Negrão assume liderança parlamentar do PSD, mas diz que há “problemas éticos” na bancada
O social-democrata conseguiu apenas 35 votos favoráveis em 89 deputados. Fernando Negrão diz ter as condições para assumir a liderança parlamentar, uma decisão que tem o apoio de Rui Rio.
Fernando Negrão é o novo líder parlamentar do PSD. Na votação desta quinta-feira, o deputado social-democrata conquistou 39% dos votos. Em 88 votantes, houve 35 votos favoráveis, 32 brancos e 21 nulos, segundo o Observador. O deputado Pedro Pinto, líder da distrital de Lisboa que apoiou Santana Lopes, não votou por opção. Ainda assim, sem o apoio de 53 deputados, Negrão foi eleito e vai assumir o cargo.
“Tenho condições para assumir a responsabilidade de presidente do grupo parlamentar“, garantiu Fernando Negrão, em declarações transmitidas pela SIC Notícias, em reação à eleição desta quinta-feira, fazendo questão de dizer que não houve “ninguém que tivesse coragem” de se apresentar. Segundo o deputado, Rui Rio apoiou esta decisão.
“Acho que tenho legitimidade porque ter 35 votos favoráveis e 32 brancos perfaz dois terços dos deputados”, defendeu o social-democrata. Fernando Negrão diz ver os votos brancos, que foram 32, como um “benefício da dúvida” à sua candidatura. Contudo, Negrão foi duro com os seus colegas, apontando que há “problemas éticos” na bancada social-democrata.
Eu não tenho a maioria da bancada contra mim. Essa conclusão é errada.
“Houve pessoas, pelo menos duas, que aceitaram fazer parte da lista e que depois terão votado em branco“, denunciou, assinalando que esta atitude “é perfeitamente condenável”. Em causa estão os 35 deputados que estavam na lista de Negrão. Foram exatamente esses os votos a favor, mas há uma nuance: o deputado tinha também garantidos os votos de Feliciano Barreiras Duarte e António Topa, que fazem parte da direção do partido de Rui Rio, pelo que deveria ter conseguido 37 votos favoráveis. No entanto, o deputado diz que não vai alterar a composição da lista que apresentou.
“Eu não tenho a maioria da bancada contra mim. Essa conclusão é errada”, afirmou. Ainda assim, Negrão admitiu que os momentos de transição nos partidos são “particularmente difíceis” e que a votação desta quinta-feira é o “reflexo” disso. “Há sempre pessoas que ficam descontentes com as transformações que se pretendem introduzir”, admitiu. Os resultados “não estão muito longe daquela que era a minha estimativa”, acrescentou.
A votação mostra que Negrão não conseguiu o apoio de metade dos seus colegas da bancada parlamentar. Em entrevista ao jornal digital durante o 37.º congresso do PSD, o deputado social-democrata tinha colocado a fasquia em 50%+1 para a sua eleição. Contudo, esta quarta-feira recuou nessa oposição, referindo à RTP que “considerando que só há um candidato, a leitura dos resultados tem que ser diferente”.
Quando anunciou a sua decisão de avançar para a eleição, o deputado disse que “a ideia é criar uma direção no grupo parlamentar que seja coesa e determinada no seu trabalho político”. A equipa com que Fernando Negrão foi a votos reduz o número de vice-presidentes para apenas seis: a Adão Silva e António Leitão Amaro — que transitam da anterior liderança parlamentar de Hugo Soares — juntam-se Emídio Guerreiro, Carlos Peixoto, Rubina Berardo e António Costa Silva. Negrão terá a seu lado os secretários da direção Bruno Coimbra, Manuela Tender e Clara Marques Mendes. A nova equipa conta ainda com 12 coordenadores e 14 vice-coordenadores para as várias comissões.
Em julho do ano passado, Hugo Soares tinha reunido 76 votos favoráveis, o que corresponde a 85%. A sua demissão foi acordada com Rui Rio, o novo líder eleito em janeiro, que depois apoiou a candidatura de Fernando Negrão ao ato eleitoral que se realizou esta quinta-feira.
(Notícia atualizada às 18h55)
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