Governo italiano sobe défice para 2,4%. Juros disparam, bolsa afunda com queda dos bancos
O ministro das Finanças italiano cedeu: nos próximos três anos, a meta de défice desse país será de 2,4% e não de 1,6%. A decisão não está a agradar aos investidores.
A coligação no poder em Itália concordou em encerrar os exercícios de 2019, 2020 e 2021 com um défice orçamental de 2,4% do PIB, o que significa uma subida deste valor, noticiaram as agências italianas na quinta-feira.
Esta decisão, que ainda tem de ser votada no parlamento, deixa adivinhar novas tensões com a Comissão Europeia e nos mercados financeiros, dada a dimensão da dívida italiana, equivalente a 133,4% do produto interno bruto (PIB) no final do primeiro trimestre de 2018.
De facto, nos mercados, os efeitos desta proposta já se fazem sentir. Esta manhã, os juros da dívida a dez anos voltaram a superar os 3%, enquanto o índice de referência italiano está a afundar 1,89% para 21.105,28 pontos. O índice que agrega os maiores bancos italianos regista, por sua vez, uma queda de 4,26% para 9.566,27 pontos, tendo já recuado mais de 5%, nesta sessão, tocando em mínimos de duas semanas.
Recorde-se que este acordo “com todo o Governo” para uma meta de défice de 2,4% contraria os planos originalmente divulgados pelo ministro da Economia e das Finanças italiano. Giovanni Tria insistia em manter o teto de 1,6%, o que acabou por gerar tensões no seio da coligação e despertar rumores sobre a sua possível demissão. Tria acabou, no entanto, por aceitar a mudança, na reunião da tarde de quinta-feira.
“Hoje [quinta-feira] é um dia histórico. Hoje a Itália mudou”, escreveu o líder do 5 Estrelas e vice-primeiro-ministro, Luigi Di Maio, na sua conta na rede social Facebook. “Pela primeira vez, o Estado está do lado dos cidadãos. Pela primeira vez, não tira, mas dá. Os últimos são finalmente os primeiros, porque sacrificámos os privilégios e os interesses dos potentados. Estou feliz. Juntos demonstramos que se pode mudar o país e que há dinheiro” para isso, acrescentou.
Para o político antissistema, cujo partido foi o mais votado nas eleições de março, “as contas do povo voltaram para casa e pela primeira vez na história deste país elimina-se a pobreza, graças ao rendimento mínimo, para o qual existem dez mil milhões (de euros), e relança-se o mercado de trabalho”.
Antes da reunião, Di Maio deixou claras as suas linhas vermelhas: “Não recuaremos nem um milímetro sobre o rendimento mínimo universal (…). Será um orçamento valente para as pessoas”.
Na mesma linha, Salvini apoiou superar os 2% porque “o direito ao trabalho, à felicidade, de milhões de cidadãos merece alguns números”.
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