Banca quer exigências semelhantes para concorrer com as fintech
A posição é vincada pelo BCP, Novo Banco, CGD, Montepio e Crédito Agrícola. Os bancos estão dispostos a aceitar as chamadas fintech, mas as regras têm de ser as mesmas para uma concorrência justa.
A banca está disposta a aceitar as chamadas fintech, mas a concorrência tem de ser justa. A posição é deixada pelo Novo Banco, BCP, Caixa Geral de Depósitos (CGD), Montepio e Crédito Agrícola no Fórum Banca, promovido pelo Jornal Económico e PwC. Os banqueiros afirmam que as regras não são as mesmas, o que cria muita incerteza no futuro.
“Há aqui de facto um paradoxo grande em termos de supervisão e regulação”, o que coloca vários desafios, começa por dizer o presidente da CGD. Paulo Macedo diz ser favorável às financeiras tecnológicas, mas tem de haver igualdade a nível da concorrência. As fintech, diz, “não têm bases de capital nem rácios de capital. Isso coloca um desafio à banca”. Isto porque “querem concorrer na parte dos pagamentos e créditos”, deixando para os bancos os depósitos, que envolvem custos e regulação. “As fintech fogem dos depósitos como o diabo da cruz.”
Uma ideia que é partilhada pelo presidente do BCP. Nuno Amado nota que “se o digital é inevitável, então precisamos de alguma tranquilidade e ainda não vejo isso em 2018”. É no início do ano que entram em vigor novas regras para o setor bancário com novas exigências de capital.
"As fintech querem concorrer na parte dos pagamentos e crédito. Fogem dos depósitos como o diabo da cruz.”
Para o presidente do BCP, esta alteração do paradigma traz oportunidades, mas que pesam nos bancos. “Coloca-nos num level playing field muito difícil”, ou seja, numa concorrência que não é justa. “A abertura do mercado a outros players faz sentido, mas as regras têm de ser as mesmas, sob pena de estarmos a criar um sistema bancário colateral que pode vir a ter riscos que não conhecemos.”
“A banca precisa de ter as mesmas condições de negócio que têm alguns dos potenciais concorrentes. Há que regular e ver o que queremos da banca no futuro, estimulando mas dando as mesmas condições de concorrência”, afirma o presidente do Montepio, Félix Morgado.
O presidente do Novo Banco, agora vendido ao Lone Star, afirma que esta nova realidade levanta muitas dúvidas. “[O ano de] 2017 encerra um processo de estabilização e reabre um processo de incerteza”. Isto porque tem de haver uma abertura a um ajustamento do modelo de negócio e uma resposta aos novos desafios colocados pela nova geração de clientes. “O grande desafio da banca colocou-se porque chegou uma nova geração de cliente bancário que exige tecnologia e não está disposto pagar comissões de nada“, salienta Licínio Pina, líder do Crédito Agrícola.
No mesmo evento, Elisa Ferreira, vice-governadora do Banco de Portugal considerou que os bancos têm de se preparar para a nova realidade das fintech. Isto deve passar pelo ajustamento dos modelos de negócio das instituições financeiras, que devem estar “no centro da inovação tecnológica”, afirmou a responsável no Fórum Banca. Para a vice-governadora do Banco de Portugal, o grau de preparação do sistema financeiro ainda é insuficiente.
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