Após trimestre negro, para onde vão as bolsas? Há oportunidades, mas é preciso cuidado

As fortes quebras nas ações do PSI-20 nos últimos meses geram oportunidades. Apesar de os analistas ainda não esperarem valorizações, o potencial de ganhos do índice cresceram.

As bolsas europeias viveram, entre janeiro e março, o pior trimestre desde 2002 devido ao surto de Covid-19. Com a pandemia a penalizar o sentimento dos investidores, as perspetivas são negativas para a economia e para as bolsas. No PSI-20, mais de metade das cotadas foram alvo de cortes nos preços-alvo.

“A rápida propagação do vírus e falta de métodos de prevenção e tratamento, obriga o mundo a entrar em quarentena no segundo trimestre. A economia será severamente afetada, mas os bancos centrais e os governos foram bastante rápidos na implementação de medidas de estímulo“, refere a equipa de research do BiG – Banco de Investimento Global.

Os analistas antecipam que o número de casos atinja o pico nos países desenvolvidos em abril. No entanto, a quarentena deverá continuar até porque deverá manter-se a propagação acelerada nos países emergentes.

Enquanto não se desenvolver uma vacina vai ser extremamente difícil retomar o normal funcionamento da economia. O turismo e os países mais dependentes do mesmo, como Portugal, irão sofrer o maior impacto desta crise”, referem. O BiG estima que, só as perdas do setor do turismo retirem 5% ao produto interno bruto (PIB) português.

Já o Bankinter reviu em baixa as projeções do PIB em 2020 para -2,7%, antes de recuperar e crescer 3% em 2021. “Embora nesta fase ainda exista um elevado nível de incerteza, é altamente provável que a economia portuguesa entre em recessão em 2020“, referiu João Pisco, analista financeiro e de mercados do Bankinter Portugal.

Embora nesta fase ainda exista um elevado nível de incerteza, é altamente provável que a economia portuguesa entre em recessão em 2020.

João Pisco

Analista financeiro e de mercados do Bankinter Portugal

Ações em queda fazem crescer potencial

A paralisação económica é generalizada a toda a Europa e a perspetiva de impacto para as empresas já se está a fazer sentir nas bolsas. Não é surpreendente que as duas praças com maiores perdas no primeiro trimestre sejam as mais afetadas pelo vírus: o espanhol IBEX-35 tombou 28,94% e o italiano FTSE MIB afundou 27,46%.

O português PSI-20 fechou o trimestre com uma perda de 22%, após ter tocado mínimos históricos. Neste período, 10 das 18 cotadas do índice viram os preços-alvo serem revistos em baixa, a espelhar o maior pessimismo dos analistas. Em média, a revisão em baixa foi de 2%, mas há empresas em que o valor é muito superior.

O BCP viu o preço-alvo médio afundar para 0,23 euros, dos 0,30 no final do ano passado. Ainda assim, fica com um potencial de valorização de quase 125% dado que a cotação está em 0,10 euros. No caso da Galp, cujo preço-alvo médio caiu 16,11% para 13,75 euros, fica ainda com um potencial de ganho de 32,3%.

Aliás, as fortes quebras nas ações do PSI-20 nos últimos meses (apenas duas fecharam o primeiro trimestre positivo) geram oportunidades. Apesar de os analistas ainda não esperarem valorizações, o potencial de ganhos do índice cresceram, com destaque para cotadas mais penalizadas pelo surto. Tanto a Mota-Engil como a Sonae Capital poderão vir a disparar mais de 200%.

“A pandemia de coronavírus causou movimentos extremos do mercado, à medida que as economias do mundo inteiro são fechadas e as pessoas ficam em casa. À medida que novos estímulos orçamentais e monetários alimentam os mercados, estes devem começar a estabilizar, criando oportunidades de compra para investidores de longo prazo em setores em que as empresas têm força de balanço suficiente para sobreviver. Estas vão surgir mesmo antes de a propagação do Covid-19 ser totalmente contida e a atividade económica ficar completamente normalizada”, antecipam os analistas de ações da Fidelity International.

Apesar das revisões dos preços-alvo, potencial ainda é robusto

Fonte: Reuters | Nota: Reuters não agrega informações relativas à Pharol

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