Juros dos depósitos atingem novo mínimo histórico. Pagam 0,14%
Os bancos continuam a cortar nos juros aplicados às poupanças. A taxa média das novas aplicações a prazo atingiu, em janeiro, um novo mínimo histórico de 0,14%, a terceira mais baixa da Zona Euro.
O ano mudou, mas a tendência continua a ser a mesma. Até se agravou para quem procura rentabilizar poupanças através dos depósitos a prazo. A remuneração das novas aplicações nestes produtos atingiu um novo mínimo histórico, em janeiro, com a taxa média oferecida pelos bancos a fixar-se em 0,14%. Trata-se da terceira remuneração mais baixa do espaço do euro.
Estatísticas do Banco Central Europeu (BCE) mostram que no primeiro mês de 2019, os bancos remuneraram as novas aplicações em depósitos a prazo a uma taxa de juro média de 0,14%, abaixo dos 0,15% que pagaram no último mês do ano passado.
Os juros daquela que tradicionalmente sempre foi a aplicação preferida pelos portugueses para colocarem as suas poupanças atingiram assim em janeiro um novo mínimo de pelo menos 19 anos, tendo em conta que o início do histórico do BCE começa em janeiro de 2000.
A fraca atratividade da remuneração oferecida pelos depósitos a prazo não se esgota numa análise nacional. É também uma das menos apelativas da Zona Euro. Compara com uma taxa de juro média de 0,38% em vigor no espaço do euro, em janeiro, sendo que apenas existiam dois países da região a pagar menos do que Portugal. Mais em específico, a Irlanda e Espanha, onde a taxa de juro média das novas aplicações era de 0,04% e 0,05%, respetivamente, de acordo com os dados da entidade liderada por Carlos Costa. Já a Holanda sobressai com a remuneração mais atrativa da Zona Euro: 1,22%, em média.
Juros dos depósitos a prazo em queda
Fonte: BCE
A remuneração dos depósitos a prazo continua a ser condicionada pelo rumo das Euribor, taxas que se encontram em níveis historicamente baixos, mesmo negativos, apesar de alguns sinais a apontarem para uma inversão de rumo. Inversão que poderá contudo ter encontrado agora um travão depois de na última reunião de política monetária o BCE ter estendido, de após o verão para pelo menos até ao final deste ano, a manutenção das taxas de juro de referência da Zona Euro no mínimo histórico de 0%.
À quebra de remunerações não será também alheio o desinteresse demonstrado pelos próprios bancos em captar recursos dos clientes. A sua prioridade estratégica passa agora por maximizar proveitos pela via das comissões, ao mesmo tempo que apostam em força na disponibilização de crédito.
Dinheiro à ordem pesa cada vez mais
A quebra dos juros atingiu as aplicações com prazos mais longos. Nas aplicações em depósitos com prazo acima de dois anos, a taxa de juro média passou de 0,19% em dezembro, para 0,12% em janeiro, sinalizando também um mínimo histórico nessas maturidades. Já nos depósitos até dois anos, a taxa de juro nas novas operações manteve-se numa média de 0,14%, pelo terceiro mês consecutivo, valor que também é o mais baixo do histórico nesta maturidade.
Com juros tão baixos nos depósitos, os aforradores portugueses acabam por optar entre duas vias: aplicá-los noutros produtos financeiros fora da esfera da banca como é o caso dos certificados de aforro e do Tesouro, ou simplesmente manter o dinheiro à disposição na conta à ordem.
De acordo com os dados do BCE, os portugueses tinham um total de 148 mil milhões de euros na conta à ordem e em depósitos a prazo, em janeiro, um máximo de sempre. Desse montante, 55,9 mil milhões estavam na conta à ordem, enquanto 92,4 mil milhões estavam em depósitos a prazo.
Em proporção, 37,5% do dinheiro estava à ordem e 62,5% a prazo. No final de 2011 e durante 2012, a distribuição chegou a ser de quase 80% e 20%, respetivamente, ocasião em que os bancos eram bastante “generosos” na hora de remunerar as poupanças dos portugueses. Nessa altura, a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo superou os 3%.
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