, GETTY IMAGES

A MAIS LONGA CAMINHADA ESPECIAL

Trabalhar no espaço significa fazer uma viagem ocasional para reparar ou atualizar o veículo ou habitat e isso significa vestir o que é atualmente um fato espacial pressurizado volumoso. Em Março de 2001, os astronautas da NASA Jim Voss e Susan Helms efetuaram a mais longa caminhada espacial única alguma vez registada, passando oito horas e 56 minutos fora da ISS. A tripulação de Marte também terá de andar fora do módulo de habitat relativamente seguro durante períodos de tempo prolongados, pelo que a NASA está a trabalhar em várias formas de melhorar os designs dos fatos espaciais, assim como torná-los mais flexíveis e que sejam mais fáceis de vestir e despir.

MAIOR TEMPO NUM MUNDO DIFERENTE

Em 1972, Harrison Schmitt e Eugene Cernan passaram mais de três dias a viver e trabalhar na lua, o maior tempo que alguém já passou na superfície de um corpo rochoso sem ser a Terra. Dadas a distância e tempo envolvidos, contudo, a presença humana em Marte duraria muito mais com alguns conceitos de missão que exigem estadias de meses a anos.
(Veja “Isto é como é passar um ano em Marte”.)

Por Victoria Jaggard e Nadia Drake da National Geographic

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Um milhão podem vir a viver em Marte até 2060

  • ECO + National Geographic
  • 3 Dezembro 2016

O plano da Spacex para construir uma colónia em Marte incluí o reabastecimento em órbita, uma frota de naves e o maior foguetão alguma vez feito.

No anúncio aeroespacial mais antecipado do ano, o fundador da SpaceX, Elon Musk, revelou o seu grande plano para estabelecer uma colónia humana em Marte. Resumidamente, Musk acha que é possível enviar, através de shuttles, milhares de pessoas desde a Terra até ao nosso pequeno vizinho, o Planeta vermelho, dentro de, aproximadamente, uma década. E, não muito depois disso – talvez 40 ou 100 anos mais tarde – Marte poderá ser casa de uma colónia autossustentável de um milhão de pessoas.

"Isto não tem a ver com o mudar toda a gente para Marte, isto tem a ver com o facto de nos tornarmos multiplanetários (…) Isto é sobre minimizar o risco existencial e ter um sentido tremendo de aventura.”

Musk, Congresso Internacional Astronáutico, em Guadalajara, México

A linha de tempo de Musk parece ambiciosa, algo que ele também reconhece. “Acho que o perfil técnico traçado no plano está certo. Ele também não fingiu que iria ser fácil e que o iam fazer em dez anos”, diz Bobby Braun, antigo chefe tecnológico da NASA que agora está na Universidade Tecnológica da Georgia. “Quer dizer, quem poderá dizer o que será ou não possível em 100 anos?”

E, para aqueles que pensam se deveríamos ir nesta aventura ou não, a razão pela qual Musk faz de Marte um imperativo é simples. “O futuro da humanidade vai seguir um de dois rumos possíveis: ou vamos ser uma espécie multiplanetária e uma civilização espacial, ou vamos ficar presos a um só planeta até um possível evento mundial de extinção”, disse Musk a Ron Howard durante uma entrevista para o documentário ‘MARTE’ do National Geographic Channel, uma minissérie de estreia global a 13 de novembro. “Para me sentir inspirado e entusiasmado com o futuro, terá de ser a primeira opção a escolhida. Tem de ser: iremos ser uma civilização que irá explorar o espaço”.

A FROTA DE MARTE

Apesar de admitir que a sua própria linha temporal é confusa, Musk acha que é possível os humanos começarem a voar para Marte em meados da década de 2060. E ele acha que o plano para lá chegar irá ser algo como isto:

Começa com um enorme foguetão, algo com pelo menos 61 metros de altura quando construído. Numa simulação à qual a SpaceX chama Interplanetary Transport System (Sistema de Transporte Interplanetário), uma nave espacial carregada de astronautas será lançada em cima de um propulsor de 12 metros de largura que produz uma impulsão de cerca de 13 milhões de quilos. Usando motores 42 Raptor, o propulsor irá acelerar a samblagem para 9000 km/h. No geral, todo o engenho é 3,5 vezes mais poderoso que o Saturn V da NASA, o maior foguetão construído até à data, o qual levou a cabo as missões Apollo até à lua. Se calhar, sem coincidências, o foguetão da SpaceX irá ser lançado do mesmo local, no Kennedy Space Center, em Cape Canaveral, Flórida.

O foguetão irá devolver a cápsula da equipa à órbita em volta da Terra, e aí o propulsor irá orientar-se para uma suave aterragem de volta ao sítio do lançamento, uma proeza que os propulsores SpaceX já têm vindo a fazer desde há um ano. De seguida, o propulsor irá carregar um tanque de combustível e levá-lo até à órbita, onde irá abastecer a nave para a sua viagem a Marte.

Uma vez na rota, a nave especial irá abrir painéis solares para armazenar energia solar e conservar um impulsor valioso para aquela que promete ser uma entusiasmante aterragem no Planeta vermelho.

Da maneira que Musk visualiza, as frotas que se encontram nas cápsulas vão manter-se na órbita da Terra até um alinhamento favorável que coloque os dois planetas mais próximos – algo que acontece de 26 em 26 meses.

"Em último caso, teremos para cima de mil naves à espera, em órbita. E, por isso, a frota colonial de Marte partirá em massa”

Musk

A chave para este plano é reutilizar as várias naves espaciais o mais possível. “Acho que não há outra maneira possível de conseguir uma base autossustentável em Marte sem a reutilização. É algo fundamental”, diz Musk. “Se navios de madeira dos tempos antigos não fosse reutilizáveis, acho que os Estados Unidos ainda não existiam.” Musk antecipa que será possível usar cada propulsor de foguetão mil vezes, cada tanque cem vezes e cada nave 12 vezes. No início, ele imagina que talvez cem humanos irão apanhar boleia em cada nave, mas que esse número irá aumentar gradualmente.

Pelos seus cálculos, colocar um milhão de pessoas em Marte poderá levar entre 40 a 100 anos depois da primeira nave lançada. E não, não será necessariamente uma viagem de um só sentido: “Acho que é muito importante dar a opção às pessoas de regressar”, diz Musk.

COLONIZAR MARTE

Depois de aterrar algumas naves de mercadorias em Marte, começando com a cápsula Red Dragon em 2018, Musk diz que a fase da colonização humana pode começar. De certeza que, aterrar uma nave pesada num planeta com uma atmosfera tão fina será difícil. Já foi duro o suficiente para pousar gentilmente o rover Curiosity da NASA à superfície e este pesava cerca de 907 kg, apenas uma fração do peso das naves de Musk. Por agora, Musk planeia continuar a desenvolver foguetões supersónicos que possam, gradualmente e delicadamente, aterrar uma nave espacial mais pesada na superfície Marte, usando os propulsores reutilizáveis Falcon 9 como modelo.

Não será apenas isto que as naves irão precisar: voar pela atmosfera de Marte a velocidades supersónicas irá por à prova os materiais mais resistentes ao calor que existem na Terra, por isso, não é tarefa fácil desenhar uma nave que consiga aguentar uma entrada tão quente e uma aterragem propulsora destas e ainda ser abastecida e enviada de volta à Terra para que comece tudo de novo.

As primeiras jornadas vão servir, em primeira instância, o propósito de entregar suplementos e estabelecer um depósito à superfície de Marte, um reservatório de combustível que será usado para as viagens de regresso à Terra. Depois de este depósito estar construído e carregado, a diversão pode começar. Os primeiros humanos a lá chegar terão de ser bons a escavar a superfície e a dragar gelo enterrado, que irá fornecer água preciosa e ser usado para fazer cryo-methane que irá fornecer energia para toda a base.

As primeiras naves espaciais interplanetárias irão, provavelmente, ficar em Marte, e vão carregar maioritariamente combustível e uma pequena equipa de “construtores e restauradores” que sejam “o tipo de exploradores saudáveis”, disse Musk a Howard. “Está preparado para morrer? Se está, OK, então é um candidato a ir”. Haverá, sem dúvida, uma intensa competição pelos primeiros lugares numa missão a Marte e Musk preocupa-se que seja dado muito ênfase àquelas primeiras “pegadas”.

“Num contexto histórico maior, o que realmente importa é sermos capazes de enviar um grande número de pessoas, como dezenas de milhares ou centenas de milhares de pessoas e milhões de toneladas em carregamento”, diz ele. “Na verdade eu preocupo-me mais com isso do que, digamos, as primeiras viagens.” Resumindo, a visão para estabelecer uma colónia em Marte é mais um desporto de resistência do que um sprint.

HOMEM FOGUETÃO

Mas Musk está habituado. Em 2001, ele fundou a SpaceX com um objetivo em mente: colocar humanos em Marte. Nesse tempo, ele lembra-se, que se viu a pensar para ele próprio sobre o porquê de os humanos ainda não terem visitado Marte depois das missões bem-sucedidas à lua.

“Sempre me pareceu que a esta altura já lá deveríamos ter chegado, e que deveríamos ter contruído uma base na Lua, e que deveríamos ter hotéis no espaço e todas estas coisas”, diz ele a Ron Howard. “Sempre presumi que era falta de vontade… e não foi falta de vontade.”

Em vez disso, os recursos para a exploração espacial eram escassos, e os programas do governo para voos espaciais não podiam assumir este tipo de risco que, por outro lado, um esforço privado pode tolerar. Com uma fortuna acumulada desde o seu tempo na Paypal, Musk fundou uma companhia dedicada a construir foguetões e a melhorar bastante os veículos que formam o alicerce para uma viagem interplanetária. Seguiram-se contratos com clientes privados e com o governo americano e agora, a SpaceX está a trabalhar numa versão da sua cápsula Dragon que possa enviar humanos para a Estação Espacial Internacional. Durante os últimos anos, a empresa teve bastantes sucessos reconhecidos – incluindo a aterragem do primeiro foguetão reutilizável suborbital em terra e em mar – e também muitos falhanços, com explosões de foguetões na rampa de lançamento ou em rota pela órbita.

Isto não é surpresa para qualquer grande desenvolvimento tecnológico. Mas, colocar humanos em Marte é um desafio completamente diferente do que mandar humanos para a órbita, ou até para a Lua, essencialmente quando o objetivo não é apenas uma viagem casual. “Acho que queremos evitar uma repetição do Apollo”, diz Musk. “Nós não queremos enviar apenas algumas pessoas, apenas algumas missões a Marte e depois nunca mais lá pôr os pés. Isso não é conseguir o objetivo multiplanetário”.

FUNDAR MUSKVILLE

A grande visão de Musk de um segundo habitat autossustentável para humanos no sistema solar é grandioso e pomposo, mas não é único. O que faz o plano de Musk sobressair de séculos de ficção científica é que ele deverá mesmo conseguir alcançar este objetivo – se ele conseguir também baixar os custos para os seus níveis ideais.

“Empreendedores são capazes de olhar para as questões que temos e pensamos, mas nós ainda não estamos totalmente preparados. Questões a como propulsão inversa supersónica”, disse Charlie Bolden, administrador da NASA durante um painel de discussão do IAC. “Podemos usar subterfúgios nos números, nos dólares, no tempo e tudo isso, mas não podemos largar o facto de que este homem, hoje, subiu ao palco internacional e deitou tudo cá para fora,” acrescentou Braun. “Achei refrescante”.

Mas para Marte ser um destino viável, Musk diz que o custo da viagem tem de baixar até aos 200.000 dólares, ou para o preço de uma casa normal nos Estados Unidos. O problema é que esta é uma descida bastante acentuada para as presentes estimativas de custos. Musk não antecipa que é capaz de fazer isto tudo sozinho e diz a Howard que uma certa relação sinérgica entre governos e indústrias privadas será crucial.

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Elon Musk na revelação do Dragon 2 em maio, 2014 FOTOGRAFIA DE JAE C. HONG, AP

 

“Acho que devemos conseguir o máximo de recursos a partir do setor privado dedicado à causa, e depois tentar conseguir o máximo de recursos governamentais, para que se uma dessas forças desaparecer as coisas possam continuar”.
Mas combinar estilos diferentes de gestão; a capacidade de assumir riscos; arranjar fontes para fundos; e trabalhar com mapas institucionais antigos será um grande desafio, para não dizer o pior.

Como irá isto tudo funcionar? “Com dificuldade”, diz o perito em política espacial John Logsdon, professor emérito na Universidade George Washington. “Irá envolver a destruição de muitas coisas”.

Por exemplo, chegar a Marte nos anos 2020 requer uma grande evolução por parte da SpaceX na frente tecnológica. O foguetão massivo apresentado na simulação é muito mais poderoso do que qualquer outra coisa do arsenal da empresa. A primeira iteração desse foguetão futurístico, um gigantesco degrau conhecido como Falcon Heavy, já foi atrasado por anos. Este tipo de atrasos são uma das razões sobre o porquê de peritos em políticas espaciais estarem céticos quanto ao plano e linha temporal de Musk. “Baseado em performances anteriores, não sei como pode dizer, ‘bem, sim, ele perdeu todos os outros deadlines, mas desta vez ele vai conseguir’” diz Logsdon. “Por isso acho que a postura razoável é que só acredito quando ele o fizer”.

Se os humanos realmente conseguirem aterrar em Marte, Musk acha que este momento irá propagar desenvolvimentos adicionais, assim como os primeiros exploradores à procura de glória, ouro e especiarias levaram a melhorias na tecnologia dos navios e na indústria global. Em último caso, Musk acredita que este tipo de esforço irá tirar Marte da esfera da ficção científica e transformá-lo num mundo em que os humanos irão realmente gostar de habitar – incluindo Musk. “Acho que Marte é um grande sítio para ir”, diz ele. “Será o planeta das oportunidades”.

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Uma viagem a Marte nunca antes vista…

  • ECO + National Geographic
  • 3 Dezembro 2016

Chegada dos primeiros humanos a Marte será mais significativa em termos de tecnologia, história e exploração do que qualquer outro no passado, tudo porque deixaremos de ser o único planeta habitável.

O canal National Geographic redefine a narrativa televisiva com ‘Marte’, a nova série documental de seis episódios, criada por Ron Howard e Brian Grazer, que é um evento global sem precedentes. ‘Marte’, que estreou em novembro, mostra os dramáticos obstáculos e sucessos da ciência moderna da revolução do espaço, ao mesmo tempo que prevê e tenta visionar os primeiros passos da humanidade em Marte. Esta mega aposta NGC combina a melhor narrativa ficcional e ação dramática, os mais fantásticos efeitos visuais e qualidade de imagem com as melhores sequências documentais reais para nos trazer uma história coesa e arrepiante da busca incessante da humanidade para colonizar Marte. “A oferta à audiência será informação que se encontra com realização ficcional vívida e experimental”, diz Ron Howard, produtor executivo.

O ponto de partida deste método único de narrativa é o ano de 2033, altura em que embarcamos na primeira missão a Marte em equipa. À medida que elementos ficcionais dramáticos e efeitos visuais de calibre cinematográfico dão vida ao mundo no futuro, a jornada dos dias de hoje, para alcançar o planeta vermelho, é contada através de documentários reais e entrevistas a cientistas e inovadores que lideram a pesquisa e o desenvolvimento da tecnologia espacial que tornará a missão de 2033 possível. Os produtores executivos Ron Howard e Brian Grazer selecionaram o visionário realizador mexicano Everardo Gout (‘Days of Grace’) para realizar as partes dramáticas da série, gravadas no início deste ano em Budapeste e Marrocos.

A primeira missão a Marte

‘MARTE’ visiona o futuro das viagens espaciais fundado através de uma parceria pública corporativa entre duas organizações: a Mars Mission Corporation (MMC), um consórcio de corporações aeroespaciais formada em 2022, com sede em Londres e que constrói o hardware tecnológico para o programa a Marte; e a International Mars Science Foundation (IMSF), criada através de uma coligação de nações espaciais para levar a cabo a missão a Marte.

A parte ficcional da série foca-se na primeira missão a Marte a bordo da nave espacial Daedalus. A sua viagem em 2033 é composta por uma equipa internacional, cuidadosamente selecionada, de seis astronautas qualificados que incluem: o comandante americano Ben Sawyer (Ben Cotton), a piloto coreana Hana Seung (Jihae), o hidrologista e geoquímico espanhol Javier Delgado (Alberto Ammann), a física e bioquímica francesa Amelie Durand (Clementine Poidatz), o engenheiro mecânico nigeriano Robert Foucault (Sammi Rotibi) e a exobiologista e geóloga russa Marta Kamen (Anamaria Marinca). A partir da Terra, a equipa de controlo da MMC em Londres incluí: a irmã gémea de Hana Seung e comunicadora de cápsula (CAPCOM) Joon Seung (Jihae) e o CEO francês Ed Grann (Olivier Martinez).

Quando Daedalus aterrar com sucesso em Marte e construir uma base de operações preliminar, a física nuclear inglesa Leslie Richardson (Cosima Shaw) irá liderar a segunda fase do projeto juntamente com o seu marido o Dr. Paul Richardson (John Light), um botânico experimental de renome.

A produção de ‘MARTE’ levou a cabo esforços meticulosos para basear a sua narrativa dramática na ciência real. Os guionistas da série trabalharam com um extenso grupo de peritos, tanto do setor público como do privado, para compreender como é que a ciência poderia servir a história da série. O Dr. Robert Braun, um engenheiro aeroespacial e professor de tecnologia espacial no Georgia Institute of Technology, foi o consultor em todos os aspetos científicos da narrativa ficcional. A Dr.ª Mae Jemison, uma antiga astronauta da NASA, que guarda a distinção de ser a primeira mulher de cor no espaço, teve um papel de conselheira espacial da série, trabalhando com o elenco e ajudando-o a afinar as personagens.

Em termos visuais, a designer de produção Sophie Becher recorreu à NASA e à SpaceX para conseguir desenvolver os seus desenhos da nave espacial Daedalus e da Olympus Town, a primeira colónia humana em Marte. A designer do guarda-roupa Daniela Ciancio pesquisou, extensivamente, os tipos de tecidos criados nos dias de hoje e que tornam os fatos espaciais mais leves, fortes, flexíveis e resistentes às radiações, de maneira a proteger os astronautas do amanhã. E, Framestore, equipa de efeitos visuais por detrás do filme ‘Gravidade’ e vencedora de um Óscar da Academia, irá colocar as camadas finais dos efeitos visuais de maneira a completar o look da série.

Visionários a liderar o caminho

‘MARTE’ também mostra uma coleção de entrevistas sem precedentes com as maiores mentes científicas que, nos dias de hoje, trabalham para ultrapassar os muitos obstáculos que se colocam perante um possível lançamento espacial. O National Geographic teve acesso exclusivo para filmar Elon Musk (o fundador da Tesla e SpaceX) e a sua equipa na missão de controlo da SpaceX quando conseguiram aterrar, com sucesso, o foguete Falcon 9 numa nave drone na Costa Este dos Estados Unidos, no passado mês de abril.

“O futuro da humanidade irá bifurcar-se e seguirá uma de duas direções: ou irá tornar-se numa espécie multiplanetária e numa civilização espacial, ou irá ficar presa num único planeta até um possível evento de extinção. De maneira a ficar entusiasmado e inspirado com o futuro, terá de acontecer a primeira opção”, diz Musk na série.

‘MARTE’ reúne todas as mentes brilhantes do mundo de uma maneira nunca antes conseguida – pense na maior TEDtalk do mundo com as pessoas mais fascinantes da Terra. Os entrevistados incluem: Charles Bolden, administrador da NASA e antigo astronauta; Neil DeGrasse Tyson, diretor do Hayden Planetarium no The Rose Center for Earth and Space; Elon Musk, CEO e presidente tecnológico da SpaceX; CEO da Tesla Motors; presidente da SolarCity e Stephen Petranek, autor do livro “How We’ll Live On Mars”, entre outros.

Esta jornada de alcançar Marte e colonizá-lo espicaçou um debate vigoroso entre a comunidade espacial. A questão não é apenas “será que conseguimos?” como também “será que devemos?”. Neil DeGrasse Tyson não está convencido de que teremos de enviar humanos para Marte; ele defende de que era necessário um menor esforço e menos dinheiro para descobrirmos como sobreviver às ameaças na Terra do que colonizar outro planeta de maneira a manter a nossa espécie: “Acho que devemos visitar planetas, como visitamos qualquer outro lugar onde nunca estivemos…”

O consenso parece estar a formar-se na ideia de que os humanos irão, eventualmente, fazer uma viagem até Marte, mas a melhor altura para o fazer continua a ser um importante ponto de debate. Robert Zubrin, presidente da The Mars Society e da Pioneer Astronautics, faz uma grande asserção: “Se o próximo presidente se levantasse na primavera de 2017 e anunciasse o seu compromisso de enviar humanos a Marte, poderíamos lá chegar até ao final da sua segunda administração”.

‘MARTE’ estreou no dia 13 de novembro e terá seu quarto episódio neste domingo, 04 de dezembro, às 22h30 no canal National Geographic. Quem perdeu os primeiros episódios pode aproveitar e vê-los, na sequência, desde as 20h deste domingo.

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Mercados, bancos e outros papões. Como vai ser a Itália que sair do referendo?

  • Marta Santos Silva
  • 3 Dezembro 2016

Um "Não" vai ter mais impacto do que um "Sim", mas a volatilidade vai ser a curto prazo. Mais preocupante é o futuro dos bancos 'zombi' que Renzi deveria salvar.

Quando este domingo se contarem as cruzes no “Sim” e no “Não”, o resultado final vai ter um impacto significativo na economia italiana. Como o ECO já explicou, num referendo que era só mais um passo na vontade reformista do primeiro-ministro Matteo Renzi jogam-se agora a confiança no governo e o futuro europeu de Itália. Que impacto terá o resultado nos mercados? E na banca italiana?

Os mercados podem ficar nervosos, mas vai passar

Os analistas do Barclays assumem um tom pacificador ao falar sobre o impacto do referendo italiano nas taxas de juro das obrigações do país. Embora se preveja alguma volatilidade imediatamente após o referendo — mais positiva se vencer o “Sim” e mais negativa com a vitória do “Não” — “as perspetivas a médio prazo dependem mais” de outros fatores, como a probabilidade de se manter a lei eleitoral aprovada em julho, que asseguraria maior estabilidade aos governos, e os receios de uma vitória do partido populista Movimento Cinco Estrelas na próxima eleição.

A incerteza à volta do referendo já fez subir as taxas de juro da dívida italiana, mas os analistas do Barclays não preveem que a resposta ao plebiscito marque uma viragem drástica com efeitos a médio prazo — já no final da semana, no dia 8, as declarações do Banco Central Europeu devem sossegar os investidores, visto que se espera um tom pacificador.

No Credit Suisse, a perspetiva é semelhante. “Por muito que possa haver volatilidade dos mercados, não vemos consequências de relevância sistémica, mesmo no caso de uma vitória do “Não”,” escrevem os analistas numa nota publicada no princípio de novembro. Anteviam ainda que, embora o “Não” seja um resultado possível, “provavelmente não vai tirar a Itália da Zona Euro, e talvez nem a leve a eleições antecipadas”.

As agências de rating: o maior risco vem da DBRS

A ameaça chegou na quinta-feira: a agência de rating canadiana DBRS, a mais pequena das quatro cuja decisão é significativa para o Banco Central Europeu, considera um “Sim” a melhor resposta possível no referendo italiano, sendo que um “Não” que ganhasse com uma margem larga poderia preocupar. A DBRS tem neste momento a Itália na categoria A-, sendo que uma descida a colocaria na área BBB — ao nível do rating da Moody’s, da Fitch e da Standard & Poor’s.

Os analistas do Barclays consideram, no entanto, que uma descida não ia afetar profundamente as obrigações do governo. Já os bancos podem estar mais em risco se as condições de financiamento definidas pelo Banco Central Europeu se deteriorassem. No entanto, “não consideramos que um “Não” resultasse automaticamente numa redução do rating italiano”, escrevem os analistas.

Os bancos “zombis” são o que mais preocupa

A incerteza e a adversidade dos mercados que se antevê se o governo de Renzi cair pode dificultar o financiamento dos bancos italianos, muitos dos quais estão já em circunstâncias frágeis. A vítima óbvia é o Monte dei Pasci, que falhou o teste de stress do BCE em julho. Mas há mais sete bancos em risco de falir se o resultado do referendo for desfavorável, segundo disseram ao Financial Times fontes oficiais e responsáveis de bancos.

Os bancos em risco incluem alguns de média dimensão, como o Popolare di Vicenza e o Veneto Banca, e também alguns bancos pequenos que foram intervencionados em 2015, como o Banca Etruria e o CariChieti. O problema principal? É o crédito problemático: bancos italianos têm 360 mil milhões de euros em crédito problemático, com apenas 225 mil milhões em capital para enfrentar eventuais perdas.

Outro grande risco é a recapitalização do Monte dei Pasci — uma vitória do “Não”, com a possibilidade de queda do governo de Renzi e da chegada ao poder de partidos populistas, deixa o plano de recapitalização em águas de bacalhau, visto que Renzi deixou parte das prestações para depois da data do referendo.

E a economia?

Os analistas da Capital Economics sublinham que o referendo — e a instabilidade que acarreta — vem numa má altura para a economia italiana. “Pode ser que a economia já se esteja a contrair”, sublinha uma nota divulgada pela empresa de consultadoria económica. “O PIB expandiu-se em apenas 0,3% no primeiro trimestre”, e foi de zero no segundo.

Uma recuperação para 0,3% no terceiro trimestre pode não ser suficiente para salvar a economia italiana, especialmente tendo em conta que “a incerteza política adicional no final do ano pode fazer com que os consumidores e as empresas atrasem as despesas, reduzindo ainda mais a procura”, escreve a Capital Economics.

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