Crise turca chega aos juros da dívida. Taxa a dez anos em Portugal atinge máximos de mês e meio
Colapso da lira turca está a agitar o mercado de dívida da Zona Euro. Investidores estão atentos a Itália, onde a banca tem larga exposição à Turquia. Mas Portugal também regista subida dos juros.
A crise cambial na Turquia também está a ter efeitos negativos nos mercados de obrigações de vários membros da Zona Euro. Itália é um dos países mais afetados pela instabilidade na Turquia. Em Portugal, que vai esta semana aos mercados procurar financiamento, também os juros da dívida sobem em todos os prazos.
No mercado nacional, as obrigações do Tesouro a dez anos, a referência do mercado, registam um aumento da taxa de juro em sete pontos base para 1,85%, tratando-se da yield mais alta das últimas seis semanas. No prazo a cinco anos, a yield também subia para 0,687%. É neste ambiente de agravamento do risco que o IGCP vai na quarta-feira aos mercados para tentar financiar-se em 1.250 milhões de euros em Bilhetes do Tesouro a três meses e 11 meses, prazos que ainda registam taxas negativas.
Comportamentos semelhantes apresentam os títulos de dívida pública de Espanha (onde a taxa a dez anos avança para 1,517%) e de Itália, sendo que os investidores estão sobretudo sensíveis ao impacto que a crise na Turquia poderá ter no mercado obrigacionista italiano. É grande a exposição da banca italiana ao mercado turco, justamente onde a moeda tem vindo a colapsar nos últimos dias.
Esta segunda-feira, a intervenção do banco central turco na cedência de liquidez ao sistema financeiro aliviou um pouco as perdas da lira, que segue a cair mais de 40% contra o dólar só no último mês. Os analistas explicam o trambolhão da moeda turca com a frágil posição externa da Turquia e com as fracas reservas em moeda estrangeira. Outra parte da explicação reside na própria agenda mais despesista do Governo de Erdogan.
“Temos um sentimento de aversão ao risco e as preocupações em torno do risco de contágio atingir a Itália num contexto em que o Governo italiano não tem a sua posição muito cimentada”, referiu David Vickers, da Russell Investments, citado pela Reuters.
“Os investidores olham para onde há fragilidade e as incertezas em torno da política italiana são mais agudas quando há pressões globais”, acrescentou ainda.
"Temos um sentimento de aversão ao risco e as preocupações em torno do risco de contágio atingir a Itália num contexto em que o Governo italiano não tem a sua posição muito cimentada.”
O Governo italiano já está ciente das dificuldades que poderão vir a atravessar. Giancarlo Giorgetti, alto responsável do Executivo transalpino, disse numa entrevista este domingo que os especuladores irão provavelmente atacar os mercados financeiros italianos este mês, mas que o país tem recursos para se defender.
No mercado de dívida italiana já se começam a sentir os primeiros sinais de alguma instabilidade. A diferença entre os juros a dez anos italianos e alemães, um indicador do risco para a Itália, aumentou para 278 pontos base esta segunda-feira, isto depois de um agravamento de 47 pontos registado só este mês.
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