Há uma nova plataforma de partilha de carros em Portugal

Chama-se Parpe e veio do Brasil. A partir outubro permitirá aos portugueses porem os carros a render, dando também uma nova alternativa de mobilidade. Quer faturar 600 mil euros até final de 2018.

There’s a new kid in town. Em breve, os portugueses vão ter acesso a mais uma plataforma que, para uns, será mais uma alternativa de mobilidade e, para outros, uma nova fonte de rendimentos. O conceito é importado do Brasil e funciona como o Airbnb… mas com carros. Deverá começar a operar durante este mês de outubro e já aceita registos de novos utilizadores.

Mas vamos por partes. O serviço chama-se Parpe e enquadra-se no segmento do carsharing peer-to-peer. São dois jargões da economia da partilha e, em português bem falado, significa que vai permitir a qualquer pessoa alugar um carro a outra, rentabilizando-o quando o tem parado na garagem. Ou seja, a Parpe tem dois tipos e utilizadores: os que disponibilizam os seus carros e os outros que os alugam.

“Já estamos oficialmente em Portugal desde abril deste ano, mas estamos em fase de pré-lançamento. O que é isto? Estamos a aceitar o registo de viaturas na nossa plataforma”, explica ao ECO o presidente e chairman da Parpe Portugal, Fábio Alves. “Estamos a alimentar a nossa lista e viaturas que estará disponível a partir do mês de outubro para alugar”, acrescenta. Durante a conversa, o gestor sublinha diversas vezes que a Parpe é “líder de mercado” no Brasil.

Questionado sobre se acredita que os portugueses vão adotar este conceito, Fábio Alves é perentório: “Não tenho a mínima dúvida.” Faz ainda o cruzamento deste conceito com o das plataformas de alojamento local: “A nossa estimativa é que os mercados mais maduros em Portugal, com um mindset mais virado para o alojamento local, vão aceitar bem a economia da partilha da mobilidade.”

E continua: “Há aqui um casamento muito interessante entre o utilizador que é empreendedor nessas plataformas com o empreendedor que, para além de partilhar a casa, coloca o carro noutra plataforma. Há inúmeras pessoas que, em Lisboa, estão a explorar todo o potencial do alojamento local. E não são só proprietários: são pessoas cuja atividade passa por gerir essas habitações”, refere.

A nossa estimativa é que os mercados mais maduros em Portugal, com um mindset mais virado para o alojamento local, vão aceitar bem a economia da partilha da mobilidade.

Fábio Alves

Responsável da Parpe Portugal

Fábio Alves parece ser a imagem desse empreendedor. Primeiro, porque garante que também é um desses gestores, explorando e gerindo casas nas plataformas Airbnb e Booking em Lisboa e no Algarve.

Depois, porque foi a proatividade que o pôs aos comandos da Parpe em Portugal: “Decidi contactar diretamente a Parpe. Abordei diretamente a Parpe no sentido de convidá-la a implementar-se em Portugal”, conta. A ideia foi bem recebida no Brasil e o plano que foi desenhado é ainda mais ambicioso: Portugal é só a porta de entrada para a Europa: “Queremos, com toda a humildade mas também com toda a propriedade, tornarmo-nos um player global de economia da partilha”, atira.

Fábio Alves, o empreendedor à frente da Parpe PortugalD.R./Parpe Portugal

Como funciona?

A Parpe já tem um site e está a aceitar o registo de automóveis. Requer uma conta de Facebook a todos os utilizadores, assim como alguns dados pessoais e documentos do automóvel, para validação. É o proprietário do automóvel que escolhe o preço a cobrar por dia de utilização, mas existe um algoritmo que faz sugestões dentro do que é praticado no mercado.

Quando iniciar operações, a Parpe será intermediária dos pagamentos dos alugueres: ficará com 20% do valor sob a forma de comissão, enquanto o proprietário receberá os restantes 80%. Qual é a vantagem, então, de pôr o carro na plataforma, ao invés de o alugar diretamente? Segundo Fábio Alves, o benefício é o seguro. A partir do momento em que se inicia o aluguer, o automóvel fica ao abrigo de um seguro da Liberty, sem qualquer custo para o proprietário.

Para já, a plataforma conta com vários automóveis em destaque no site, dentro de um limite máximo de 15 anos e 200.000 quilómetros. À hora em que o ECO acedeu à plataforma, a lista incluía um Fiat 500 de 2015 por 34 euros por dia, um Nissan Leaf (elétrico) de 2011 por 65 euros diários, ou um Audi A4 de 2016 por 144 euros por dia, por exemplo. Dos seis automóveis destacados, todos eram propriedade de “Joana”, que o ECO sabe tratar-se de uma rent-a-car. Ainda assim, Fábio Alves está satisfeito com esta fase de pré-lançamento: “Estamos a ter um registo de utilizadores muito acima do esperado”, avança.

O ECO questionou também Fábio Alves acerca dos objetivos da empresa. O gestor indica que, para já, a meta são 1.000 carros até final de 2018, “dentro de uma oferta diversificada, entre special cars [supercarros e carros clássicos], carros utilitários e carros citadinos”. Recusou-se, contudo, a avançar os objetivos financeiros. No entanto, o ECO apurou que a Parpe Portugal espera ter receitas de 600 mil euros neste período.

A Parpe Portugal já aceita registos e obriga a ter uma conta no Facebook

Quanto a questões legais, a Parpe estará a ser assessorada pela sociedade de advogados Macedo & Vitorino. “Houve um estudo prévio não só do mercado como também da componente legal e, em função disso, decidimos fazer o chamado cálculo do risco e avançar para a implementação. A nível da União Europeia, estão a ser preparadas diretivas, portanto, o legislador ainda não sabe o que aí vem em termos de regulamentação do setor”, reconhece também Fábio Alves.

Valerá a pena alugar na Parpe? Para já, existirão alternativas mais acessíveis, como as rent-a-car. Na Europcar, é possível alugar um Fiat 500 para recolha às 9h e devolução às 18h por 26,40 euros (sujeito ao horário do posto da empresa), valor que compara com os 34 euros diários do mesmo veículo na Parpe. Na InterRent, o mesmo automóvel custa 40,93 euros, um valor superior.

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