Ouro ganha mais brilho. Três formas de apostar no metal precioso

Tensão no Médio Oriente neste arranque de ano levou o ouro até 1.600 dólares/onça, a cotação mais elevada desde 2013. Num ano de muitas incertezas saiba como pode apostar neste ativo refúgio.

O ouro ganhou um brilho especial neste arranque de ano. A escalada da tensão no Médio Oriente após a morte do general iraniano Qassem Soleimani a mando dos EUA levou a cotação até máximos de quase sete anos, com os investidores a procurem refúgio no metal amarelo. Entretanto, o sentimento apaziguou-se, mas num ano que promete ser marcado por muitas incertezas, o ouro poderá representar um porto seguro para os investidores. E no que diz respeito à aposta neste metal precioso há várias soluções ao dispor dos investidores, começando pelo próprio ouro físico e indo até produtos financeiros à sua medida.

O preço do ouro ultrapassou a fasquia dos 1.600 dólares por onça pela primeira vez desde o início de abril de 2013, isto no dia em que o Irão respondeu aos EUA com o ataque a duas bases militares no Iraque ocupadas por militares norte-americanos, elevando ainda mais os receios relativamente a um novo conflito de grandes dimensões no Médio Oriente.

Entre os 1.528,85 dólares/onça no fecho a 2 de janeiro — dia anterior ao ataque aéreo dos EUA ao aeroporto do Iraque de onde resultou a morte do número dois do regime iraniano — e máximo de 1.610,9 dólares/onça atingido a 8 janeiro, distam 82 dólares, ou o equivalente a uma valorização de mais de 5%. Entretanto, Donald Trump disse estar “pronto para abraçar a paz, o que foi bem recebido pelos mercados. As bolsas recuperaram, o petróleo afundou e as cotações do ouro também aliviaram.

Apesar disso, certo é que já algum tempo que as cotações do ouro veem a apreciar-se. No ano passado, o metal amarelo valorizou mais de 18%, o melhor registo anual da década, com o preço da onça a subir 234 dólares nesse período.

Evolução do preço do ouro na última década

Fonte: Reuters

A aceleração do preço do sobretudo na segunda metade de 2019 é associada a vários fatores. A perda de fôlego do dólar face a outras moedas, o que tornou mais atrativo o investimento no metal precioso atendendo a que é cotado na moeda norte-americana, é um desses fatores a par das baixas yields da dívida soberana e das reticências face à evolução da economia. A persistência dos riscos geopolíticos também jogaram em favor da subida das cotações do ouro, bem como a forte procura por parte dos bancos centrais.

Com o arranque de um novo ano, muitos desses fatores não se eclipsam, prometendo continuar a marcar a evolução dos mercados e das cotações do ouro. Algumas das principais casas de investimento veem o preço do “metal amarelo” a rondar uma média de 1.600 dólares por onça. Este é o caso, por exemplo, do Goldman Sachs ou do UBS.

Ainda vemos subidas para o ouro, já que as preocupações do último ciclo e a crescente incerteza política irão provavelmente suportar a procura pelo investimento em ouro como ativo defensivo.

Goldman Sachs

O Goldman Sachs disse recentemente que se “mantém otimista” acerca da evolução do ouro em 2020, apontando diversos pontos-chaves para sustentar essa expectativa. Entre eles, a incerteza política devido à guerra comercial entre os EUA e a China, as eleições presidenciais norte-americanas que acontecem no final deste ano, bem como também os protestos em Hong Kong. As ameaças de recessão económica ou as taxas de juro negativas também pairam sobre o ano, jogando a favor do investimento no ouro.

“Ainda vemos subidas para o ouro, já que as preocupações do último ciclo e a crescente incerteza política irão provavelmente suportar a procura pelo investimento em ouro como ativo defensivo“, dizia o banco de investimento norte-americano numa nota enviada aos clientes no último mês de 2019. No seguimento da recente escalada de tensão no Médio Oriente, o Goldman Sachs reiterou as suas expectativas para o comportamento das cotações do ouro. “Mantemo-nos com a estimativa a três, seis e 12 meses de 1.600 dólares/onça, mas vemos riscos de subida caso as tensões geopolíticas piorem”.

Face a expectativas como estas, quem pretenda refugiar-se no ouro ou tirar partido do investimento nesta matéria-prima tem diversas opções ao seu dispor. Abaixo fique a par de algumas delas.

Ouro a “peso”

Adquirir o metal precioso físico é a forma mas simples e direta de investir em ouro. Essa aposta pode ser feita através de lingotes ou moedas de ouro, que podem ser adquiridos sobretudo em bancos, ou então de joias. Contudo, é necessário ter em conta alguns inconvenientes caso essa seja a opção de investimento escolhida.

Numa análise recente, a Deco alertou para o facto de o ouro estar sujeito a um spread (diferença entre o preço que o banco vende e a que compra) e de os bancos cobrarem comissões de transação (aquando da compra e da venda), e também de guarda, caso o cliente pretenda que o lingote fique guardado no banco.

Fundos que seguem o metal

Também é possível investir em ouro através de fundos de investimento ou fundos cotados em bolsa. Os Exchange Traded Funds (ETF) são uma dessas opções, permitindo ao investidor apostar no metal precioso sem ter de o adquirir diretamente e a partir de quantias baixas. Estes fundos negoceiam-se como se fossem ações, sendo que a sua cotação acompanha a de referência do metal. O resultado do investimento será muito semelhante à evolução da cotação do ouro físico, mas com a vantagem de ter mais liquidez e não perder a diferença entre o preço da compra e da venda.

O investimento nestes ETF pode ser facilmente através dos bancos online como o Banco Best ou o BiG ou em corretoras nacionais. Entre os mais conhecidos estão o SPDR Gold Shares ETF ou o iShares Gold Trust ETF, mas existem outros.

“Aconselha-se um investimento mínimo de 1.000 euros, que permita diluir os custos associados, nomeadamente a comissão de gestão e os encargos da negociação em bolsa”, alertava a Deco recentemente a propósito da aposta neste tipo de produto financeiro.

Investir em quem extrai

Outra alternativa para investir em ouro é em empresas ligadas à mineração de ouro, produção e outras fases relacionadas com este setor. É uma forma de apostar no setor do ouro sem estar diretamente exposto ao preço do metal precioso. Esta aposta pode ser feita através de ações ou de fundos de investimento que investem no setor.

Entre as maiores mineiras de ouro do mundo cotadas em bolsa estão empresas como a Newmont Goldcorp, a Barrick Gold, a Agnico Eagle Mines ou a AngloGold Ashanti.

Face à aposta em ações de mineiras individuais, os fundos de investimento apresentam a mais-valia de permitirem uma maior diversificação. Entre os fundos disponíveis para comercialização em Portugal que apostam no setor de mineração de ouro figuram, por exemplo, o Amundi Fds CPR Global Gold Mines ou o Investec Global Gold Fund.

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