Depois da greve do Porto de Setúbal, Autoeuropa testa transporte de automóveis por comboio
A fábrica de Palmela está a fazer um “teste” para avaliar a viabilidade do serviço de transporte por via ferroviária até ao porto de Santander, em Espanha.
Um comboio experimental com 150 automóveis da Volkswagen parte no sábado da Autoeuropa, em Palmela, para o porto espanhol de Santander, num “teste” para avaliar a viabilidade deste serviço de transporte por via ferroviária, divulgou esta quinta-feira a Medway.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do Conselho de Administração daquela empresa ferroviária – que garante a tração do comboio – explicou que a composição integrará 15 vagões porta-automóveis de dois pisos (propriedade da Transfesa), cada um transportando dez carros Volkswagen, num total de 150 veículos.
“Estamos a fazer um primeiro comboio, a pedido da própria Autoeuropa e da Volkswagen, para transportar 150 automóveis até ao Porto de Santander. Trata-se de um teste, confesso que neste momento não temos nenhuma indicação da Autoeuropa se é para continuar. O que nos dizem é que querem fazer um teste e que gostariam de experimentar isto para dar alguma regularidade a este serviço, mas não temos nenhuma confirmação concreta”, afirmou Carlos Vasconcelos.
Contactada pela agência Lusa, fonte oficial da Autoeuropa confirmou apenas estar em curso “um teste para confirmar a viabilidade” do recurso à ferrovia para transporte, até ao Porto de Setúbal, dos veículos produzidos na fábrica de Palmela.
Segundo a empresa, em tempos, os automóveis fabricados na Autoeuropa eram transportados por via ferroviária para o Porto de Setúbal, mas atualmente esse transporte é feito por via rodoviária, sendo o objetivo deste “teste” avaliar a “viabilidade” de um regresso à utilização da ferrovia.
Recordando que atualmente “todos os carros da Autoeuropa saem pelo Porto de Setúbal”, a Medway admite que a Volkswagen queira “estudar uma alternativa” para situações de mau tempo ou de crise, como a recente greve dos estivadores daquele porto português, que durou várias semanas e causou sérios constrangimentos à empresa.
“Normalmente todos os operadores económicos gostam de ter sempre alternativas, embora para mim faça mais sentido os carros saírem pelo Porto de Setúbal, que está ali ao lado, a menos de 40 quilómetros”, sustentou o presidente da empresa ferroviária. Ainda assim, admitiu, “mandar alguns carros por Santander, para alguns mercados específicos, pode fazer sentido”.
“Presumo que este comboio é um teste para ver como é que o serviço funciona e quanto tempo é que leva. Depois o que farão não faço a mínima ideia. Mas parece-me uma operação viável, na qual temos gosto em participar, e gostaríamos que viessem mais”, acrescentou.
Questionado pela agência Lusa relativamente ao retorno do apelidado ‘Comboio Autoeuropa’, um outro serviço de ligação ferroviária ao centro da Alemanha que a Medway anunciou que gostaria de reativar, Carlos Vasconcelos disse estar ainda em avaliação o interesse do mercado e dos parceiros no projeto.
“Estamos a avaliar o mercado e os parceiros com que teremos de trabalhar para ver se há condições e interesse para montar o comboio. Antes do verão não vamos ter notícias sobre isto. Gostava de avançar, mas não depende de nós”, afirmou.
O objetivo seria reativar uma comboio que traria do centro da Europa peças para a Autoeuropa e levaria, em sentido oposto, exportações portuguesas. Esta conexão ferroviária esteve em operação em 2012, na sequência de um acordo internacional que contou com a participação de Portugal, Espanha e Alemanha, mas cerca de um ano depois terminou por dificuldades criadas por França.
“Estamos a contar com os exportadores e os importadores portugueses para avaliar os volumes e os interesses para depois saber se há condições ou não para remontar este comboio”, concluiu o presidente da Medway.
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