Exclusivo Novo Banco põe à venda grandes créditos mediáticos. Dívidas de Nuno Vasconcellos e Joaquim Oliveira no mercado

Banco está a vender malparado no valor de 3,5 mil milhões de euros. Carteira inclui devedores mediáticos em incumprimento como Nuno Vasconcellos e Joaquim Oliveira. Já há interessados.

Não é só a Caixa Geral de Depósitos (CGD) que tem grandes créditos mediáticos em situação de incumprimento. No Novo Banco também há e alguns deles foram colocados agora à venda. Nomes como Nuno Vasconcellos (Ongoing) ou Joaquim Oliveira (Olivedesportos) constam da carteira “Nata 2” que o banco liderado por António Ramalho colocou no mercado no início de março. E já há uma lista de investidores interessados: Bain, KKR e Davidson Kempner foram as entidades que passaram à segunda fase do concurso (binding offer), apurou o ECO junto de fonte do mercado.

O banco continua a limpar o seu balanço de ativos tóxicos, como são as dívidas por pagar (o designado crédito malparado), pressionado pelas exigências das autoridades bancárias para baixar o rácio de malparado para um nível inferior a 5% do total do crédito.

Nesse sentido, no início de março, a instituição pôs no mercado uma carteira de “single names”, isto é, de grandes credores individuais, no valor de 3.300 mil milhões de euros, dos quais apenas um terço tem colaterais e garantias reais (aproximadamente 1.000 milhões de euros). No portefólio estão cerca de 65 grandes devedores que são conhecidos publicamente, grande parte deles ligados à construção e imobiliário.

Recentemente, a propósito da injeção de 1.149 milhões de euros do Fundo de Resolução no Novo Banco, o presidente da comissão de acompanhamento José Rodrigues de Jesus chegou a referir que ia “ser preciso coragem” para lidar com estes “créditos mediáticos” ligados a “nomes de estimação”. Adiantou mesmo que alguns dossiês eram comuns ao banco público, mas não precisou quais.

A operação está a ser liderada pela Alantra, que tem assessorado o banco de António Ramalho noutras transações semelhantes. O banco conta ainda com o apoio da auditora KPMG. E ocorre numa altura em que o Parlamento está a discutir os créditos ruinosos que a CGD concedeu nos últimos anos, como a Vale do Lobo, Joe Berardo ou Manuel Fino. De resto, a lista dos maiores créditos em incumprimento no banco público revelada pela EY tem nomes comuns a outros bancos.

Numa fase inicial, conforme revelou o ECO em primeira mão, Bain, Cerberus e KKR estavam entre os investidores que apresentaram ofertas não vinculativas (non-binding offers) por esta que é a maior carteira de malparado que alguma vez esteve à venda no mercado nacional. Ficou para trás, entretanto, o fundo Cerberus, e na segunda fase (binding offer) concorrem agora apenas a Bain, a KKR e a Davidson Kempner. Estes fundos terão de apresentar uma proposta firme de aquisição até junho, isto antes de o banco fechar o contrato de compra e venda com o comprador, o qual se espera que seja assinado entre julho e setembro.

Bain e Cerberus na corrida ao imobiliário

Paralelamente ao “Projeto Nata 2”, o Novo Banco tem outra grande carteira no mercado, mas esta composta por ativos imobiliários. Trata-se do portefólio chamado “Sertorius”, no valor de 500 milhões de euros, sendo é composto por 200 ativos, cerca de dois terços terrenos não edificados e alguns imóveis industriais, residenciais e comerciais. A maioria destes imóveis está localizada em Lisboa e em Setúbal.

Ao que o ECO apurou, também já há interessados: a Bain e a Cerberus.

Ainda no final do ano passado, o banco fechou dois negócios de grande envergadura: o “Projeto Nata”, no valor de 2,15 mil milhões de euros, foi vendido ao KKR e Lx Partners; o “Projeto Viriato”, respeitante a uma carteira de quase 9.000 imóveis no valor de 715,7 milhões, foi alienada à Anchorage Capital Group.

Mais recentemente, o banco estava à espera de luz verde do Fundo de Resolução para fechar a venda da carteira espanhola “Albatros” ao fundo Waterfall, no valor de 400 milhões de euros.

António Ramalho espera reduzir o rácio de malparado dos 22,4% em dezembro de 2018 para perto dos 12% no final deste ano.

Retificação: O ECO não tem informação confirmada sobre o nome de José Veiga na lista do “Nata 2”. Pelo facto, apresentámos as nossas desculpas..

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