EUA e outros países vão criar fundo para ajudar um novo Governo na Venezuela

  • Lusa
  • 14 Abril 2019

Os Estados Unidos estão a trabalhar com outros países para a criação de um fundo de 8,85 mil milhões de euros para ajudar um futuro novo Governo na Venezuela a reconstruir a sua capacidade comercial.

Os Estados Unidos revelaram que estão a trabalhar com outros países para a criação de um fundo de 8,85 mil milhões de euros para ajudar um futuro novo Governo na Venezuela a reconstruir a sua capacidade comercial.

“Vamos trabalhar para tentar formar um consórcio de cerca de dez mil milhões de dólares (8,85 mil milhões de euros) de financiamento e para estar disponível para o novo Governo para estimular o comércio”, disse, no sábado, o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, de acordo com o The Wall Street Journal.

Steven Mnuchin, que fez esta revelação aos jornalistas durante o encontro de primavera do FMI e do Banco Mundial, não especificou que outros países pretendem contribuir para este fundo, mas, segundo o mesmo jornal, a Argentina, o Brasil, a França, a Alemanha, o Japão e o Reino Unido poderão fazer parte do plano. Mnuchin afirmou ainda que iniciou conversas com o FMI e com o Banco Mundial sobre a possibilidade de fornecerem apoio financeiro à Venezuela.

O Banco Mundial e o FMI anunciaram que estão prontos para ajudar a Venezuela, contudo indicaram que não podem agir imediatamente sem o reconhecimento legítimo de um Presidente. Em conferência de imprensa na abertura da Assembleia de Primavera, que se realiza em Washington, as duas instituições referiram que aguardam o posicionamento da comunidade internacional e dos seus países membros para um possível reconhecimento de Juan Guaidó, autoproclamado Presidente interino da Venezuela.

Mais de 50 países, incluindo a maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, seguiram a decisão norte-americana e reconheceram Guaidó como Presidente interino da Venezuela encarregado de organizar eleições livres e transparentes naquele país.

O presidente do Banco Mundial, David Malpass, sublinhou que esta é “uma questão que não é decidida pelo Banco”, mas pelos acionistas. “Estamos a aguardar para sermos guiados pelos nossos países membros e sei que este é um processo que está em curso dentro de alguns membros neste momento em que falamos”, disse a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente interino e declarou que assumia os poderes executivos do chefe de Estado venezuelano, Nicolás Maduro.

Maduro protagoniza demonstração de força com milhares de pessoas

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, protagonizou este sábado uma demonstração de força com a reunião em Caracas de milhares de simpatizantes, incluindo centenas de milicianos e efetivos das Forças Armadas. O evento realizado no Paseo los Próceres, uma grande praça dedicada aos heróis da emancipação da Venezuela, teve como pretexto a comemoração dos 17 anos do regresso ao poder do falecido mentor político do Presidente venezuelano, Hugo Chávez, depois de ter sido deposto por algumas horas em 2002.

“O 13 de abril de 2002 é um dia que a nossa geração não esquecerá”, afirmou hoje Maduro, rodeado por militares simpatizantes, tanques de guerra e peças de artilharia antiaérea. A condizer com a pose revolucionária, o chefe de Estado apelou aos milicianos o empenho num “milagre produtivo” que possa alimentar a Venezuela. “Neste momento, dou ordem às 51.743 unidades populares de defesa integral para se dediquem à produção [de alimentos] em todo o território nacional para ver reverdecer um milagre produtivo”, disse.

“Espingarda ao ombro, pronto para defender a pátria, e abrindo o sulco para semear a semente e produzir o alimento para a comunidade, para o povo”, é o novo retrato do miliciano venezuelano, em quem Nicolás Maduro confia um “milagre produtivo” capaz de disfarçar a quebra massiva e continuada nas receitas do petróleo, responsáveis por 96% do Orçamento venezuelano.

Na semana passada, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), da qual a Venezuela é membro fundador, informou que a produção do país caiu em março 28,3% em relação a fevereiro, para 732.000 barris por dia. A Venezuela produzia mais de três milhões de barris diários quando Hugo Chávez chegou ao poder em 1999.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

EUA e outros países vão criar fundo para ajudar um novo Governo na Venezuela

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião