Governo envia a parceiros sociais dados desatualizados do PIB. “Foi um lapso e vai ser corrigido”, garante Ministério do Trabalho

Ana Mendes Godinho disse aos parceiros sociais que previa um crescimento do PIB de 1,9% para 2020. A projeção é diferente da de Mário Centeno. Parceiros sociais vão receber dados corrigidos.

O Governo assumiu esta quarta-feira na concertação social uma previsão de crescimento para o próximo ano inferior em uma décima à que tinha sido reportada há menos um mês para Bruxelas e que punha de lado a ideia de que a economia portuguesa acelera em 2020. “Foi um lapso e vai ser corrigido”, garantiu ao ECO fonte oficial do Ministério do Trabalho, Solidariedade e da Segurança Social, explicando que os patrões e sindicatos vão receber dados atualizados.

No documento que Ana Mendes Godinho distribuiu esta quarta-feira na concertação social, o Governo revela que trabalha com uma previsão de crescimento do PIB de 1,9% para 2019 e para 2020. Este documento serve para enquadrar o debate sobre a atualização do salário mínimo nacional para o próximo ano.

No entanto, no draft do Orçamento do Estado, que o Ministério das Finanças enviou a 15 de outubro para Bruxelas, o Governo tinha revisto em alta a previsão de crescimento económico para o próximo ano numa décima, para 2%.

A equipa de Mário Centeno explicava então que, “para 2020, o cenário macroeconómico subjacente ao Projeto de Plano Orçamental prevê uma ligeira aceleração do crescimento do PIB para 2%. Esta projeção assenta na antecipação de uma recuperação do crescimento económico na área do euro, em linha com as previsões de instituições internacionais, como o Fundo Monetário Internacional”.

O Ministério das Finanças acrescentava que “a recuperação do crescimento na área do euro, principal parceiro comercial de Portugal, deverá refletir-se numa aceleração da procura externa” e defendia que a economia portuguesa continua a mostrar-se “resiliente”.

Ao voltar a projetar o crescimento do PIB em 1,9%, o Governo assumia uma estabilização da economia entre 2019 e 2020, regressando às previsões de abril, quando entregou o Programa de Estabilidade.

Ao ECO, o ministério de Ana Mendes Godinho explicou que houve um “lapso” que fez com que fossem usados os dados do Programa de Estabilidade de abril. A mesma fonte acrescentou que o documento entregue a patrões e sindicatos é um “documento de trabalho”, argumentando que não houve intenção de penalizar a discussão em torno da atualização do salário mínimo já que foi assumido por engano um crescimento do PIB pior do que aquele o Executivo já considerou no esboço do Orçamento do Estado para 2020. “Vai ser corrigido”, garantiu.

Não foi só na previsão de taxa de crescimento do PIB que o Governo se enganou. No mesmo documento, entregue aos parceiros no âmbito da discussão do salário mínimo, foi referida uma previsão de inflação de 1,3% para 2019, uma décima acima do que está no draft do Orçamento e igual ao que estava no Programa de Estabilidade de abril.

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