Turismo vai ter linha específica de garantia mútua
Combater a sazonalidade passa por diversificar a oferta, apostando em produtos alternativos como o turismo de saúde ou de natureza. No financiamento, haverá uma linha específica de garantia mútua.
O sistema de garantia mútua vai criar uma linha específica de apoio ao financiamento bancário específica para o setor do turismo, revelou Luís Filipe Costa, presidente das sociedades Norgarante, Garval e Lisgarante, na sétima edição do Fórum Desafios e Oportunidades, uma iniciativa do Eurobic, da qual o ECO é um dos parceiros. Filipe Costa reconheceu o peso limitado da região do algarve no total de garantias concedidas pelo sistema, precisamente pela especificidade do setor.
A Garantia Mútua é um sistema mutualista de apoio às micro, pequenas e médias empresas, que se traduz fundamentalmente na prestação de garantias para facilitar a obtenção de crédito, mas também de outro tipo de garantias necessárias ao desenvolvimento empresarial nos vários setores de atividade. O turismo, pela sua natureza, acaba por ser dos setores menos ativos. Apenas cerca de 3% das garantias concedidas são do turismo.
Qual é, então, o principal problema do turismo no Algarve? A sazonalidade. E a falta de transporte aéreo nas épocas baixa e média é um dos grandes entraves para combater a falta de turistas durante o período fora do verão. “Se há política pública capaz de contribuir para gerir o problema da sazonalidade é a relacionada com o transporte aéreo”, disse Luís Correia da Silva, presidente executivo do Dom Pedro Golfe.
Segundo o gestor, durante o Inverno IATA (outubro a março) há uma “queda brutal” do número de voos para o Algarve, facto agravado — e ainda não superado — pelas falências em anos anteriores das companhias aéreas de baixo custo Monarch e Air Berlin.
Para Luís Correia da Silva, a TAP — acusada ao longo dos anos por vários empresários algarvios de não atuar como uma verdadeira companhia de bandeira e por isso pouco contribuir para o desenvolvimento do turismo na região — poderia criar “pontes aéreas” entre Lisboa e Porto e o Algarve, suprimindo, dessa forma, a falta de voos diretos para o Aeroporto Internacional de Faro durante a época baixa.
A RTA – Região de Turismo do Algarve também elege o combate à sazonalidade como o principal desafio do setor na região. Nesse sentido, Fátima Catarina, vice-presidente daquele organismo, anunciou a criação de um projeto, ainda em fase embrionária, cujo objetivo é “potenciar investimentos de grande dimensão” nas chamadas “manchas negras”, ou zonas abandonadas, do interior do Algarve.
Como é unanimemente reconhecido, combater a sazonalidade passa por diversificar a oferta, apostando em produtos alternativos ao sol e mar, como o turismo de saúde ou de natureza, além do golfe. “Ainda há muitas oportunidades”, garantiu o CEO do Dom Pedro Golfe.
O Hospital Particular do Algarve, por exemplo, deverá abrir um hotel de saúde na região em maio do próximo ano, anunciou o presidente do conselho de administração do grupo, João Bacalhau.
Segundo o gestor, o mercado-alvo “não é a Europa”, mas sim o do “Médio Oriente, Rússia, Noruega e Suécia”. O objetivo é trazer para o Algarve turistas-doentes, aproveitando o clima e a gastronomia, associando-lhes “inovação em saúde”, tendo em vista não só eventuais intervenções cirúrgicas, mas sobretudo o “retardar do envelhecimento”.
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