A arte da perfumaria portuguesa não morreu: vive no norte

A única fábrica dedicada à produção de perfumes em Portugal fica em Braga. Produz cerca de 20 mil perfumes artesanais por dia e podem custar entre os 40 e os 158 euros.

Os icónicos azulejos, a calçada portuguesa, o perfume salgado das praias que banham a costa do país de norte a sul ou o aroma adocicado das uvas acabadas de colher no dia da vindimas como inspirações. Bergamota, Sândalo, Lima, Rosas, Cedro, Resina de Elemi, Café, Castanha, Frutos, Peónia, lavanda, jasmim, cipreste ou patchouli como fragrâncias que cada frasco carrega.

É na cidade de Braga que encontramos a Yntenzo, uma perfumaria de nicho, 100% portuguesa, para os narizes mais requintados. Mais “yntenzo” que o nome, só mesmo as fragrâncias que, ao passar pela loja, invadem o olfato até dos mais distraídos. Nesta perfumaria podemos encontrar os mais variados aromas, desde o cheiro a castanha e pimento verde até aos perfumes mais florais.

Nesta fábrica produzem-se cerca de 20 mil perfumes por dia. É a primeira e única unidade em Portugal dedicada exclusivamente à produção de perfumes. Inaugurada em 2016 com um investimento de mais de dois milhões de euros, a Yntenzo já perfumou algumas caras conhecidas da televisão, nomeadamente, José Fidalgo, Andreia Rodrigues e Tânia Ribas Oliveira, conta o fundador.

Primeiro a fábrica, depois a loja

Daniel Vilaça decidiu abrir a primeira loja no final do ano passado, depois do sucesso das vendas: o espaço conta com três pisos, 170 metros quadrados em cada um. No primeiro piso está a loja que comercializa perfumes, numa mistura de mais de 200 ingredientes, e o laboratório onde a magia acontece. Já o segundo piso é um espaço mais reservado e direcionado para workshops: é neste segundo piso que o cliente pode “ser perfumista por um dia” e criar a sua própria fragrância. “O cliente pode usufruir de uma experiência olfativa única, explorar diferentes ingredientes e criar o seu próprio perfume”, destaca Daniel Vilaça.

Enquanto produtores, o nosso grande objetivo é dar a conhecer a arte da perfumaria portuguesa e como se faziam os perfumes antigamente através de um processo artesanal.

Daniel Vilaça

CEO da Yntenzo

O último piso será muito em breve o Museu do Perfume, uma espécie de tributo à produção artesanal do perfume. Segundo o CEO da Yntenzo, “a abertura do museu está prevista para o final deste ano”. “Quando os visitantes entrarem neste espaço vão ter a possibilidade de experienciar todo o processo produtivo do perfume, a destilação dos óleos no alambique, a mistura dos ingredientes, a filtragem até chegarmos ao enchimento e obtermos o produto final”, detalha.

O cheiro dos Descobrimentos

Chama-se Agarwood & Amber e é o novo perfume da Yntenzo. Será lançado no final de setembro e é inspirado nos Descobrimentos. Conta com uma edição limitada de 500 perfumes que tem o preço de 158 euros por unidade. Segundo o fundador da empresa, Daniel Vilaça, “trata-se de um perfume inspirado nos Descobrimentos portugueses, com uma embalagem pintada à mão com a rosa-dos-ventos e com uma cronologia da época. Acrescenta que todo o foco da Yntenzo “baseia-se na portugalidade. Queremos vender uma marca mas também um país cheio de histórias para contar”, refere.

A história é contada pelo país ao mundo: são os brasileiros, franceses, espanhóis, americanos e os portugueses os maiores adeptos da marca. A empresa nortenha conta com um volume de negócios de 1,5 milhões de euros e prevê crescer no próximo ano, uma vez que está prevista a entrada de novos contratos internacionais. Todos os perfumes são embrulhados em papel reciclado e as embalagens são personalizadas e pintadas à mão. “Todas as embalagens têm uma história para nos contar sobre o nosso país. Temos embalagens pintadas à mão, inspiradas nos azulejos e na calçada portuguesa”, destaca Daniel Vilaça.

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