“Redução abrupta do malparado pode ser desestabilizadora” para a banca nacional, alerta Teixeira dos Santos

O presidente do EuroBic diz que a banca nacional tem que reduzir o malparado, mas deixa o alerta de que essa redução não pode ser feita de forma brusca.

Fernando Teixeira dos Santos defendeu, esta terça-feira, uma redução do malparado para a banca portuguesa, mas recusou que esta redução seja feita de maneira brusca.

“É muito importante que os bancos portugueses reduzam o malparado, contribuindo para uma diminuição da perceção do risco, mas não me parece que seja razoável uma redução brusca”, afirmou o ex-ministro das Finanças.

O presidente do EuroBic, falava em Braga, na quarta edição do Fórum Desafios e Oportunidades, uma iniciativa da instituição que preside.

Teixeira dos Santos deixou mesmo o aviso de que “a exigência de uma redução abrupta para menos de 5% pode ser bastante desestabilizadora da situação da banca”.

Essa situação, prossegue o ex-ministro das Finanças, pode levar os bancos “a enveredar por uma situação que os leve a perdas mais elevadas do que se optassem por uma solução mais faseada”.

Teixeira dos Santos relembra que “os bancos conhecem melhor os seus devedores do que eventuais fundos que comprem o malparado“. Um conhecimento que pode levar as instituições financeiras “a perspetivar, num horizonte mais alargado, a recuperação dos seus créditos”.

“Uma situação radical pode ser um choque para os bancos”, avisa o ex-ministro das Finanças.

Fernando Teixeira dos Santos acrescenta ainda que uma redução brusca vai obrigar a uma capitalização significativa da banca, o que num cenário de pouco capital só faz sentido se se quiser “recorrer a capital externo”.

Refira-se que já este fim de semana, em entrevista ao Jornal de Negócios, Teixeira dos Santos tinha demonstrado estar preocupado com o facto de se querer forçar a “iberização da banca”.

Tensão entre UE e EUA é um risco

Sobre a economia portuguesa, Teixeira dos Santos diz não ver grandes sinais de alerta, a não ser os que se prendem com o exterior. E nesse caso apontou como riscos, a politica comercial dos Estados Unidos e o clima de tensão que se vive entre os dois grandes blocos: EUA e União Europeia.

No que diz respeito às grandes mudanças estruturais da economia portuguesa, o ex-ministro defende que estas já se fazem sentir e passam pela “dinâmica empresarial”.

Teixeira dos Santos aproveitou o facto de estar a falar para uma plateia de empresários da região para afirmar que “os catalisadores da mudança estrutural da economia foram precisamente as empresas e a forma como os empresários responderam à crise, virando-se para o exterior”.

De resto, Teixeira dos Santos espera que o EuroBic se afirme como um banco de retalho. “A prioridade do EuroBic passa por termos um banco de retalho e um banco de PME’S e de negócios, o que significa um banco que apoie as empresas no exterior e no caminho da internacionalização”.

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