Bom governo das sociedades é chave para “atrair investidores”
Tanto as grandes empresas, como as mais pequenas, as startups, querem cumprir as regras de corporate governance. E a autorregulação, ainda que traga desafios, é bem-vinda.
Todas as empresas querem garantir um bom governo das sociedades. Seja com o modelo de regulação, seja com o modelo da autorregulação, que o novo Código de Corporate Governance do Instituto Português de Corporate Governance (IPCG) trouxe, todas procuram dar resposta às exigências do governo das sociedades. O objetivo é tornarem-se mais atrativas para o exterior, de maneira a captar investidores e investimento, seja para as grandes empresas, seja para startups como é o caso da Raize, que está em pleno processo de entrada em bolsa.
O novo código está em vigor desde o dia 1 do passado mês de janeiro, em substituição do Código da CMVM. É uma etapa decisiva do processo de transição para um paradigma de autorregulação, que responde a uma solicitação dos agentes do mercado e segue a tendência da generalidade dos mercados de capitais desenvolvidos.
Gabriela Figueiredo Dias, Presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e vice-Presidente da OCDE Corporate Governance Committee, considera que a transição para a autorregulação traz novos desafios. “Qualquer transformação envolve riscos e o principal tem a ver com a implementação”, disse durante a manhã desta quinta-feira, na conferência do grupo de trabalho sobre o governo das sociedades da OCDE/MENA (Middle East and North Africa).
“O que nós devemos fazer, e estamos a fazer quanto possível, é mitigar os riscos à volta deste processo”, acrescentou António Gomes Mota, chairman dos CTT, referindo que se trata de um processo “muito participado”. A mudança do paradigma nas boas práticas de gestão das empresas cotadas, de regulador para autorregulação, acarreta riscos mas, na opinião de António Rios de Amorim, Presidente do conselho de administração da Corticeira Amorim, é importante. “Nós sabemos o que é o melhor para as nossas empresas”, afirmou.
Por outro lado, considera que o maior desafio que Portugal enfrenta, para garantir um governo das sociedades, está relacionado com separar o dinheiro privado do dinheiro da empresa. “Parece óbvio, mas nem sempre é assim tão óbvio”, acrescentou.
José Maria Rego, CEO da Raize, e também orador na conferência promovida pela CMVM e pela OCDE, falou sobre como é que a sua startup, sendo uma pequena empresa, implementa as regras do governo das sociedades. José Maria referiu que “é preciso ter investidores externos, é preciso de investimento”. Ambição para fazer a empresa crescer e mais transparência de informação foram outros fatores apontados pelo CEO da startup.
A intervenção de José Maria Rego acontece numa altura em que a Raize está a meio de um processo para entrar na bolsa de Lisboa. O período de venda de ações arrancou no passado dia 18 de junho e prolongar-se-á até ao próximo dia 12 de julho, seguindo-se a entrada em bolsa, prevista para 18 de julho.
Esta quinta-feira foi o último dia da conferências da OCDE / MENA, sob o tema “Policy options to achieve sound corporate governance for competitiveness”, que começou na quarta-feira passada. O encontro, além de abordar o caso português, debateu múltiplas dimensões do governo das sociedades na região MENA, à luz das melhores práticas da OCDE.
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