Investidores dos últimos aumentos de capital perdem… quase tudo
Os investidores que participaram nos últimos aumentos de capital - e mantiveram as ações - estão todos perder dinheiro. Ninguém escapa num banco com ações em mínimos históricos.
Os investidores que participaram nas operações de reforço de capital do banco, e mantiveram as ações, estão a sofrer perdas avultadas. Desde a crise financeira, quem foi aos vários aumentos de capital do BCP nunca ganhou dinheiro. Mas porquê? As ações estão em mínimos históricos. E com o desconto desta nova operação, os prejuízos vão acentuar-se.
O BCP tem feitos vários reforços de capital. O mais recente foi através da entrada da Fosun, mas nos últimos anos realizou outros, por exemplo, através da conversão de dívida em capital. Ainda assim, por várias vezes recorreu aos acionistas na busca por dinheiro fresco para pagar ao Estado ao para puxar pelos rácios para o nível exigido pelo BCE. Desde a crise em Portugal, em 2011, fez três operações. Esta será a quarta.
Desta vez, o banco procura 1,3 mil milhões de euros, vendendo cada título a 9,4 cêntimos. É uma operação realizada com um desconto de 38,6% face ao valor de fecho de dia 9 de janeiro — utilizado como referência para a emissão das novas ações — que vai colocar pressão em títulos que estão já em mínimos históricos. E, assim, vai acentuar as perdas registadas pelos acionistas que acorreram às últimas operações de reforço de capital.
A última operação do género foi realizada em 2014, altura em que o banco realizou um aumento de capital de 2,2 mil milhões de euros com ações vendidas a 6,5 cêntimos, um valor que tem de ser ajustado tanto a outras operações de reforço de capital como à fusão das ações realizada recentemente em que 75 títulos passaram a ser apenas um. As perdas para estes investidores? Na ordem dos 90%. Mas há mais.
Em 2012 e 2011, o BCP tinha já realizado outros dois aumentos de capital através da emissão de novas ações para os acionistas, tanto os atuais como novos que quisessem participar na operação. À data, o BCP vendeu as novas ações na emissão de 2012 a 4 cêntimos, abaixo dos 36 cêntimos a que colocou os títulos no mercado em 2011. Estes valores também não estão ajustados a outras emissões realizadas posteriormente, mas as perdas são, mais uma vez, avultadas.
Milhares de milhões em capital
Só nas três operações realizadas desde 2011 o BCP captou 3 mil milhões de euros junto dos investidores, montante que vai aumentar em 1,3 mil milhões de euros — está certo que vai já que a Fosun assegurou que vai participar, elevando a sua posição para 30% do capital, mas também porque os bancos colocadores das novas ações, o JPMorgan e o Goldman Sachs, vão ficar com os títulos caso não haja mais investidores interessados.
No total, nestas operações o BCP consegue 4,3 milhões de euros, mas a este saldo é preciso juntar mais 176 milhões de euros que a Fosun injetou para passar a deter mais de 16% do banco. E depois há ainda mais 387 milhões de euros obtidos com uma operação de troca de dívida realizada em 2015 e outros 990 milhões de euros na troca de títulos de divida perpétua subordinada realizada em 2011.
Antes disso, e com a crise financeira que rebentou com a queda do Lehman Brothers a manter os investidores afastados dos mercados acionistas, especialmente do setor financeiro, o BCP tinha realizado um aumento de capital de montante idêntico ao que agora tem em curso: 1,3 mil milhões de euros, com cada a ação a ser vendida a 1,20 euros, à data. Isto depois de ter realizado outros 15 aumentos de capital com a emissão de novas ações desde a criação do banco em 1985 — fora outras operações.
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