Venda de ativos ajuda BPI a passar de prejuízos a lucros de 366,1 milhões de euros no primeiro semestre

  • Rita Atalaia
  • 24 Julho 2018

O banco liderado por Pablo Forero passou de prejuízos a lucros de 366,1 milhões de euros, face a um resultado negativo de 102 milhões de euros registado no mesmo período do ano anterior.

O BPI passou de prejuízos a lucros nos primeiros seis meses do ano. Lucrou 366 milhões de euros neste período, valor que compara com um resultado negativo de 102 milhões de euros registados no mesmo período do ano anterior, justificado pelo impacto do BFA nesse período. De acordo com o banco liderado por Pablo Forero, a venda de ativos e a atividade em Portugal foram os principais catalisadores.

“O BPI registou nos seis primeiros meses de 2018 um lucro consolidado de 366,1 milhões de euros, que compara com o resultado de -101,7 milhões de euros no período homólogo de 2017”, de acordo com o comunicado enviado pelo BPI à CMVM. No período homólogo, os prejuízos foram justificados por impactos não recorrentes de 290 milhões de euros: 212 milhões da venda e desconsolidação do BFA e 77 milhões de euros com o programa de rescisões e reformas antecipadas voluntárias.

“Podemos olhar tranquilos para o futuro porque a equipa executiva está a alcançar os objetivos definidos há um ano”, afirma o presidente do banco, Pablo Forero, durante a apresentação dos resultados para o primeiro semestre, que foram impulsionados pela recuperação da atividade em Angola.

“O BFA teve um contributo positivo de 136,3 milhões de euros (ao contrário das perdas de 115,6 milhões de euros do período homólogo de 2017), que inclui os impactos do reconhecimento da participação no BFA de acordo com as IAS 29 e da desvalorização do kwanza”, refere o BPI. Já o BCI contribuiu com 7,1 milhões de euros, diz o banco liderado por Pablo Forero.

"Podemos olhar tranquilos para o futuro porque a equipa executiva está a alcançar os objetivos definidos há um ano.”

Pablo Forero

Presidente do BPI

Além de Angola, Portugal também deu um forte contributo. De acordo com o banco, “para este resultado contribuiu o lucro líquido da atividade registada em Portugal, que alcançou os 222,5 milhões de euros, incluindo os ganhos com a venda da participação da Viacer (59,6 milhões de euros, já registados no 1º trimestre), e a concretização da venda do BPI Gestão de Ativos e BPI GIF (61,8 milhões de euros)”.

O produto bancário recorrente em Portugal aumentou 8,3% em termos homólogos para 355,3 milhões de euros, refere o BPI. Um resultado para o qual contribuiu o crescimento da margem financeira em 7,6% para 207,2 milhões de euros. Mas também uma subida de 9,4%, em termos homólogos, das receitas de comissões líquidas para 134,6 milhões de euros, “fruto de uma maior atividade comercial do BPI em todos os segmentos de negócio, face ao período homólogo do ano anterior: comissões bancárias (+9,6%) e intermediação de seguros (+8,8%)”.

Os depósitos de clientes também aumentaram. “Como já sucedeu no primeiro trimestre, a boa evolução da atividade da rede de balcões no mercado doméstico traduziu-se no aumento de 1.445 milhões de euros nos depósitos de clientes, para 20.813 milhões de euros (+7,5% face ao período homólogo)”, refere a instituição financeira, acrescentando que isto “permitiu contrabalançar a descida nos depósitos de investidores institucionais e financeiros (-40%)”.

O presidente do BPI, Pablo Forero, durante a conferência de imprensa sobre os resultados do primeiro semestre de 2018.Paula Nunes/ECO

Em relação aos rácios de capital, o rácio CET1 fully loaded fixou-se nos 12,8%, enquanto o rácio de capital total ficou nos 14,6%, de acordo com o comunicado do BPI. Já os custos de estrutura recorrentes, excluindo cusots extraordinários, o banco registou uma queda de 3,7%.

Relativamente à saída de bolsa do BPI, decidida em junho na assembleia-geral de acionistas, o gestor referiu apenas que isto deverá acontecer no final do ano. Contudo, deixa nas mãos da CMVM esta decisão. “O processo pode estar finalizado em novembro ou dezembro, mas não há uma data definida. Depende da CMVM”, esclarece.

Recomendações do BdP “são muito bem-vindas”

O volume total de crédito a empresas e famílias também aumentou durante os primeiros seis meses do ano: cresceu 593 milhões de euros, para 7.761 milhões de euros, no caso das empresas, enquanto a contratação de novo crédito hipotecário ascendeu a mais de 700 milhões.

Este aumento regista-se depois de o Banco de Portugal ter revelado preocupação quanto à evolução do crédito, tendo, por isso, recomendado aos bancos a aplicação de limites nos critérios de concessão destes financiamentos. Recomendações que “são muito bem-vindas”, afirma o presidente do BPI na conferência de imprensa sobre os resultados para o primeiro semestre.

“Estas recomendações vão ajudar os bancos que têm um compromisso de mais longo prazo a fazerem empréstimos à habitação razoáveis“, nota Pablo Forero, garantindo que os critérios do BPI estavam já muito próximos das recomendações. “Tivemos de fazer pequenos ajustamentos”, refere o gestor.

BPI vende na Baixa para “aproveitar oportunidade”

O banco liderado por Pablo Forero vendeu o seu conjunto de edifícios na Baixa de Lisboa, que ocupa um quarteirão inteiro, por mais de 66 milhões de euros a um fundo internacional. “Vendemos para aproveitar uma situação de mercado muito interessante”, explica o presidente da instituição financeira.

Mas esta alienação serve também para juntar a equipa. “Os serviços estão distribuídos em seis edifícios. E queremos ficar em quatro”, refere Forero. “O fundo de pensões aproveitou esta oportunidade para vender o edifício”, remata, garantindo que será transformado num “projeto muito bom para a Baixa de Lisboa”.

(Notícia atualizada às 17h38 com mais detalhes)

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