Portugueses pagam cada vez mais por transferência bancária. Operações “imediatas” ainda têm pouca expressão

491,5 mil milhões de euros. Foi este o valor das transações realizadas pelos portugueses no ano passado, com as transferências a crédito a registarem um forte crescimento como forma de pagamento.

Foram realizadas mais de 2,7 mil milhões de operações de pagamento durante o ano passado. Nestas, foram transacionados 491,5 mil milhões de euros, referem os dados do Banco de Portugal. A evolução da atividade económica justifica o aumento face face ao ano anterior, com as transferências a crédito a ser o instrumento de pagamento cuja utilização mais cresceu. As transferências imediatas ainda são “pouco expressivas”.

As operações realizadas no sistema que processa as operações de pagamento de retalho em Portugal, o SICOI, aumentaram 7,6% em número e 7,3% em valor relativamente ao ano anterior, “prosseguindo a tendência de crescimento dos últimos anos”, diz o Banco de Portugal no Relatório dos Sistemas de Pagamentos de 2018.

Os cartões bancários continuam a ser o instrumento de pagamento mais utilizado no país, excluindo o numerário, tendo-se registado um novo crescimento no ano passado, mas foram as transferências a crédito as que mais aumentaram.

De acordo com o Banco de Portugal, os cartões foram utilizados em 86,6% dos pagamentos de retalho. Ao longo do ano, o SICOI processou 2.368 milhões de operações com cartão, no montante global de 125,3 mil milhões de euros. Essa utilização correspondeu a uma subida de 8,4% em número e 8,9% em valor.

Já as transferências a crédito foram o instrumento de pagamento cuja utilização mais cresceu. Em 2018, foram efetuadas em Portugal 156,1 milhões de transferências a crédito, no valor de 249,3 mil milhões de euros. Estes valores correspondem a um crescimento de 9% em número e 12,1% em valor.

A entidade liderada por Carlos Costa explica que as transferências a crédito são “o instrumento que assume maior relevância em valor”, em Portugal. Representam 50,7% do valor total das operações com meios eletrónicos, enquanto os cartões pesam 25,5%.

Já os débitos diretos mantiveram-se na segunda posição em termos do número de operações realizadas, mas baixaram para terceiro em valor. Os débitos diretos foram usados em 180,2 milhões operações, 0,5% acima do verificado no ano anterior. Já em valor, cresceu 6%, para um total de 26 mil milhões de euros.

Transferências imediatas ainda pesam pouco

No âmbito das transferências a crédito, o Banco de Portugal destaca as transferências imediatas, instrumento que foi introduzido em setembro do ano passado, com o objetivo de agilizar este tipo de operações. São possíveis de efetuar até 15 mil euros, bastando poucos segundos para que a quantia passe de uma conta para outra. De acordo com o Banco de Portugal, estas transferências ainda são “pouco expressivas”. No ano passado, representaram apenas 0,03% em número e 0,1% em valor face ao total de pagamentos do retalho.

Desde que foram criadas a 18 de setembro e o final de 2018, Em média foram realizadas 7.170 operações por dia, no valor de 800 euros cada uma. Mas a expectativa do Banco de Portugal é no sentido de uma crescente utilização das transferências imediatas.

Já a utilização dos cheques voltou a decrescer no ano passado, em Portugal. “Prosseguindo a tendência dos anos anteriores, a utilização do cheque diminuiu 12,2% em número e 6,3% em valor”, refere o regulador da banca. Ainda assim, o cheque foi utilizado para realizar, em média, 120 mil pagamentos por dia. Também foram devolvidos menos cheques do que no ano anterior (menos 7,9%)

Cartões crescem. Transferências com cartão lideram subidas

Relativamente a 2017, o número de cartões de débito aumentou 4,1%, para 21,8 milhões, e o número de cartões de crédito cresceu 2,3%, para 8,5 milhões (os cartões que tenham, simultaneamente, função de débito e de crédito são considerados em ambas as categorias).

Se o número de cartões aumentou, tendência oposta se verificou no número de ATM. No final de 2018, existiam 14,1 mil caixas automáticos em Portugal, menos 2,3% do que em 2017. Esta situação acontece num contexto de encerramento de balcões e de crescente racionalidade da prestação de serviços pelos bancos. Já o número de terminais de pagamento cresceu 8,7%, para 349 mil existentes no final do ano.

Das operações efetuadas com cartão, 51% corresponderam a compras, 20% a operações de baixo valor e 19% a levantamentos. Já as transferências com cartões, embora menos relevantes, “foram as operações que mais cresceram”, revela o Banco de Portugal. Mais especificamente, 27,7% em número e 13,5% em valor, totalizando 43,9 milhões de operações, no montante de 15 mil milhões de euros.

“Este aumento reflete o crescimento dos pagamentos imediatos assentes em cartão”, contextualiza o regulador, efeito que não poderá ser dissociado da utilização do MB Way.

Neste contexto, as compras realizadas online representaram 3,8% do número e 5,7% do valor total de compras realizadas com cartões nacionais (3,9% do número e 5,9% do valor, em 2017).

De salientar que no final do ano, 74% dos terminais de pagamento automático e 38% dos cartões de pagamento permitiam pagamentos por aproximação (contactless). As compras com recurso a essa tecnologia aumentaram 157% em número e 170% em valor (42,7 milhões de operações, no valor de 599,2 milhões de euros). Ainda assim, representaram apenas 3,6% do número e 1,5% das compras presenciais realizadas em 2018.

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