Covid-19 já tirou 22% à bolsa de Lisboa este ano. Petróleo afundou 65%

Arranque do ano ficou marcado pela chegada do coronavírus à Europa, que é agora o principal foco da pandeia. Neste cenário, as perdas foram generalizadas a todas as praças europeias.

O Covid-19 tirou mais de 20% à bolsa de Lisboa no primeiro trimestre do ano. Apesar de a última sessão ter sido positiva, não foi suficiente para impedir que o PSI-20 registasse o maior trambolhão trimestral desde o período em que os Estados Unidos se preparavam para voltar a invadir o Iraque, no pós-11 de setembro.

O PSI-20 afundou 22% entre janeiro e março, período em que o coronavírus chegou à Europa e as perspetivas de impacto da paralisação económica penalizou o sentimento dos investidores. Foi o pior trimestre desde o período entre junho e setembro de 2002 e foi também aquele em que índice tocou o mínimo histórico de 3.500 pontos.

As perdas acontecem apesar de últimas duas sessões terem sido positivas, sendo que o índice fechou a sessão desta terça-feira ganhar 2,17% para 4.069,550 pontos. E seguem em linha com a tendência global: numa altura em que Wall Street se prepara para o pior trimestre desde 1997, todas as bolsas europeias derraparam.

"O efeito do coronavírus, mesmo que em fases distintas, está a ser devastador para praticamente toda a esfera corporativa, dado que a economia mundial é cada vez mais depende da relação entre as várias indústrias.”

Equipa de research do BiG - Banco de Investimento Global

O Stoxx 600 perdeu 23% no trimestre, o italiano FTSE MIB 27%, o britânico FTSE 100 recuou 14%, o francês CAC 40 desvalorizou 26,5% e o alemão DAX tombou 25%.

O efeito do coronavírus, mesmo que em fases distintas, está a ser devastador para praticamente toda a esfera corporativa, dado que a economia mundial é cada vez mais depende da relação entre as várias indústrias”, apontam os analistas da equipa de research do BiG – Banco de Investimento Global.

Turismo e banca entre os mais penalizados

“Contudo, ao separar as diferentes etapas de propagação do vírus é notório que o efeito sobre as diferentes indústrias do índice Stoxx 600 não foi uniforme”, sublinham. As ações do setor de viagens e lazer na Europa afundaram 42% no pior trimestre de sempre. Os bancos europeus afundaram 39%, um tombo apenas superado no fim de 2008 no seguimento da falência do Lehman Brothers.

A bolsa de Lisboa reflete esta tendência. As perdas trimestrais foram lideradas pelas cotadas que representam os setores do turismo e banca. O BCPque anunciou o cancelamento dos dividendos para acautelar o impacto da Covid-19perdeu 48% do valor para os atuais 0,1025 euros por ação. A Sonae Capital tombou igualmente 48%.

Banco liderado por Miguel Maya foi o que mais caiu

Fonte: Reuters

Cotadas mais expostas ao exterior também foram fortemente penalizadas. É o caso da Semapa (-45%), da Navigator (-42%), da Altri (-42%) ou da Mota-Engil (-43%). A petrolífera Galp Energia — cujo setor foi castigado não só pela pandemia como por uma guerra de preços entre produtores que levou o valor do barril a mínimos de 2002 — desvalorizou 33%.

Após um desentendimento entre Arábia Saudita e Rússia, o acordo de produção entre os maiores produtores (que estava em vigor desde 2017) vai terminar, dando abertura a maior produção. Face a essa expectativa, o Brent já perdeu 65% este ano para 23 dólares por barril e o WTI tombou 67% para 20,50 dólares.

Utilities, retalho e tecnologia resistem

Em sentido contrário, as utilities têm estado entre os setores mais resistentes. A EDP tombou 8%, a REN perdeu 11% e a EDP Renováveis deslizou menos de 1%.

Ainda assim, num total de 18 cotadas do índice, apenas duas fecharam o trimestre positivas. A Jerónimo Martins (que valorizou 9%) e a Novabase (que subiu 8,5%) acumulam ganhos no ano já que o retalho e a tecnologia estão entre os setores mais procuradores numa altura de confinamento.

“Uma vez que é provável que a estagnação económica atual se mantenha por mais dois meses, o setor de utilities poderá ser considerado como um ativo de refúgio para investidores mais adversos ao risco, devido as suas características anti-cíclicas”, considera o BiG.

“Antecipando os setores que poderão recuperar mais rapidamente, telecomunicações, tecnologia e bens domésticos são as indústrias que possuem um panorama mais favorável em relação com às demais. Mesmo em condições de pandemia, onde existem um elevado número de restrições ao normal funcionamento da sociedade, estes setores acabam por não sentir um impacto muito negativo sobre os seus negócios, não existindo desta forma um efeito severo sobre os lucros”, acrescentam.

(Notícia atualizada às 17h50)

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