Geringonça 2.0? Rio fica? Quem manda no CDS? Cinco dúvidas que ficam da noite eleitoral
Grande Coligação ou geringonça avulso para António Costa? O PSD mudará de liderança? E para que liderança mudará o CDS? As dúvidas que ficam da noite eleitoral.
António Costa quer uma geringonça alargada, Catarina Martins já disse que negoceia se tiver mão no Programa de Governo e Jerónimo de Sousa quer estar fora de mais uma “cena do papel” ao jeito de 2015. Haverá ou não uma geringonça 2.0? Terá futuro a liderança do PSD e que qual será o futuro líder do CDS? Cinco dúvidas que ficam das eleições que deram a vitória ao Partido Socialista.
Geringonça 2.0 sim ou não, com ou sem papel assinado?
António Costa venceu as eleições sem margem para dúvida, mas não com margem suficiente para governar sozinho. Os resultados deixam várias questões em aberto: com quem o PS irá fazer um acordo, quem aceitará juntar-se ao PS no Parlamento e em que condições. António Costa está a ensaiar um discurso ao estilo da Große Koalition alemã (a grande coligação que Merkel negociou que lhe deu uma ampla maioria), convidando todos os partidos — com exceção da direita — para conversar, apesar de necessitar apenas do Bloco de Esquerda ou do PCP para ter maioria no Parlamento.
Catarina Martins já disse que o Bloco está “preparado para negociar uma solução que ofereça estabilidade para o país”, seja através de uma negociação que inclua as suas prioridades já no Programa de Governo ou realizando “negociações ano a ano para cada orçamento”. O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, preferiu não dar garantias, disse que a CDU irá determinar a sua posição caso a caso e que não haverá nova geringonça. “Não haverá repetição da cena do papel”, disse, em alusão à assinatura dos acordos bilaterais há quatro anos, que Bloco e PCP assinaram separadamente. O PAN já disse que não quer participar numa solução desta natureza.
Rui Rio irá aguentar-se como presidente do PSD?
O presidente do PSD está a analisar os resultados eleitorais do seu partido pela perspetiva do copo meio cheio, dizendo que o PSD teve um resultado “praticamente idêntico” ao de 2015 e que os 28,02% conhecidos até à altura em que falou (atualmente estão ligeiramente abaixo dos 28%) não são a grande derrota anunciada. “Não há uma grande derrota. Isso era o que estava profetizado. Não houve”.
Rui Rio, que vai assumir o lugar de deputado no Parlamento, já tinha enfrentado contestação interna ainda antes de ir a eleições, com a tentativa de Luís Montenegro de ganhar apoios para afastar o líder dos sociais-democratas. Jorge Moreira da Silva, antigo ministro de Passos Coelho, já tinha pedido uma nova liderança. Hoje foi a vez de Miguel Relvas, obreiro da eleição de Passos Coelho a pedir mudanças, e já sugeriu os nomes de Paulo Rangel e Luís Montenegro.
Depois de Cristas, quem resta ao CDS?
Depois de uma derrota histórica, Assunção Cristas anunciou que vai convocar um congresso extraordinário do partido para a escolha de uma nova liderança e que não se vai recandidatar. Ao contrário do que aconteceu quando Paulo Portas saiu da liderança do partido, não há um sucessor óbvio para Assunção Cristas — embora já haja um candidato, Abel Matos Santos –, e o partido vai ter de lutar por destaque no Parlamento com apenas cinco deputados, apenas mais um que o PAN. Mas já se fala de vários nomes, nomeadamente de Pedro Mota Soares, que não é candidato a deputado porque era o número de dois na lista às eleições europeias de 26 de maio, mas falhou a eleição. João Almeida é também outro dos nomes que se fala, até porque já foi candidato à liderança do partido. Na sua conta de Facebook, reconheceu que o CDS teve “uma derrota estrondosa” e “em democracia estes resultados não acontecem por acaso”. A nova liderança terá também de escolher que rumo irá dar ao partido: será um CDS-PP mais conservador ou mais liberal?
Há Verdes depois do PAN?
Jerónimo de Sousa escolheu Heloísa Apolónia, a histórica líder do Partido Ecologista Os Verdes para liderar a lista da CDU em Leiria e já se antecipava que seria difícil a Heloísa voltar ao Parlamento. Assim foi e dos tradicionais dois deputados, Os Verdes ficam com apenas um, o mais discreto: José Luís Ferreira.
Com o crescimento do PAN, que tem puxado para si a bandeira do ambiente e com quem o partido de Heloísa Apolónia mais se tem batido no Parlamento, resta saber se ainda haverá muito mais Verdes depois das eleições deste domingo.
Dois maus resultados matam uma Aliança?
Santana Lopes já tinha admitido que os resultados nas eleições europeias de maio foram maus, e este domingo voltou a dizer o mesmo dos resultados que o seu partido teve nas legislativas. Ao contrário do que algumas (poucas) sondagens chegaram a admitir, o Aliança não conseguiu eleger nenhum deputado para a Assembleia da República.
E agora? “A responsabilidade é minha. O facto é que correu mal. O resultado é negativo e é essa a realidade política. É uma derrota política”, disse Santana Lopes este domingo, ao mesmo tempo que se colocou à disposição do partido, para continuar na liderança ou dar espaço para uma cara nova.
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