Da corrida ao ensino superior à meta: as profissões de amanhã

Já se sabem as vagas do ensino superior para 2017: são mais, sobretudo em Informática. Mas como escolher? Saiba o que procura o mercado de trabalho e o que dizem os psicólogos.

Numa altura em que tudo é digital, as carreiras não são exceção. A informática é a área do momento, com o maior aumento de vagas no ensino superior e novas profissões a surgirem. Mas não é a única: Engenharia Mecânica, Eletrónica e Ciências da Informação também estão no topo das escolhas dos empregadores. Saiba mais sobre as profissões do futuro, as competências que as empresas procuram e algumas dicas para entrar no mercado de trabalho com o pé direito.

Foram lançadas as vagas ao ensino superior esta semana, e resumidamente, o cenário é o seguinte: as três áreas com mais vagas são a Engenharia e Técnicas Afins, as Ciências Empresariais e a Saúde. Contudo, aquela que viu o maior aumento de vagas foi Informática — tem lugar para mais 164 alunos este ano, segundo a Direção Geral do Ensino Superior (DGES), devido à “crescente procura do mercado” e a esta ser uma “economia de maior valor acrescentado” na qual interessa investir. Para além desta prioridade, a DGES diz querer reforçar o ensino superior profissional, apesar do aumento das vagas em universidades (mais 114) ser superior ao aumento nos politécnicos, que só acrescenta 36 lugares.

“Funcionário precisa-se”: nesta área e com este perfil

À entrada do Ensino Superior é este o cenário, mas então, e à saída? Patrícia Gonçalves, gestora sénior na Randstad em Portugal, disse ao ECO os cursos mais procurados pelas empresas através desta consultora de recrutamento: “Neste momento são os de Engenharia Mecânica, Eletrónica, Informática e Ciências da Informação“. Quanto aos próximos cinco anos, a Randstad diz ser difícil fazer previsões mas que a procura em desenvolvimento de produto e na área de informática tem sido “recorrente”, e as solicitações para especialistas em hardware e firmware cada vez mais frequentes também.

Quanto ao ensino em institutos politécnicos, as estatísticas da Randstad desencontram-se com a aposta do Governo. Segundo Patrícia Gonçalves, “os empregadores tendencialmente valorizam os candidatos com formação em universidades em detrimento do politécnico, salvo raras exceções”.

O Manpower Group também se dedica a encontrar correspondência entre as empresas e os trabalhadores. Aquilo que a empresa observa é que as profissões com mais procura são de facto técnicas (eletricistas, carpinteiros, soldadores, ladrilhadores, canalizadores) mas que o mercado está a evoluir de forma a privilegiar cada vez mais as chamadas soft skills. O profissional ideal? Deve combinar as competências técnicas com “resolução de problemas complexos, pensamento crítico, criatividade, gestão de pessoas, a coordenação com os outros e a inteligência emocional“.

E agora, o que escolher?

A bússola das recrutadoras e das vagas para o ensino superior apontam numa direção, mas existem muitas outras possibilidades. O ECO falou com duas psicólogas educacionais, Célia Alverca e Sandra Helena, para perceber as maiores preocupações dos estudantes e como ultrapassá-las.

Segundo Célia Alverca, os alunos receiam sobretudo que o curso não corresponda às suas expectativas, que não o consigam concluir e por fim, não arranjar emprego na área escolhida, que ” tem tido um peso relevante nos últimos anos“. Sandra Helena sublinha a influência deste último receio e acrescenta que o retorno financeiro que se espera da profissão ou o facto de conhecer alguém próximo com determinada ocupação podem também pesar.

Áreas desaconselháveis? Não existem, uma vez que “um dos fatores mais importantes do projeto de vida de um indivíduo é a sua realização pessoal e profissional” e a concretização de sonhos é o que dá origem a “um bom profissional e um cidadão equilibrado“, defende Célia Alverca. Sandra Helena salienta que uma profissão de aparente fraca saída profissional “pode até tornar-se uma grande saída profissional para esse jovem” — basta que este seja especialmente interessado e empenhado na matéria.

Como sair desta encruzilhada? Ambas as psicólogas apontam para o contacto com profissionais da área desejada como uma fonte de conhecimento incontornável. E se possível, ter contacto com estes profissionais no local de trabalho, defende Célia Alverca. Em segundo lugar, Sandra sugere aos estudantes que frequentem as universidades de verão, “de forma a perceberem o melhor o curso, incluindo o ambiente”.

A evitar, duas coisas: Sandra Helena destaca a “pouca ponderação“. Célia Alverca salienta como desaconselhável “deixar que alguém escolha o curso por si“. “O projeto de vida é algo muito pessoal e deve ser construído pelo próprio”, sustenta.

Para aqueles que ainda assim não estejam seguros das suas escolhas, as psicólogas têm algumas palavras de consolo. “Não há problema nenhum de não acertar à primeira” assegura Sandra Helena, pois todos os passos implicam conhecimento, “até daquilo que não se gosta”.

Três profissões para amanhã

Se o grande boom é na informática, as grandes novidades em termos de profissões também. O World Economic Forum diz-nos que 65% dos estudantes que entram hoje no ensino primário terão profissões que ainda nem sequer existem. A Microsoft e o The Future Laboratory juntaram-se para perceber quais são as profissões que ainda não conhecemos mas estão aí a chegar. O ECO apresenta-lhe três:

  1. Designer de Ambientes Virtuais
    Entretenimento, trabalho e aprendizagem: tudo poderá ser feito em cenários de realidade virtual. Kevin Kelly, o fundador da Wired, acredita que a realidade virtual vai ser “a próxima plataforma dominante a seguir aos smartphones“. Uma profissão que requer a visão espacial de um arquiteto, a estruturação de narrativas como um designer de jogos ou um editor e conhecimentos de psicologia e do comportamento humano. Só assim se poderão criar as ilusões que tornarão a realidade virtual verdadeiramente real.
  2. Advogado de Ética Tecnológica
    O mundo da robótica está a crescer: o banco americano Merrill Lynch estima que nos próximos cinco anos robots e inteligência artificial representem um mercado de 153 mil milhões. Com esta revolução, levantam-se também as questões éticas e a necessidade de regular as interações e relações entre humanos e máquinas — aqui, entram estes “novos advogados”. A Alemanha por exemplo já investiu cerca de 200 milhões em investigação nesta área.
  3. Criativo de Internet das Coisas
    Internet das Coisas? Aqui fala-se de uma realidade em que os eletrodomésticos lá de casa estão todos ligados de forma a haver uma gestão inteligente das casas e das tarefas do dia-a-dia. Se a realidade virtual é um mercado na ordem dos milhares de milhões, a Internet das Coisas ou IoT já estava nos 1,9 biliões em 2013 e acredita-se que chegue aos 7,1 biliões em 2020, conta a IDC Research. Por isso mesmo, para além dos técnicos que desenvolvem estes sistemas, serão precisos analistas que os interpretem e comuniquem. Essencial é saber detetar padrões e ter a capacidade de lhes atribuir significado e fazer chegar aos utilizadores.

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