EUA olham para o lado. Bancos europeus batem o pé a Basileia

  • Rita Atalaia
  • 30 Agosto 2017

A Federação Bancária Europeia defende que as regras de Basileia, que definem os requisitos mínimos de capital dos bancos, só devem ser aplicadas na Europa quando os EUA assumirem um compromisso sério.

Presidente da Federação Bancária Europeia, Wim Mijs.

Os bancos europeus não querem cumprir as regras mais exigentes de Basileia, que definem o capital mínimo para as instituições financeiras, bem como devem gerir o risco na sua carteira de ativos. Para a Federação Bancária Europeia (EBF, na sigla em inglês), a banca não deve respeitar o que é imposto enquanto o compromisso dos EUA em relação a este tema continuar a ser “superficial”. O facto de os países não embarcarem todos nesta reforma da lei financeira vai fazer com que os bancos enfrentem “concorrência desleal”, defende a entidade.

De acordo com uma carta enviada ao comissário europeu para os Assuntos Financeiros, Valdis Dombrovskis, a que a Bloomberg teve acesso, a EBF diz que a UE deve excluir as novas regras de supervisão bancária, acordadas no ano passado, que definem como é que os bancos negoceiam obrigações, derivados e outros ativos. Argumentam que são penalizadoras para o setor. Para além disso, as regras para os requisitos de capital também devem ser “reconsideradas”, lê-se no documento datado de 28 de agosto.

"Considerando o atual compromisso superficial de outras jurisdições e a ausência de uma metodologia internacional para estas duas reformas, há o risco significativo de os bancos europeus, e a economia que suportam, virem a enfrentar concorrência desleal.”

Wim Mijs

Presidente da Federação Bancária Europeia

“Considerando o atual compromisso superficial de outras jurisdições e a ausência de uma metodologia internacional para estas duas reformas, há o risco significativo de os bancos europeus, e a economia que suportam, virem a enfrentar concorrência desleal”, refere o presidente da EBF, Wim Mijs.

A carta foca-se em duas regras que ainda não entraram em vigor por ainda estarem em discussão. Em primeiro lugar, nos requisitos de capital e do risco associado aos ativos em carteira e, em segundo, nas regras que forçam os bancos a terem rácios de capital elevados para se protegerem de crises de liquidez no mercado. Estas novas regras aumentam indevidamente os requisitos de capital e limitam o “desenvolvimento muito necessário dos mercados de capital na União Europeia”, defende a EBF.

Este pedido é feito depois de o Departamento do Tesouro dos EUA ter revelado um plano, em junho, que levanta questões sobre o apoio dos EUA aos padrões globais definidos pelo Comité de Supervisão Bancária de Basileia. No documento, há um apelo aos reguladores norte-americanos para aliviarem ou reescreverem as restrições impostas a Wall Street após a crise financeira de 2008. O Tesouro recomendou adiar a implementação destas duas regras nos EUA “até estarem devidamente calibradas e avaliadas”, porque “introduzem requisitos de liquidez e de capital potencialmente desnecessários” para além das regras existentes, descreve a EBF.

Dombrovskis e o governador do banco central de França, Francois Villeroy de Galhau, pediram aos EUA para cumprirem as regras. E nenhum sugeriu que a UE devia deixar de se seguir o que é imposto pelo comité já que o objetivo destas regras mais exigentes é salvaguardar que o sistema financeiro da região é sólido, procurando evitar-se um colapso financeiro e económico como o que aconteceu após a queda do Lehman Brothers, em 2008.

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