Marcelo critica crescimento tardio e dívida elevada no primeiro discurso de Ano Novo

No primeiro discurso enquanto Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa criticou dívida pública "muito elevada" e crescimento económico "tardio e insuficiente".

No discurso de estreia enquanto Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa elogiou os esforços desenvolvidos no último ano — entre os quais o acordo do salário mínimo, o reforço do setor bancário e a aprovação do Orçamento do Estado para 2017 — mas sublinhou a necessidade de continuar a trabalhar em prol da estabilidade, do crescimento e do desenvolvimento. Por isso, considera, enquanto “2016, foi o ano da gestão do imediato, da estabilização política e da preocupação com o rigor financeiro. 2017 tem de ser o ano da gestão a prazo e da definição e execução de uma estratégia crescimento económico sustentado“, disse na noite deste domingo.

“É indesmentível que tivemos estabilidade social e política, que alcançámos até um acordo sobre salário mínimo, que os Orçamentos do Estado mereceram a aceitação da União Europeia, que cumprimos as nossas obrigações internacionais, que trabalhámos para reforçar o sistema bancário, que compensámos alguns dos mais atingidos pela crise, que houve, da parte de mais responsáveis, uma proximidade em relação às pessoas, ao cidadão comum, partilhando os seus sonhos e anseios, as suas angústias e desilusões”, disse, acrescentando: “Quer isto dizer que demos passos – pequenos que sejam – para corrigir injustiças e criámos um clima menos tenso, menos dividido, menos negativo cá dentro e uma imagem mais confiável lá fora, afastando o espetro de crise política iminente, de fracasso financeiro, de instabilidade social que, para muitos, era inevitável. Tudo isto foi obra nossa – nossa, de todos os portugueses“, disse Marcelo Rebelo de Sousa, à semelhança do balanço que fez aquando da promulgação do OE2017. No entanto, questionou: “O ano de 2016 chegou ao fim. Será que conseguimos dar passos em frente no caminho pretendido?”

A resposta, considera o Presidente da República, ficou aquém do necessário. “O crescimento da nossa economia foi tardio e insuficiente. Alguns domínios sociais sofreram com os cortes financeiros. A dívida pública permanece muito elevada. O sistema de justiça continua lento e, por isso, menos justo, a começar na garantia da transparência da política. O ambiente nos debates entre políticos foi mais dramatizado do que na sociedade em geral.

Para Marcelo, e com base nos princípios, o caminho para 2017 “é simples”, assegura: “não perder o que de bom houve em 2016 e corrigir o que falhou no ano passado”. “Não perder estabilidade política, paz e concertação, rigor financeiro, cumprimento de compromissos externos, maior justiça social, formação aberta ao mundo, proximidade entre poder e povo. Mas, ao mesmo tempo, completar a consolidação do sistema bancário, fomentar exportações, incentivar investimento, crescer muito mais, melhorar os sistemas sociais, mobilizar para o combate à pobreza infantil e curar de uma Justiça que possa ser mais rápida e, portanto, mais justa.

 

Unidos no essencial

Marcelo Rebelo de Sousa referiu ainda que 2016 serviu para aumentar “o nosso amor-próprio como Nação”. “(…)Ganhámos fôlego na formação para um novo tempo, com a Cimeira Digital, na presença constante junto dos compatriotas que, fora do nosso território físico, pertencem ao nosso território espiritual, em vitórias, por natureza, raras – das que o Euro foi feliz exemplo –, na afirmação do nosso papel no mundo, com a eleição de António Guterres como Secretário-Geral das Nações Unidas.”

Por isso, o Presidente da República sublinhou que, “quando queremos, unimo-nos no essencial” e “trabalhamos com competência, método e metas claras”, concluindo que, nesses casos, “somos os melhores dos melhores”. “E cumprimos o nosso destino, fazendo pontes, aproximando povos, chegando onde outros não chegam. Começa hoje um novo ano. Neste tempo que se abre, temos de reafirmar os nossos princípios e saber o que é preciso fazer primeiro.”

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