CHIADO BOOKS. Dez Anos

  • ECO + CHIADO BOOKS
  • 15 Março 2018

Dez anos depois, a CHIADO BOOKS mantém a sua sede em Lisboa mas afirma-se definitivamente como uma marca global, tendo publicado nos últimos doze meses cerca de 1600 novos títulos.

Há precisamente dez anos atrás, eclodia uma das maiores crises mundiais de que há memória, com os conhecidos efeitos devastadores na generalidade dos sectores económicos em Portugal. O sector do livro não era naturalmente excepção mas, num pequeno apartamento lisboeta, Gonçalo Martins tinha uma visão de contra-ciclo e traçou o plano para uma pequena grande revolução no universo editorial português. A sua visão tinha um nome: CHIADO BOOKS.

Dez anos depois, a CHIADO BOOKS mantém a sua sede em Lisboa mas afirma-se definitivamente como uma marca global, tendo publicado nos últimos doze meses cerca de 1600 novos títulos no conjunto dos mais de vinte países e cinco idiomas em que publica, sendo na Língua Portuguesa que a CHIADO BOOKS se assume como a maior empresa de publicação do mundo, facto para o qual concorre o forte crescimento no Brasil. O pequeno apartamento lisboeta multiplicou-se em oito escritórios internacionais e um edifício próprio no coração de Alcântara. Foi lá, no Edifício Chiado, que encontrámos Gonçalo Martins, CEO e fundador da Break Media, empresa que detém a marca CHIADO BOOKS, para uma breve conversa acerca dos dez primeiros anos desta história.

Quem está no centro, a ditar tendências, já não são as editoras, mas sim os leitores e os autores. A diversificação da oferta torna -se fundamental neste novo paradigma e era muito claro que apenas quem estivesse preparado para responder de forma ágil poderia ter sucesso.

Gonçalo Martins, CEO Chiado Books

“Fundamentalmente, há dez anos tinha a percepção de um universo editorial, que lidando já com problemas estruturais muito sérios, parecia determinado em criar mais problemas a si próprio.” – conta Gonçalo Martins. “As editoras tradicionais insistiam em estratégias que a realidade claramente desqualificava. Em regra, só se avançava para a publicação de uma obra caso lhe fosse atribuída uma projecção de vendas na ordem dos três ou quatro mil exemplares, mínimo, restringindo o acesso à publicação a um número muito reduzido de Autores. Isto, paradoxalmente, ao mesmo tempo em que editoras e distribuidoras acumulavam nos seus armazéns um enorme volume de stocks excedentes e devoluções, certamente por falhas nas suas projecções de vendas, que na verdade são imprevisíveis. Isso criava, a meu ver, um problema sério à renovação do próprio mercado, uma contradição em relação a um mercado livre moderno que ia atingindo a sua maturidade e um obstáculo praticamente intransponível no acesso à publicação para um número incalculável de livros e autores. Perante cada problema, existe uma solução e foi o que idealizei para a CHIADO BOOKS: uma empresa capaz de encontrar ou criar uma solução de publicação digna e profissional para cada obra.”.

O debate acerca dos hábitos de leitura dos portugueses não é de hoje, como não era de 2008. Da mesma forma, as cíclicas quebras de vendas do livro – que volta hoje à ordem do dia com os encerramentos em catadupa de inúmeras livrarias de referência no nosso país – eram já em 2008 por demais evidentes. Com a deterioração do poder de compra que a crise de 2008 veio acentuar, cresciam os desafios colocados ao sector editorial. No entanto, para Gonçalo Martins, não eram os hábitos de leitura que maior preocupação justificavam, mas os hábitos de publicação e as práticas correntes do mercado que, na sua opinião, não dava sinais de adaptação aos novos tempos.

“Há trinta anos atrás ainda era relativamente fácil para uma mão cheia de empresas ditar a visibilidade e as tendências de consumo dos seus produtos. A concorrência era ainda um factor relativo, já que cada sector tinha a maior parte do seu espaço ocupado confortavelmente por dois ou três ‘players’, que a partir dessa posição de monopólio acabavam por controlar a própria indústria. Acontece que o nosso tempo já não é esse e não voltará a ser. As formas de comunicar multiplicaram-se exponencialmente, o acesso à informação também, a criatividade e a inovação tornaram-se ferramentas centrais para as empresas alargarem o seu espaço. Quem está no centro, a ditar tendências, já não são as editoras, mas sim os leitores e os autores. A diversificação da oferta torna -se fundamental neste novo paradigma e era para mim muito claro que no futuro imediato apenas quem estivesse preparado para responder de forma ágil poderia ter sucesso.”

Olhando para o catálogo da CHIADO BOOKS, essa diversidade é porventura o elemento que salta mais à vista. Há obras de todos os géneros literários, da Poesia ao Romance, do Ensaio à Fotografia, do Desenvolvimento Pessoal à História, da Biografia ao Infanto-Juvenil – género que merece na CHIADO, de resto, uma marca e um website próprios. A CHIADO BOOKS KIDS. Encontramos também uma amostra profundamente eclética de autores, dos mais diversos quadrantes, desde os mais mediáticos ou com maior reconhecimento público aos mais anónimos, dos mais experimentados aos que encontram na CHIADO BOOKS uma oportunidade para a publicação do seu primeiro livro. Se para algumas empresas do sector o caminho tem sido a aposta num determinado nicho de mercado, a CHIADO BOOKS parece apostar em todos os nichos, num catálogo único, sem distinções.

“A CHIADO BOOKS sempre foi generalista, desde o primeiro momento. Esse é um aspecto central no nosso ADN.” – conta Gonçalo Martins. “Aliás, não poderia de outra forma, já que um dos objectivos centrais na criação da CHIADO há dez anos estava um aspecto que se mantém central na nossa Missão e nos nossos Valores: a democratização do livro e do acesso à publicação. Perguntava-me muitas vezes: uma obra à qual um qualquer departamento comercial não atribua um potencial comercial de grande escala não pode ser publicada?; e porquê?; e quem decide o que pode ou não pode ser publicado? Eu próprio tinha amigos com obras que haviam vendido trezentos ou quinhentos exemplares, às quais reconhecia a maior qualidade. O nosso foco, a cada vez que recebemos um manuscrito ou convidamos algum autor a trabalhar connosco, é: de que forma esta obra pode ser publicada? Diferentes livros podem ter diferentes soluções de publicação, diferentes tiragens, diferentes canais para a sua promoção, diferentes estratégias de vendas. E cabem praticamente todos no nosso catálogo, sem qualquer tipo de pudor nem preconceito.”

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