Angola: Moody’s segue programa do FMI e reformas estruturais

  • Lusa
  • 26 Dezembro 2018

Agência de notação financeira acompanha o programa do FMI e reformas estruturais em Angola. Já em Moçambique está atenta à dívida pública.

A analista que segue a economia de Angola considerou esta quarta-feira à Lusa que a implementação do programa do Fundo Monetário Internacional (FMI) e o ritmo das reformas estruturais serão dois dos principais aspetos a acompanhar em 2019.

“Todos os desenvolvimentos no petróleo são importantes, mas a nossa perspetiva é que a produção de petróleo vai recuperar, ajudando o Governo, e o que será também importante é o âmbito e a profundidade das reformas que o Governo vai ser capaz de implementar, além do programa com o FMI“, disse Lucie Villa.

Em declarações à Lusa, a analista que segue a economia angolana vincou que “um programa com o FMI seria positivo do ponto de vista do crédito”, mas quando questionada sobre se isso será suficiente para melhorar o ‘rating’, três níveis abaixo da recomendação de investimento, Lucie Villa disse que só o andamento da implementação pode determinar uma mudança na avaliação da qualidade do crédito.

“Veremos o que contém o programa, mas é bom porque financia o Governo e normalmente é barato, mas também vem com condições em termos de reformas, por isso só quando virmos os termos do acordo é que podemos dizer o que pensamos”, afirmou a responsável.

A grande dificuldade, apontou, “é que as reformas são desenhadas para melhorar o ambiente empresarial, mas muitas vezes a questão é mais a implementação, porque é preciso ver se consegue acompanhar o ritmo que o Governo determinou, e aqui a questão permanece em aberto”.

O Programa de Financiamento Ampliado (Extended Fund Facility – EFF), que surge depois do acordo negociado pelo executivo angolano e o FMI em 2008, visa fundamentalmente a consolidação do ajustamento orçamental.

O programa de assistência financeira, que ficou aquém dos 4.500 milhões de dólares que chegou a ser apontado pelo governo angolano, foca-se na sustentabilidade fiscal, na redução da inflação, na promoção de um regime cambial mais flexível, na estabilidade do setor financeiro, mas também na “promoção do desenvolvimento humano, na reforma do setor público, na diversificação e no crescimento inclusivo”, explicou o diretor adjunto do FMI, Tao Zhang, numa nota divulgada no princípio de dezembro por aquela organização.

Moody’s atenta à dívida pública e relação com o FMI em Moçambique

A analista da Moody’s que segue Moçambique considerou esta quarta-feira que a reestruturação dos títulos de dívida e o que acontece com a dívida comercial, para além da relação com o FMI, serão as grandes questões de 2019.

“A curto prazo, há a questão da reestruturação dos títulos de dívida, ver se a reestruturação é completada ou não segundo os termos apresentados, e depois disso, saber o que acontece com o resto da dívida; Moçambique tem um nível de dívida bastante elevado, e depois há a questão do Fundo Monetário Internacional, e tudo isso serão as grandes questões para 2019″, disse Lucie Villa.

Em declarações à Lusa, a responsável da agência de ‘rating’ Moody’s pelo acompanhamento da economia moçambicana considerou que além destas questões, com impacto direto na opinião sobre o crédito soberano, a agência de notação financeira também estará atenta “à capacidade de produção de gás natural, que deverá começar a exportar em 2023, e isso também será relevante”.

Estas questões, vincou, “serão determinantes e estão relacionadas”, porque “um programa do FMI só existirá se a dívida for sustentável, e normalmente uma reestruturação é feita para garantir a sustentabilidade da dívida, e estes são os três principais elementos para os quais estaremos a olhar do ponto de vista do crédito”.

Em termos da possível retoma da ajuda financeira do FMI, Lucie Villa disse que o importante é olhar para as condições que o Fundo colocou para reiniciar o financiamento: “Primeiro, a macroestabilidade, e penso que olhando para isso, foi moderadamente restaurada, depois auditar a dívida das empresas públicas, e a última era restaurar a sustentabilidade da dívida, e é esta condição que ainda está pendente, ou seja, é incerta qual será a avaliação do FMI”, concluiu a responsável.

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