O ‘feeling’ de Marcelo confirmou-se: Exportações sobem, mas importações aumentam mais

A bola de cristal do Presidente estava certa, mas não a 100%. As exportações de bens em novembro subiram face ao mesmo mês de 2015, mas as importações subiram ainda mais.

A 9 de dezembro, Marcelo Rebelo de Sousa revelou o seu estado de alma, em reação à queda das exportações de bens em outubro: “Eu não sei porquê tenho um ‘feeling’ — sabe que o Presidente da República de vez em quando tem ‘feelings’ — que as exportações em novembro vão subir claramente. Veremos se o ‘feeling’ se confirma”. E confirmou-se: as exportações de bens em novembro subiram 7,6%, revelou o INE esta segunda-feira no destaque Estatísticas do Comércio Internacional. As importações aumentam mais, 8,4%, ou seja, a balança degradou-se.

A afirmação foi dada aos jornalistas, nesse mesmo dia, numa visita à Autoeuropa, em Setúbal. Ao lado estava António Costa que acompanhou o exercício do Presidente da República: “Sobre o FMI, o que registei do relatório é que eles, que acompanharam algum do ceticismo que muita gente teve no início deste ano sobre a evolução da nossa economia, mostraram-se agora agradavelmente surpreendidos por as previsões que tínhamos feito se estarem a aproximar da concretização e até terem, nalguns aspetos, um ‘feeling’ ainda superior ao meu e do senhor Presidente da República sobre a evolução da economia“.

Nesse mesmo dia os dados do Instituto Nacional de Estatística relativos ao mês de outubro revelavam que o comércio internacional de bens travou em relação ao ano passado. As exportações sofreram uma maior queda do que as importações: -3,5% e -1,7%, respetivamente. A quebra nas exportações de bens em outubro deve-se essencialmente “à redução de 4% registada no Comércio Intra-UE”.

Países fora da UE ajudam exportações a subir

O grande motor das exportações em novembro, face aos números do ano passado, foram os países fora da União Europeia. O volume de exportações portuguesas aumentou 16,6% no comércio Extra-UE, o maior crescimento do ano, sendo que na maior parte dos meses o registo tinha sido negativo. Para essa evolução contribuíram os principais clientes de Portugal: as exportações subiram para Angola (+16,8%), Espanha (+8,7%), França (+1,8%), Alemanha (+5,6%) e Reino Unido (+1,6%).

Taxa de variação homóloga das exportações de Portugal por país

Fonte: INE (Taxa de variação, em percentagem)
Fonte: INE (Taxa de variação, em percentagem)

Estes foram os países que deram gás às exportações portuguesas. Todas as categorias económicas aumentaram face a novembro de 2015, mas há setores que se destacam: os produtos alimentares e bebidas tiveram um crescimento de 14,4%, acompanhado logo a seguir pelas máquinas e outros bens de capital com uma subida de 12,4%. As exportações de automóveis para transporte de passageiros cresceram 3,2%.

Balança comercial agrava-se 91 milhões de euros

A balança comercial de bens continua a ser negativa em Portugal e não está a melhorar: o défice do comércio internacional de bens em Portugal agravou-se em pelo menos sete meses de 2016, incluindo outubro e novembro, faltando apenas conhecer-se os dados relativos a dezembro. “O défice da balança comercial de bens atingiu 791 milhões de euros em novembro de 2016, representando um aumento de 91 milhões de euros face ao mês homólogo de 2015”, explica o INE.

Em novembro esse fenómeno agravou-se também por causa de uma aceleração mais forte do lado das importações. Estas aumentaram 8,4% “em resultado das importações Intra-UE que cresceram 11,7%”, indica o INE, uma vez que as importações de fora da União Europeia até diminuíram (-3%). Nesse mês, Portugal foi ainda mais cliente de Espanha, Alemanha, Itália e França.

Taxa de variação homóloga do comércio internacional de bens

Fonte: INE (Taxa de variação homóloga, em percentagem)
Fonte: INE (Taxa de variação homóloga, em percentagem)

E quais foram os produtos que Portugal comprou mais ao exterior face a novembro de 2015? O principal aumento verificou-se no material de transporte e acessórios (+13,8%), nos bens de consumo (+11,8%) e nas máquinas e outros bens de capital (+11%). A compra de automóveis para transporte de passageiros aumentou 30%. Em sentido contrário, os combustíveis e lubrificantes registaram uma redução de 7,1%, devido aos óleos brutos de petróleo.

Depois de setembro ter sido um mês positivo para o comércio internacional de Portugal com as exportações a aumentarem 6,7% e as importações 2,2%, outubro foi de travagem e novembro inverteu a tendência mas com as importações a aumentar mais do que as exportações. Feitas as contas, o que diz o Instituto Nacional de Estatística sobre este trimestre? “No trimestre terminado em novembro de 2016, as exportações de bens cresceram 3,5% e as importações de bens aumentaram 2,8%, face ao período homólogo”, indica o destaque das Estatísticas do Comércio Internacional de novembro.

(Atualizado às 12h com gráficos)

Editado por Mariana de Araújo Barbosa (mariana.barbosa@eco.pt)

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