Há mais 10 mil funcionários públicos em dois anos de “geringonça”

  • Marta Santos Silva
  • 15 Fevereiro 2018

As estatísticas publicadas esta quinta-feira mostram que no ano passado o número de funcionários públicos na administração pública aumentou em cerca de 5,5 mil, uma subida idêntica à de 2016.

O ano de 2017 terminou com mais 5.500 pessoas empregadas pelo Estado português do que no ano anterior, com uma subida de 1,3% no quarto trimestre, que costuma registar picos com o princípio do ano letivo. No total, os números da Direção-Geral das Administrações e Emprego Público mostram que no final do ano havia 669.725 trabalhadores do Estado.

Aumento dos trabalhadores em funções públicas

O número de trabalhadores nas Administrações Públicas tem estado a subir desde 2015.Dados: Síntese Estatística do Emprego Público, DGAEP. Infografia: Ana Raquel Moreira

Em dois anos de Governo de António Costa, com o acordo parlamentar de esquerda que foi apelidado de “geringonça”, o número de trabalhadores do setor público aumentou em 10.602. Em termos percentuais, é um aumento de 1,5% no total da força de trabalho do Estado.

A Síntese Estatística do Emprego Público sobre o quarto trimestre de 2017, publicada esta quinta-feira, mostra que no final do ano passado os Ministérios que mais contribuíram para o aumento de 1,3% em relação ao trimestre anterior foram o da Educação e o da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, “refletindo ainda, durante o 4.º trimestre do ano, a atividade de início do ano letivo 2017/2018, com o processo de colocação de docentes contratados e de técnicos superiores para atividade de enriquecimento curricular”, assinala o texto que acompanha os números divulgados esta quinta-feira.

O salário médio mensal nas administrações públicas também tem registado um aumento desde o princípio do Governo de António Costa. O valor médio mensal da remuneração base a tempo completo era de 1.460,8 em outubro de 2017, assinala o relatório, um aumento de 0,7% relativamente a outubro de 2016. Em parte, o aumento deve-se à atualização do salário mínimo.

Contratações predominam na Educação e Saúde

Olhando para o crescimento homólogo, porém, que é de 0,8% relativamente ao ano anterior, é fácil perceber onde surgem as cinco mil novas contratações. Os médicos, por exemplo, representam 4,3% do total dos trabalhadores do setor público. Entre 2016 e 2017, foram contratados 994 novos médicos, um aumento de 3,7%. Também os enfermeiros aumentaram: 960 enfermeiros foram contratados de um ano para o outro, totalizando assim 44.642, mais 2,2% do que no ano anterior.

Na área da educação, que representa mais de um quinto da força de trabalho do Estado, as contratações também são significativas de ano para ano. 2017 representou a contratação de mais 1.922 professores do Ensino Secundário e Básico e educadores de infância relativamente a um ano antes (excluindo assim os efeitos do princípio do ano letivo). O pessoal de investigação científica aumentou 10% de um ano para o outro, com a contratação de 143 novos profissionais — foi a área com o maior aumento percentual relativamente ao total, embora seja um grupo que representa apenas 0,2% do total dos trabalhadores da Função Pública.

Não é apenas nestas duas áreas, porém, que se registam grandes aumentos. O Governo também empregou mais 2.337 técnicos superiores de 2016 para 2017, assim como 201 oficiais de justiça e 207 polícias municipais. Noutras áreas profissionais, no entanto, registam-se quedas acentuadas. Há menos 1.369 trabalhadores nas Forças Armadas, uma redução de 4,8%, e menos 139 magistrados.

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