Europa já tem 22 GW de energia eólica no mar. Portugal destaca-se nas turbinas flutuantes com a central da EDP

Reino Unido e Alemanha são os países responsáveis por três quartos da capacidade total instalada no eólico offshore, com a Dinamarca, Bélgica e os Países Baixos a dividirem igualmente o restante.

É um novo recorde anual: em 2019 a Europa instalou no total 3,6 GW de capacidade eólica offshore, ou seja 502 novas turbinas (em 10 centrais) que em vez de estarem em terra se localizam no mar, fixas ao fundo do oceano ou em plataformas flutuantes.

De acordo com os mais recentes números da associação europeia WindEurope, que representa o setor eólico, divulgados esta quinta-feira, o continente europeu chega assim a 2020 com 22 GW de eólico offshore: Reino Unido e Alemanha são os países responsáveis por três quartos desta capacidade, com a Dinamarca, Bélgica e os Países Baixos a dividirem o restante igualmente. No terreno são 5.047 turbinas eólicas a injetar energia nas redes de 12 países diferentes.

No sul da Europa, Portugal merece igual destaque na última edição deste ano do estudo “Eólico Offshore na Europa – Principais tendências e estatísticas em 2019”, muito por causa da nova central eólica offshore flutuante WindfloatAtlantic, cuja primeira turbina (de um total de três) com cerca de 8MW de capacidade entrou em funcionamento nos últimos dias do ano passado, com ligação direta à rede elétrica nacional da REN.

Tendo em conta o potencial do país, a WindEurope estima que em 2050 existirão já 9 GW de capacidade eólica offshore instalada nas águas portuguesas.

“O lançamento do novo projeto flutuante português – WindFloat Atlantic, financiado pelo programa comunitário NER300, significa que a Europa tem agora 45 MW de energia eólica no mar. 70% do que existe desta tecnologia em todo o mundo. França, Reino Unido, Noruega e Portugal, todos estes países estão a desenvolver novos projetos nesta área”, disse a WindEurope em comunicado, salientando que França tem planos para leiloar uma central eólica flutuante de larga escala já em 2021.

Quando estiver completa e as três turbinas a injetar eletricidade na rede, a central portuguesa situada 20 km ao largo da costa de Viana do Castelo terá capacidade para abastecer 16 mil casas. Com um orçamento total de 125 milhões de euros e financiamento de 60 milhões de euros do Banco Europeu de Investimento, o WindfloatAtlantic é o primeiro projeto do consórcio Windplus, detido pela EDP Renováveis (54,4%), Engie (25%), Repsol (19,4%) e PrinciplePowerInc. (1,2%).

Fonte: EDP

 

Na sua fase pré-comercial, será um dos maiores parques de energia eólica flutuante do mundo, com o recorde de ter três das maiores turbinas eólicas assentes em plataformas marítimas flutuantes (cada uma com 8,4 MW, num total de cerca de 25 MW). Seguir-se-á, mais tarde, a fase comercial do Windfloat, já com 30 turbinas e 150 MW de potência instalada.

Tal como o CEO do Grupo EDP, António Mexia, admitiu recentemente em entrevista ao ECO, o eólico offshore é uma das grandes apostas da elétrica portuguesa, que está já a apostar em parques flutuantes de larga escala, como os 500 MW anunciados para a Coreia do Sul e os projetos em joint-venture com a francesa Engie (que começa com 1,5 GW em construção e 3,7 GW em desenvolvimento). Até 2025 o objetivo é atingir entre 5 e 7 GW de projetos em operação ou construção e entre 5 e 10 GW em desenvolvimento avançado. A joint-venture vai começar a sua operação no Reino Unido, EUA, França, Bélgica, Canadá e Portugal, mas quer entrar também na Holanda, Coreia do Sul, Japão, Índia e Irlanda.

Fonte: EDP

 

“Os custos do eólico no mar continuam a cair significativamente. Os leilões de 2019, no Reino Unido, França e Países Baixos, trouxeram preços para os consumidores entre 40 a 50 euros MWh, em média. Isto é mais barato do que qualquer nova central a gás, carvão ou nuclear”, garante a WindEurope no mesmo comunicado. 2019 ficou também marcado por decisões de investimento de 6000 milhões de euros (menos 40% do que em 2018) em quatro novas centrais eólicas offshore (1,4 GW).

Em toda a Europa, outras nove centrais offshore nasceram no ano passado em quatro países diferentes, além de Portugal: Reino Unido (com 1,7 GW, praticamente metade dos 3,6 GW instalados), Alemanha (1,1 GW), Dinamarca (374 MW) e Bélgica (370 MW). Outro recorde de 2019 foi a instalação de uma turbina de 12 MW (a maior do mundo neste momento) no mar ao largo do porto de Roterdão, nos Países Baixos. Em média, a capacidade das turbinas instaladas no ano passado rondou os 7,8 MW.

Com o tamanho das turbinas a crescer, também as centrais offshore estão a ficar maiores: o tamanho médio duplicou numa década, de 300 MW em 201 para 600 MW agora. “A maior central offshore é a Hornsea One no Reino Unido, com 1,2 GW e 174 turbinas”, refere a WindEurope.

As projeções da WindEurope mostram que em 2050 é possível ter 450 GW de energia eólica offshore, sendo que 380 GW nascerão nos mares do Norte da Europa e os restantes 70 GW ficarão reservados para as águas do Sul, onde se inclui Portugal.

Os relatórios da WindEurope mostram que este cenário é possível e é economicamente viável. Para chegar a um total de 450 GW em 2050, o investimento europeu no setor eólico offshore, incluindo redes, terá de disparar de seis mil milhões de euros por ano em 2020 para 23 mil milhões em 2030 e, depois disso, crescer ainda para 45 mil milhões de euros anualmente

Já a Comissão Europeia estima que o continente precisa entre 230 e 450 GW de eólico offshore até 2050 para descarbonizar o sistema energético e cumpir o Green Deal da presidente Ursula von der Leyen. Ou seja, construir 7 GW no nova potência offshore a cada ano até 2030 e disparar para 18 GW anuais até 2050. No entanto, o atual ritmo de instalação (3,6 GW em 2019) está muito abaixo destes valores.

“A Europa abraçou o eólico offshore em 2019. Há um ano apontávamos para 76 GW até 2030. Agora estamos nos 100 GW. Mas números mais ambiciosos são possíveis de fazer e de financiar. A nova estratégia da UE para o eólico offshore inscrita no Green Deal deve explicar claramente como se mobilizam os investimentos necessários para 450 GW. Isto vai também obrigar a uma cooperação mais próxima entre os governos do Mar do Norte e do Mar Báltico. E também incluir o Reino Unido [apesar do brexit]: o país concentrou metade do investimento no eólico offshore na última década e vai continuar a ser o maior mercado, de longe”, disse no comunicado Giles Dickson, CEO da WindEurope, que concentra 400 membros de 50 países.

Fonte: WindEurope

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Europa já tem 22 GW de energia eólica no mar. Portugal destaca-se nas turbinas flutuantes com a central da EDP

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião