Ferro Rodrigues: “Tancos teve momentos altamente cómicos”

  • ECO
  • 25 Outubro 2017

Em entrevista à Visão, o presidente da Assembleia da República afirma que "Tancos teve momentos altamente cómicos". O material desaparecido foi encontrado na Chamusca na semana passada.

Eduardo Ferro Rodrigues considera que o caso de Tancos é “grave”, mas admite que “teve aspetos altamente cómicos”. Em entrevista à Visão, o presidente do Parlamento afirma que “vai ter de se apurar quem promoveu, realmente, esta situação e quem ganhou com ela”. Em causa está o alegado roubo de material militar de guerra no final de junho, entretanto recuperado pela Polícia Judiciária Militar na Chamusca.

No final de setembro, o semanário Expresso revelou um relatório do serviço de informações militares sobre o caso dos Paióis Nacionais de Tancos onde se pode ler que Azeredo Lopes, ministro da Defesa, agiu “com ligeireza, quase imprudente”, revelando uma “arrogância quase cínica”. O documento revela ainda que o assalto revela “fragilidade de liderança e da capacidade de gestão de crise, quer ao nível militar, quer ao nível político”. O ministro da Defesa chegou a dizer, em entrevista, que, “no limite pode não ter havido furto”. Azeredo Lopes admitiu não saber “se alguém entrou em Tancos”.

Em julho, o Ministério Público tinha decidido abrir um inquérito ao caso de Tancos, na sequência de terem sido levantadas suspeitas de tráfico de armas e terrorismo internacional. “Estão em causa, entre outras, suspeitas da prática dos crimes de associação criminosa, tráfico de armas internacional e terrorismo internacional”, afirmava a Procuradoria-Geral da República.

Costa pediu desculpa “com alguma dificuldade”

Numa entrevista que marca os dois anos de mandato, o presidente da Assembleia da República falou ainda sobre os partidos à esquerda do PS, as eleições internas do PSD, o Processo Marquês, as tragédias dos incêndios e a geringonça. Ferro Rodrigues admite que António Costa pediu desculpas aos portugueses “com alguma dificuldade”.

Quanto às eleições internas do PSD e, em particular, ao regresso de Pedro Santana Lopes à política ativa, Ferro Rodrigues considera que “às vezes, certas mortes [políticas] são anunciadas com precipitação… as pessoas regressam“. Sobre o futuro do maior partido da oposição, o socialista questiona-se sobre se algo verdadeiramente mudará: “Será que isso [realinhar do PSD ao centro] vai alterar a política de alianças dos sociais-democratas?…”

Já para o PCP e o PS, Ferro Rodrigues tem uma mensagem: “Tenho muita dificuldade em saber o que é hoje a extrema-esquerda”, afirmou à Visão. O presidente da AR considera que atualmente “o eleitorado já não vai em promessas irrealistas”, argumentando que o eleitorado está “farto da política do quanto pior melhor”.

Ferro Rodrigues rejeitou comparações entre o caso Casa Pia e o Processo Marquês. “Finalmente, os dados são todos públicos. Há uma acusação que foi escrita e que existe. Agora entramos na parte do processo em que ambas as partes têm o acesso à mesma informação e têm a capacidade de procurar os seus pontos de vista”, afirmou o presidente da AR, recusando responder a mais questões — “Não sou analista jurídico, nem pretendo ser”, terminou.

(Notícia atualizada pela última vez às 16h57)

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