Carlos Costa: “No dia em que acontece um acidente, o supervisor é acusado de ter estado desatento”

O governador do Banco de Portugal defende-se de casos em que os clientes são "enganados" e diz que isso acontece porque as instituições aproveitam "lacunas na regulação".

O governador do Banco de Portugal apelou, esta terça-feira, a uma revisão das áreas de atuação das instituições de regulação e de supervisão do setor financeiro. Isto para evitar que, quando haja “um acidente”, os supervisores sejam acusados de “desatenção”.

Carlos Costa falava durante o Banking Summit, uma conferência que decorre até quarta-feira e onde se debate a digitalização da banca, e referia-se aos novos produtos trazidos ao mercado pelas chamadas fintech. Mas a declaração do governador tem também paralelos com aquilo que já por várias defendeu relativamente ao caso Banco Espírito Santo (BES): que o Banco de Portugal não atuou mais cedo porque não tinha autonomia para fazê-lo.

No dia em que acontece um acidente, o supervisor é acusado de ter estado desatento, quando o supervisor não tinha de estar atento, porque não era a sua responsabilidade. E surgem como consequência os que se consideram enganados por aquilo que não foi um engano, foi pura e simplesmente uma vontade de tirar benefício de lacunas regulatórias ou de instituições que não estão cobertas nem pela supervisão, nem pela legislação”, atirou Carlos Costa, no encerramento do primeiro dia do Banking Summit, a decorrer em Lisboa.

Assim, o governador sublinha que a “identificação de novos riscos dos produtos colocados no mercado tem de ser uma prioridade, de forma a ir visitar zonas sombra, com menores exigência”.

"Os que se consideram enganados foram enganados por aquilo que não foi um engano, foi vontade de tirar proveito de uma lacuna na regulação.”

Carlos Costa

Governador do Banco de Portugal

As declarações de Carlos Costa são proferidas também no dia em que a SIC vai transmitir uma reportagem com novas informações sobre a atuação do Banco de Portugal no caso do Grupo Espírito Santo (GES). A reportagem da estação televisiva mostra que, em março de 2014, cinco meses antes do colapso do universo Espírito Santo, o regulador já tinha informações sobre a real situação financeira da Rioforte, a holding não financeira do GES, mas optou por não as revelar ao mercado.

À saída da conferência, Carlos Costa não quis responder às perguntas dos jornalistas e saiu sem prestar quaisquer declarações.

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