“Requisição civil só será acionada se e quando for necessário”, diz António Costa
António Costa convocou este sábado o gabinete de crise para discutir a greve dos camionistas. Para o primeiro-ministro um Governo responsável tem de estar preparado para o pior.
António Costa garante que “um Governo responsável tem de se preparar para o pior”. Mas a requisição civil não avança para já. Só avança “se e quando for necessário”, disse o primeiro-ministro no final da da reunião do gabinete de crise, convocada para este sábado, para discutir a greve dos camionistas que arranca na próxima segunda-feira, 12 de agosto.
O primeiro-ministro deixou a garantia que “o Governo agirá sempre de forma adequada e proporcional às necessidades” e frisou que “não há direitos absolutos”, nem sem sequer o da greve. “O direito à greve é um direito fundamental, mas a liberdade de cada um termina onde começa a liberdade dos demais”, frisou citando o princípio filosófico de Kant.
“Não daremos passos que agravem o conflito”, garantiu António Costa em tom apaziguador, “mas não deixaremos de agir” para que os efeitos da greve “tiverem consequências inaceitáveis para a vida dos portugueses e da economia”. “Só avançaremos se, quando e na medida do estritamente necessário”, disse em resposta à questão se o Governo iria avançar com uma requisição civil preventiva.
“Se houver greve, se os serviços mínimos não forem cumpridos ou se houver riscos sérios do seu incumprimento adotaremos as medidas necessárias”, explicou António Costa, sublinhando que a reunião desta manhã se destinou também a “verificar e avaliar quais são as condições que estão asseguradas para em caso de necessidade de requisição civil essa possa operar desde o primeiro minuto”.
Para o encontro, no Palácio de São Bento, o primeiro-ministro chamou os ministros que estão envolvidos neste processo. Nomeadamente, o ministro do Trabalho Vieira da Silva, o ministro do Ambiente, José Matos Fernandes, mas também Augusto Santos Silva, ministros dos Negócios Estrangeiros, Eduardo cabrita, ministro da Administração Interna e ainda João Gomes Cravinho, ministro da Defesa e o secretário de Estado das infraestruturas.
Esta reunião extraordinária, em São Bento, tinha por objetivo coordenar os trabalhos do Governo para fazer face aos efeitos da greve dos motoristas que está prevista iniciar a partir das 00h00 de segunda-feira”, adiantou uma fonte do gabinete do primeiro-ministro em declarações citadas pela Lusa na sexta-feira.
A greve voltou a ser confirmada esta manhã no primeiros dos vários plenários de motoristas que estão agendados para este sábado. “Durante o plenário foi rejeitada a suspensão da greve”, avançou Anacleto Rodrigues, dirigente do Sindicato Independente de Motoristas de Mercadorias (SIMM). O responsável referiu que, até ao início da greve, ainda há margem para a sua suspensão. Mas para que tal aconteça, porém, será necessário uma nova proposta da Antram. Anacleto Rodrigues deu ainda a garantia de que os serviços mínimos serão cumpridos.
De acordo com os analistas políticos, a intenção do Executivo é passar a imagem de que está a lidar com esta greve de uma forma diferente face à paralisação de abril. Um bom desempenho a este nível poderá ajudar a cerca de dois meses das eleições legislativas de 6 de outubro. Rui Rio já criticou o nível e intervenção do Governo. Através da sua conta de Twitter, Rui Rio diz que “se o objetivo fosse resolver o problema, o Governo seria mais isento e mais discreto”. “Não dramatizava, nem encenava um circo”, disse Rio.
Também o Presidente da República estará preocupado com os efeitos que esta greve terá nas legislativas. Segundo apurou o Público a imagem de “mão de ferro na ordem pública” poderá cativar, não além do eleitorado tradicional do PS e do centro político, também o eleitorado de direita, o que facilitaria a vida ao PS que poderia mesmo vir a conquistar a maioria absoluta.
Confrontado com essa possibilidade de obter a maioria absoluta nas eleições de outubro António Costa rejeitou a leitura. “Não podemos ter considerações eleitorais quando está em causa a segurança das pessoas e o normal funcionamento da economia”, disse o primeiro-ministro, garantindo que o Executivo exercerá as suas “funções seja qual for o custo eleitoral que isso possa ter”.
“Talvez alguém tenha pensado que por haver eleições o Governo ficaria refém de um quadro eleitoral e inibido do exercício das suas funções”, atirou António Costa. “É não ter a absoluta noção de qual é o interesse nacional e pensar que o Governo poderia tirar férias quando o interesse nacional nunca tira férias”, concluiu.
(Notícia em atualizada)
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