Seguros PPR renderam até 10% em 2018. Sete em cada dez bateram a inflação

Os seguros PPR renderam, em média, 2,18%, no ano passado, batendo tanto o rendimento dos depósitos a prazo como o da generalidade das aplicações conservadoras.

Os PPR estão a captar cada vez mais adeptos, sendo que em 2018 foi uma aposta ganhadora para muitos dos que tinham em carteira aplicações nestes produtos de poupança para a reforma. A remuneração dos PPR sob a forma de seguro aumentou face ao ano anterior, distribuindo um retorno médio 12 vezes superior ao dos depósitos a prazo, com sete em cada dez produtos a baterem ainda a inflação.

Dados da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) mostram que os Planos Poupança Reforma (PPR) sob a forma de seguro existentes em Portugal apresentaram uma rentabilidade média de 2,18%, em 2018. Este retorno compara com os 2,13% obtidos em 2017.

As remunerações entre um conjunto de 630 PPR sob a forma de seguro variaram entre os 0% e mais de 10%, em termos brutos. É possível identificar dentro desse conjunto 427 produtos a remunerar acima de 1%. Ou seja, 68% do total. Isto significa que sete em cada dez acabaram por apresentar uma remuneração bruta superior à taxa de inflação que no ano passado foi de 1%.

Seguros PPR rendem em média acima de 2%

Fonte: APS

Apesar da subida de remuneração ser muito ligeira entre 2017 e 2018, os seguros PPR distanciam-se ainda mais face aos depósitos a prazo, cujas taxas de juro continuam a renovar mínimos. Em março, a taxa de juro média oferecida pelos bancos nos depósitos era de 0,13%, fasquia mínima desde pelo menos o início de 2003, quando se inicia o histórico do Banco de Portugal.

A remuneração dos seguros PPR no ano passado compara com juros médios de 0,17% concedidos nos novos depósitos a prazo. Ou seja, pagaram em média 12 vezes mais, com apenas 36 produtos a não conseguirem bater os depósitos a prazo.

Mas como é possível que os seguros PPR paguem mais do que os depósitos? A resposta estará no investimento em obrigações. “Os PPR sob a forma de seguros são produtos que aplicam em ativos líquidos, como depósitos, mas também em obrigações. Como aplicam em obrigações, são produtos com um potencial de rendimento ligeiramente superior aos títulos de elevada liquidez”, justifica António Ribeiro, economista da Proteste Investe, revista da Deco.

Face a outras aplicações financeiras conservadoras muitos destes PPR também saem ganhadores, ganhando brilho como opção de aplicações para os aforradores. “Os PPR são, atualmente, uma excelente opção de investimento, tendo em conta que no contexto atual não existem produtos de poupança extraordinários. A maior parte dos depósitos rendem abaixo da inflação, os certificados de aforro e também os certificados do Tesouro não apresentam retornos extraordinários”, diz a esse propósito o técnico da Proteste Investe.

"Os PPR sob a forma de seguros são produtos que aplicam em ativos líquidos, como depósitos, mas também em obrigações. Como aplicam em obrigações, são produtos com um potencial de rendimento ligeiramente superior aos títulos de elevada liquidez.”

António Ribeiro

Deco

Entre os produtos de poupança do Estado, os certificados de aforro ofereceram nas novas subscrições taxas que ao longo do ano passado variaram em termos brutos entre o mínimo de 0,671%, em janeiro, e o máximo de 0,684% em dezembro. Também os Certificados do Tesouro Poupança Crescimento (CTPC) no primeiro e segundo ano de aplicação oferecem juros brutos de 0,75%, remuneração que é posteriormente crescente para atingir uma média de 1,39% ao fim de sete anos.

Mesmo considerando apenas os seguros PPR atualmente em comercialização, apesar de mais baixas, as remunerações batem as da generalidade dos produtos de poupança conservadores. Em 2018, 36 produtos renderam em média, 1,28%.

Aplicações em máximos da década

Tendo em conta essa realidade, não será de estranhar que em 2018, as aplicações em seguros PPR tenham disparado. O aumento foi de 55%, com as novas contribuições a ascenderem a cerca de 3.479 milhões de euros. Cresceram assim a um ritmo mais acelerado face ao observado no ano anterior, quando as contribuições para este produto subiram 30% para totalizar 2.234 milhões de euros. O valor captado por esta categoria de produtos no ano passado foi, aliás, o mais elevado desde pelo menos o início desta década.

Seguros PPR com aplicações em máximos

Fonte: ASF

Para além de representarem uma forma de rentabilizar poupanças, os próprios bancos estarão a empurrar os seus clientes rumo aos PPR, procurando ganhar as comissões que estão associadas a este tipo de investimento.

"Há muitos PPR, sobretudo sobre a forma de seguro, que não são um bom investimento, porque têm comissões muito elevadas que devoram todo o rendimento que se obtém.”

Antonio Ribeiro

Deco

A favor dos PPR joga ainda um tratamento fiscal favorável para os aforradores. Permitem a dedução no IRS de 20% do valor investido anualmente, sendo que no momento do resgate, em vez do imposto de 28% aplicado a outros produtos de poupança, beneficiam de uma taxa reduzida de 21,5%, se mantiver o investimento até cinco anos. Se o prazo de investimento for de cinco ou mais anos, a taxa baixa para 8%.

Contudo, António Ribeiro aconselha que a escolha de um PPR não seja feita de uma forma cega. “Há muitos PPR, sobretudo sobre a forma de seguro, que não são um bom investimento, porque têm comissões muito elevadas que devoram todo o rendimento que se obtém”, esclarece António Ribeiro. “É preciso fazer uma boa escolha”, recomenda, lembrando ainda a necessidade de o aforrador “adequar o produto ao risco e ao horizonte temporal, que é a forma de conseguirem capitalizar e juntar uma poupança maior”.

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