Ricardo Robles não se demite: Compra do prédio em Alfama “não foi uma operação especulativa”
No centro de uma polémica que envolve um imóvel em Lisboa, o vereador da Câmara Municipal de Lisboa, Ricardo Robles, garantiu que não se demite. E tentou explicar a lógica por detrás do negócio.
Ricardo Robles, vereador da Câmara de Lisboa, garantiu que não se demite e encarou esta sexta-feira aquilo que considerou serem “notícias erradas” sobre o polémico imóvel que detém perto de Alfama. “É falso que tenha havido qualquer despejo. Procedi de forma exemplar com todos os arrendatários do imóvel. Atuei sempre em coerência com aquilo que defendo para a cidade”, disse, após explicar a sua versão da cronologia dos factos.
Numa conferência de imprensa em Lisboa, na sede do Bloco de Esquerda, o vereador bloquista disse que o imóvel foi comprado em conjunto com a irmã, “com recurso a crédito bancário e apoio financeiro” dos pais. A intenção inicial era que o imóvel fosse habitado pela irmã de Ricardo Robles e que as restantes frações fossem arrendadas, sob gestão da irmã do vereador. “Sublinho, a minha família comprou o prédio para o habitar e para arrendar a parte restante”, disse.
No entanto, segundo Ricardo Robles, a irmã casou-se com um cidadão alemão e reside agora na Bélgica. “Essa nova circunstância levou-a a abandonar a ideia de regressar a Portugal, o que eu lamento”, afirmou. “A minha irmã teve de refazer o seu quadro de compromissos financeiros, para além de, estando no estrangeiro, ficar indisponível para a gestão dos futuros arrendamentos. Foi nesse contexto que aceitei colocar este imóvel à venda, ao contrário do plano inicial”, explicou Ricardo Robles.
O imóvel terá, depois, sido avaliado por uma agência imobiliária, “que o teve à venda por seis meses até abril deste ano”. “Desde então, o imóvel não está à venda. Esta compra não foi uma operação especulativa”, garantiu o vereador.
Assim, Ricardo Robles disse ter tomado a decisão de colocar este imóvel “em propriedade horizontal, de forma a poder dividir as frações” com a irmã. “Não venderei as minha parte do imóvel e colocarei as minhas frações no mercado de arrendamento”, avançou aos jornalistas em Lisboa.
A polémica surgiu na sequência de uma notícia do Jornal Económico esta sexta-feira. Ricardo Robles, um dos maiores críticos da especulação imobiliária na capital, poderá encaixar uma mais-valia de 4,7 milhões de euros com a compra e venda do imóvel: o prédio, perto do Museu do Fado, custou 347 mil euros num leilão, mereceu obras no valor de 650 mil euros e foi avaliado em 5,7 milhões de euros, tendo estado à venda.
“É falso que tenha havido qualquer despejo”
O vereador nega que tenha, havido despejos de inquilinos. Avançou que as obras foram realizadas na sequência de uma notificação da Câmara Municipal de Lisboa, porque o edifício estava em mau estado e representava um perigo. No momento da aquisição, segundo o atual vereador, existiriam cinco contratos de arrendamento.
O vereador explicou como os inquilinos foram saindo por mútuo acordo e pagamento de indemnizações em alguns casos. Um dos inquilinos permaneceu até hoje: “realizei com este casal um novo contrato de arrendamento, agora regular [o anterior não era legal], por oito anos”, no valor de 170 euros mensais. “No período em que saíram [por causa das obras], realizei uma remodelação total [da fração] no valor de 15 mil euros”, disse o vereador.
Ricardo Robles explica ainda que um dos inquilinos, um restaurante, não chegou a acordo e que foi celebrado um novo contrato, com renda “atualizada”, que subiu de 270 euros para 400 euros mensais. Posteriormente, foi “acordada a saída em outubro de 2016”.
“É falso que tenha havido qualquer despejo e que procedi de forma exemplar com todos os arrendatários do imóvel. Atuei sempre em coerência com aquilo que defendo para a cidade”, garantiu o vereador. E afirmou que não se vai demitir, como exigiu o PSD: “Por tudo o que agora disse, essa exigência do PSD não tem qualquer base”.
(Notícia atualizada às 19h17 com mais informações)
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