Poluição do ar em Portugal provoca em média seis mil mortes por ano
Ainda assim, Portugal está nos dez países que apresentam melhor qualidade do ar, entre os 41 países presentes no relatório da APA.
Em Portugal a poluição do ar causa cerca de seis mil mortes por ano, revela a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a propósito do Dia Nacional do Ar, que se assinala este domingo. Ainda assim, Portugal está nos dez países que apresentam melhor qualidade do ar, entre os 41 países presentes no relatório da APA.
“Apesar das melhorias significativas registadas nas últimas décadas, em Portugal, a poluição do ar causa cerca de seis mil mortes por ano, agrava problemas respiratórios e cardiovasculares, é responsável por dias de trabalho perdidos e contribui para elevados custos de saúde com grupos vulneráveis como crianças, asmáticos e idosos”, lê-se num comunicado de imprensa da APA.
O Dia Nacional do Ar, que foi instituído em Portugal em 2019, tem como objetivo dar a oportunidade de envolver a comunidade no tema da qualidade do ar, chamando a atenção para o direito, que é de todos, a “respirar um bom ar”.
Este ano o Dia Nacional do Ar tem como tema “Bom Ar pela Saúde e Bem-estar” e visa destacar os efeitos da má qualidade do ar na morbilidade e mortalidade humana. Contudo, devido à situação de pandemia da covid-19, as comemorações foram adiadas.
Segundo a APA, o novo contexto de pandemia trouxe uma “nova realidade” na qualidade do ar, com a redução significativa do tráfego rodoviário, especialmente nos grandes aglomerados urbanos, com grandes impactes positivos em termos de qualidade do ar, e que “importa avaliar e continuar a monitorizar”, acrescenta o comunicado.
A campanha nacional “Por um país com bom ar”, lançada o ano passado, conta hoje com cerca de 130 entidades parceiras, identificadas num microsite, aberto a toda a comunidade, e onde consta toda a informação e materiais de comunicação produzidos neste contexto. Portugal continua a monitorizar e a disponibilizar ao público os dados das previsões, em tempo real medidos nas estações, avisos no site QUALAR .
Foi também recentemente desenvolvido pela Agência Europeia do Ambiente um visualizador da qualidade do ar, onde pode consultar para cada cidade as percentagens de redução de concentrações de poluentes.
Pandemia de Covid-19 faz níveis de poluição caírrm a pique
A redução da atividade económica e da mobilidade das pessoas por causa da pandemia do Covid-19 reduziu de forma drástica as emissões de dióxido de azoto, que em Lisboa chegaram aos 80% e nalguns locais do Porto aos 60%.
Segundo uma nota do Ministério da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior divulgada no passado dia 01, as imagens obtidas pelos peritos do Laboratório de Observação da Terra do Centro Internacional de Investigação do Atlântico (Air Centre), entre os dias 10 e 28 de março, revelam uma redução drástica nos níveis de NO2 (dióxido de azoto), um gás que resulta da queima de combustíveis fósseis, nomeadamente dos motores dos carros e da indústria.
Em comunicado, o MCTES diz que, no caso de Lisboa, a redução é mais significativa, chegando aos 80% em alguns locais da capital. No Porto, a queda atinge os 60% em alguns pontos da cidade.
“A inalação por dióxido de azoto está relacionada com o aumento da probabilidade de problemas respiratórios, uma vez que em altas doses poderia inflamar o revestimento dos pulmões e reduzir a imunidade a infeções pulmonares, causando problemas como tosse, constipações e bronquite”, recorda.
A monitorização das emissões de dióxido de azoto (NO2) em Portugal e Espanha ao longo do mês de março pelo Air Centre mostra um efetivo aumento do nível da qualidade do ar durante o período de emergência nacional decretado no contexto do surto de Covid-19, uma evolução “particularmente benéfica para reduzir a probabilidade de afetar pessoas com problemas respiratórios”, sublinha o ministério.
Os dados do Air Centre, que analisou as emissões de dióxido de azoto em Portugal e Espanha ao longo do mês de março, indicam que os níveis deste gás na atmosfera caíram sobretudo a partir do dia 10 de março, aquando do encerramento de museus, teatros, monumentos e atividades desportivas em áreas fechadas em Portugal.
No dia seguinte, quando Organização Mundial da Saúde declarou o Covid-19 como pandemia, os valores de NO2 continuaram a cair e, a partir do dia 14 de março, quando Espanha decidiu tomar medidas mais drásticas de restrição da mobilidade dos cidadãos, exceto para o trabalho, alimentação e farmácia, as imagens passaram a mostra cada vez menos poluição.
A monitorização do Air Centre, uma instituição internacional com sede na Ilha Terceira (Açores), mostra ainda uma imagem captada no dia 26 de março, quando o tráfego diário nos aeroportos portugueses já tinha caído 87%.
No passado dia 25 de março, a Agência Europeia do Ambiente (AEA) já tinha confirmado “grandes reduções” nas concentrações de poluentes atmosféricos na Europa, devido às medidas de contenção do Covid-19, referindo que nalguns locais a redução foi para metade.
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