Bruxelas leva pizzas da Brieftime a milhões de frigoríficos

  • Juliana Nogueira Santos
  • 29 Setembro 2017

Começaram a produzir pizzas refrigeradas em março de 2016 como "teste". Mais de um ano depois o teste passou a uma produção mensal de um milhão de pizzas. A levedura foram os fundos comunitários.

E sai mais uma fornada de pizzas da linha de produção da Brieftime.Brieftime

Quantas vezes já abriu o frigorífico para decidir o que ia comer e ali estava ela, uma pizza refrigerada que fica pronta para comer em poucos minutos? E quantas vezes pensou onde foi confecionada? Ainda que esta não seja a primeira dúvida que surge quando alguém está com muita fome, há uma grande probabilidade dessa ter sido confecionada pela Brieftime, na única fábrica de pizzas refrigeradas de Portugal.

Depois de mais de um ano “em fase de testes”, como explicou ao ECO o presidente e cofundador da marca, Pedro Teixeira, e somando já vendas para três dos maiores grupos de retalho portugueses, chegou a altura de inaugurar as instalações do Porto Alto onde realmente se põem as mãos na massa. “Achámos que a inauguração deveria ser feita numa altura em que tivéssemos consolidado a operação”, justifica Pedro Teixeira. E assim acontecerá nesta sexta-feira.

Uma fase de testes de um milhão de pizzas mensais

Com uma área de cinco mil metros quadrados e capacidade de produção de quatro mil pizzas por hora, a Brieftime iniciou a produção em março de 2016, numa altura em que não havia nenhuma empresa deste tipo. A operação contou com o apoio de fundos comunitários e de capitais privados, num total que ascendeu aos 5,5 milhões de euros. Meses depois, o grupo Sonae escolheu a marca para fabricar a linha de marca branca “Fácil e Bom” à venda em todas os estabelecimentos do grupo. “De março a junho passámos de três a 14 tipos, ou seja, de 15 a 20 mil pizzas mensais a 400 mil”, lembra Pedro Teixeira.

Pedro Teixeira é presidente e cofundador da Brieftime.Paula Nunes/ECO

Mas a produção não se ficou por aí. À Sonae juntou-se o grupo Dia, que detém as lojas Minipreço em Portugal e Espanha, e o grupo Mosqueteiros, dono do Intermarché, e por entre mercado espanhol e português, o volume de produção teve de ser aumentado, com a fábrica a produzir agora um milhão de pizzas por mês.

“Estamos no limite de produção, a trabalhar três turnos de segunda a sábado”, acrescenta Pedro Teixeira. “Começámos com testes à produção, mas um milhão de pizzas já não é um teste.” Teste ou não, a empresa estima que a faturação do primeiro ano de produção ascenda aos 13 milhões de euros em vendas. “Em 2018, de certeza que será mais”, garante, orgulhoso, o empreendedor.

A fábrica da Brieftime está a produzir um milhão de pizzas por mês, tendo já atingido o limite de produção. As máquinas funcionam em três turnos, de segunda a sábado.Brieftime

A equipa é constituída por 70 colaboradores, havendo também planos de expandir até aos 80 colaboradores até ao fim deste ano. “É completamente anormal ter estes números numa indústria desta dimensão e numa categoria com esta maturidade”, nota Pedro Teixeira. Mas não foi um crescimento fácil.

Dores de startup e vícios de grande empresa

Em apenas um ano, a Brieftime conseguiu entrar em milhões de frigoríficos pela Península Ibérica fora. Parece um contrassenso considerar uma empresa com um volume de produção tão elevado uma startup, mas, com apenas um ano de idade, também o parece ao apelidar de grande produtora. O presidente distingue: “Temos algumas dores de startup e alguns vícios de empresa relevante”.

"Estamos no limite de produção, a trabalhar três turnos de segunda a sábado. Começámos com testes à produção, mas um milhão de pizzas já não é um teste.”

Pedro Teixeira

Presidente e cofundador da Brieftime

Os obstáculos no crescimento são considerados pelo mesmo uma das “dores”, na medida em que “foi bastante doloroso para os trabalhadores, para os fornecedores e todas as entidades que nos circulam”. “Não foi natural”, arrisca afirmar Pedro Teixeira. Por outro lado, o investimento inicial permitiu à empresa chegar à banca, financiar-se mais facilmente e obter uma garantia mútua.

A fachada da fábrica da Brieftime, no Porto Alto.Brieftime

O limite de produção deixa de ser um impedimento quando se fala em novos negócios. “Embora tenhamos uma produção elevada face à capacidade total, continuamos no mercado”, esclarece Pedro Teixeira, avançando que a empresa está em conversações com o Lidl e com outros clientes espanhóis. “As portas não estão fechadas a nenhum cliente”, afirma o mesmo, quando o nome Jerónimo Martins chega à conversa.

Fundos comunitários também chegam às pizzas

Se o apoio dos fundos comunitários foi indispensável na primeira fase do projeto, com o presidente da empresa a afirmar que, se não fosse o apoio de 1,7 mil milhões do Quadro de Referência Estratégico Nacional “o projeto não existiria”, também o será depois desta fase de consolidação. A empresa candidatou-se ao Portugal 2020, tendo sido aprovada uma tranche de um milhão de euros, que irá ser canalizada para o desenvolvimento do produto.

"O QREN foi a semente, agora o desafio é criar valor.”

Pedro Teixeira

Presidente e cofundador da Brieftime

No setor na distribuição, a categoria das pizzas refrigeradas vale cerca de 30 milhões de euros, um campo que é liderado por marcas de distribuição. “O setor não foi capaz de receber marcas com muita notoriedade”, dando como exemplo a Milaneza ou a Campofrio, duas grandes marcas de fabricante que não conseguiram singrar no mercado dos refrigerados. Será esse caminho que a Brieftime quer desbravar, através da criação de um departamento de investigação, desenvolvimento e inovação.

“A inovação passa para além dos ingredientes, temos de chegar à embalagem, à experiência de comer uma pizza em casa”, defende Pedro Teixeira. “Vai passar por criar uma marca própria para entrar no mercado português.” A preocupação com o ambiente também vai levar a empresa a investir em painéis solares, cortando assim custos no processo de produção. “O QREN foi a semente, agora o desafio é criar valor.”

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