Portugal com juros negativos recorde depois de sair de “lixo”
O IGCP foi ao mercado pela primeira vez após a decisão da S&P de retirar Portugal de "lixo". No duplo leilão de dívida de curto prazo obteve taxas negativas recorde.
A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) foi ao mercado pela primeira vez após a decisão da Standard & Poor’s de retirar Portugal de “lixo”. No duplo leilão de dívida de curto prazo obteve taxas negativas recorde para se financiar em 1.750 milhões de euros.
Portugal colocou a maior fatia dos 1.750 milhões de euros em títulos a 12 meses, prazo no qual obteve uma taxa de -0,345%, um juro bem mais negativo do que o de -0,259% registado na última operação com igual maturidade, realizada a 19 de julho. A procura neste prazo foi de 2,1 vezes a oferta.
Juros portugueses a dez anos aliviam
Na maturidade a seis meses, na qual o IGCP colocou 500 milhões de euros (a procura foi de 2,83 vezes a oferta), a taxa foi igualmente a mais baixa de sempre. Baixou de -0,292% para -0,363%.
Estes juros negativos seguem a tendência verificada nos últimos leilões de bilhetes do Tesouro levados a cabo pelo IGCP, sendo que a queda das taxas para terreno ainda mais negativo reflete a revisão em alta do rating do país por parte da S&P. A agência de notação financeira tirou Portugal de “lixo”. O rating está agora em BBB-.
"O país conseguiu as taxas mais baixas de sempre para estes prazos e ambas foram, mais uma vez, negativas. Era o que se esperava: depois da subida de rating por parte da S&P e a perspetiva de estável por parte da Moody’s.”
“Nesta operação, o país conseguiu as taxas mais baixas de sempre para estes prazos e ambas foram, mais uma vez, negativas. Era o que se esperava: depois da subida de rating por parte da S&P e a perspetiva de estável por parte da Moody’s, a dívida portuguesa de longo prazo estreitou e o curto prazo está a ter o mesmo comportamento. Não é de estranhar, por isso, que tenha sido emitido o montante máximo previsto”, diz Filipe Silva, diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa.
“Se o mercado já confiava em Portugal nos leilões a curto prazo, o interesse hoje foi ainda maior depois do upgrade da S&P na sexta-feira à noite. No panorama internacional, Portugal é agora a estrela dos mercados europeus de dívida pública“, diz Steven Santos.
“Embora o upgrade da S&P tenha mais impacto na zona longa da curva de rendimentos, as colocações a curto prazo também beneficiam, como mostra o duplo leilão de hoje. Note-se, porém, que estas operações no mercado monetário têm um peso residual no financiamento líquido do Estado e visam refinanciar bilhetes do Tesouro que vão vencendo”, nota o gestor do BiG.
(Notícia atualizada às 11h40 com mais informação)
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