Portugueses retidos em Wuhan vão ser retirados na sexta-feira. Portugal estuda a hipótese de um espaço de confinamento

  • Lusa e ECO
  • 30 Janeiro 2020

Os 17 portugueses retidos em Wuhan vão ser retirados esta sexta-feira, não se sabendo ao certo quando aterrarão em Portugal. O Governo português está a estudar a hipótese de um espaço de confinamento.

Os 17 portugueses retidos na cidade chinesa de Wuhan, onde teve origem o coronavírus que matou já 170 pessoas, vão ser retirados na sexta-feira. O ministro português dos Negócios Estrangeiros assegura que que a operação de repatriamento é muito complexa e exige discrição absoluta. A ministra da Saúde diz que o Governo ainda está a estudar a hipótese de um espaço de confinamento.

O avião, que vai fazer o repatriamento dos cidadãos portugueses e outros europeus desde aquela cidade, situada no centro da China, saiu esta quinta-feira de manhã do aeroporto de Beja, em direção a uma das pistas da base aérea n.º 11, de onde descolou às 10h06.

“Confirmamos que os portugueses residentes em Wuhan e que pediram repatriamento para Portugal estão inscritos na operação de repatriamento que está a ser organizada a nível europeu, com a participação de Portugal, mas essa operação, para ter sucesso, precisa de ser rodeada da discrição e da prudência necessárias“, disse à Lusa o ministro Augusto Santos Silva.

O ministro explicou que a “operação é muito complexa, quer do ponto de vista logístico, quer do plano diplomático”, tendo exigido uma delicada montagem e coordenação dos países europeus. A operação “também exige coordenação com as autoridades chinesas, designadamente com as autoridades da saúde pública, cujas autorizações são indispensáveis para que a operação possa ser realizada”, adiantou.

“O que nós pedimos às autoridades chinesas é que seja aberta uma exceção nesse regime de quarentena para permitir que cidadãos europeus possam ser repatriados para os respetivos países”, explicou, sublinhando que “o objetivo principal é que a operação se realize com todas as condições de segurança e eficácia”. Para isso acontecer, reiterou, “quanto mais contidos formos nas informações e efabulações sobre os seus aspetos logísticos e técnicos, melhor”.

De acordo com o comandante Antonios Efthymiou, o voo que saiu hoje de Beja partiu para Paris e, na sexta-feira, viajará para Hanói, no Vietname, de onde, depois, seguirá para a China. Sobre estas informações, Santos Silva não quis avançar pormenores.

“Não tenho nenhuma informação a dar sobre os pormenores técnicos da operação de repatriamento”, disse, acrescentando que “quando for oportuno divulgar publicamente pormenores — como o dia e hora de chegada ou as medidas a que serão sujeitos os portugueses uma vez repatriados –, as autoridades portuguesas competentes fá-lo-ão“.

Governo português estuda hipótese de um espaço de confinamento

Os portugueses a retirar da China serão rastreados antes de iniciarem a viagem e na chegada ao aeroporto, disse esta quinta-feira a ministra da Saúde, adiantando que Portugal ainda está a estudar a hipótese de um espaço de confinamento. Relativamente à questão de haver um local de isolamento, “seja no domicílio ou noutro tipo de espaço”, Marta Temido afirmou que essa hipótese ainda está a ser “estudada e preparada porque depende da condição clínica destas pessoas e do seu historial anterior”.

“Cada um destes cidadãos terá uma consulta com a autoridade [de saúde] à chegada, que terá integrado um médico, que aplicará um inquérito epidemiológico e um inquérito sobre a história clínica recente de forma a garantir que qualquer suspeita é logo identificada e encaminhada adequadamente”. O rastreio — que será feito através de uma avaliação clínica e física, que inclui a medição da febre — será feito no aeroporto, o que não quer dizer que não haja uma avaliação complementar se for necessária.

De acordo com informação que dispõe, a ministra disse que vão regressar a Portugal cerca de dezena e meia de portugueses, mas ressalvou que “poderão ser menos, porque alguns concidadãos optaram por não deixar a China por várias razões”. A data precisa do regresso dos portugueses ainda é desconhecida, afirmou, sublinhado que ainda estão “a trabalhar para perceber a que horas chegam, quem são as pessoas e outras informações indispensáveis”.

Disse ainda que o Ministério da Saúde está a acompanhar toda esta situação através da Direção-Geral da Saúde. “A diretora-geral da Saúde [Graça Freitas] está neste momento a coordenar um conjunto de diligências que temos de ter preparadas para quando for necessária a intervenção do Ministério da Saúde”. O que está preparado, salientou, é “um dispositivo que segue os protocolos internacionais definidos para o acolhimento” dos portugueses quando chegarem a território nacional.

“As autoridades estão a trabalhar para garantir que os portugueses que regressem tenham o acompanhamento adequado ao seu estado”, assegurou. “Vamos seguir de perto aquilo que são os protocolos que estão definidos pelas entidades competentes e estamos a acompanhar também a conferência da Organização Mundial da Saúde sobre este tema”, a qual se realiza hoje.

O coronavírus, detetado no final do ano em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), já provocou a morte de pelo menos 170 pessoas na China e infetou mais de 7.700 outras. Um estudo genético, conduzido por cientistas chineses, confirmou que o novo coronavírus com origem na China terá sido transmitido aos humanos através de um animal selvagem, ainda desconhecido, que foi infetado por morcegos.

Além do território continental da China, foram reportados casos de infeção em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos da América, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Austrália, Canadá, Alemanha, França (primeiro país europeu a detetar casos), Finlândia, Índia, Filipinas e Emirados Árabes Unidos.

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