Corrida ao ouro? Em Portugal, “há interesse de uma fatia muito fina da população”
A procura por ouro em barra disparou internacionalmente, fazendo subir o preço. Em Portugal, não só há poucos investidores a mostrar interesse, como não houve grandes alterações com o surto.
A disseminação de Covid-19 tem sido acompanhada por pânico nos mercados financeiros, com as bolsas globais a afundarem e os investidores a procurarem refúgio. Ao nível internacional, o ouro em barra tem sido alvo de forte procura levando até a escassez, mas em Portugal há fraco interesse.
“Há interesse por uma fatia muito fina da população em diversificar investimentos, mas não sentimos, para já, esse impacto“, explica Nuno Marinho, presidente da Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal (AORP), ao ECO.
A procura por ouro em barra ou moedas disparou internacionalmente com os investidores, especialmente os de retalho, a reforçarem os stocks nas últimas semanas num esforço para proteger as poupanças do colapso nos mercados financeiros. O valor por onça chegou a superar os 1.700 dólares, o que não acontecia há sete anos, e registou, na semana passada, o maior rally desde 2008.
Entre os portugueses, não só são poucos os que mostram interesse como não houve grandes alterações desde o início do surto.
“De referir que, o estado atual de encerramento de empresas de fabrico e de fornecimento de matéria-prima, implica uma estagnação do mercado de ouro. Só após a normalização do comércio poderemos aferir alguma alteração a este nível”, sublinha.
A paragem do mercado é agravada porque os bancos, que habitualmente comercializam a matéria-prima, não o estão atualmente a fazer. A interrupção é reportada pela associação, que não sabe, no entanto, explicar se esta está relacionada com os planos de contingência dos bancos.
“Salientamos, contudo, que a aquisição de joias como reserva de valor é possível, estando várias empresas do setor a comercializar os seus produtos através dos seus canais digitais“, acrescenta Nuno Marinho.
As vendas online são a alternativa para as empresas do setor que se viram obrigadas a fechar portas. A AORP realizou um inquérito junto de 88 empresas (maioritariamente PME) e 80% encerrou totalmente atividade na sequência do estado de emergência em Portugal.
Além do fecho das lojas, o cancelamento de feiras internacionais aumenta a preocupação do setor sobre uma recuperação a médio prazo.
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