Bruxelas pagou milhões às maiores consultoras para aconselhamento fiscal

A Comissão Europeia celebrou contratos milionários com as quatro maiores consultoras mundiais para aconselhamento fiscal. Isto apesar do seu envolvimento no casos de evasão fiscal.

A Comissão Europeia celebrou contratos milionários com as quatro maiores consultoras mundiais para aconselhamento em assuntos fiscais, nos últimos cinco anos, avança o Financial Times. Estas relações com a Deloitte, KPMG, EY e PwC fizeram disparar os alertas de conflitos de interesse, já que, segundo as investigações mais recentes relativas à evasão fiscal e ao branqueamento de capitais, estas empresas estiveram envolvidas nos contratos entre empresários e paraísos fiscais. Tal aconteceu nos mediáticos casos Luxemburgo Leaks, Panamá Papers e ParadisePapers.

Apesar das críticas, a Comissão Europeia defende a sua decisão: “Solicitamos regularmente análises a consultoras de todo o mundo. Estas são apenas quatro das milhares de empresas que já fizeram estudos a pedido nosso”.

Em 2014, foram atribuídos à PwC, à Deloitte e à EY cerca de sete milhões de euros por serviços de consultoria e por uma série de estudos comparativos relativos a assuntos fiscais. Em 2016, as quatro consultoras conhecidas com “big four” receberam quase oito milhões de euros de Bruxelas e, no início deste ano, a PwC, a Deloitte e a KPMG voltaram a receber fundos da Comissão Europeia para estudarem várias matérias “fiscais e aduaneiras”. Desta vez, foram entregues às consultoras 10,5 milhões de euros.

Os dados mostram que as consultoras que facilitaram a fuga a impostos “estão a ser pagas para produzir estudos que servem de base à legislação fiscal”, defende o Corporate Europe Observatory. “Recorrer ao conhecimento de especialistas que facilitam a evasão fiscal é um claro conflito de interesses”, determina o observatório.

Questionadas pelo jornal referido, só a EY decidiu prestar esclarecimentos. “Acreditamos que sistemas fiscais robustos, transparentes e consistentes são fundamentais para o funcionamento efetivo da economia global”, lê-se na nota.

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