Macedo abdica do bónus. CGD reduz prémios aos trabalhadores

A Caixa Geral de Depósitos vai reter os dividendos de 300 milhões de euros que se preparava para pagar ao acionista Estado. Mas o "assunto não está fechado", diz Paulo Macedo.

Paulo Macedo vai abdicar do prémio na Caixa Geral de Depósitos (CGD), enquanto o banco público vai propor para os restantes administradores da comissão executiva e para os trabalhadores um adiamento e redução dos prémios por causa da pandemia.

“Iremos aconselhar que seja diferida a decisão, tal como como nos dividendos, que não haja qualquer atribuição nesta assembleia geral”, disse o presidente da CGD esta quarta-feira na Comissão de Orçamento e Finanças.

Abdicarei do valor prémio integral. Mas uma coisa é o simbolismo e outra é o populismo. (…) Relativamente aos trabalhadores e outros membros da comissão, o que nós aconselharemos é um diferimento e uma redução”, acrescentou o presidente da CGD.

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Paulo Macedo lembrou que não existe a mesma preocupação com o chairman da instituição, Rui Vilar, “por não ter recebido um tostão nos últimos três anos”.

Macedo explicou que quem decide os prémios é a comissão de remunerações, que toma as decisões depois de uma avaliação individual do desempenho de cada administrador. “Não há cá prémios de x para distribuir, há uma avaliação que tem um número para cada administrador mediante uma avaliação de critérios”, contou.

Já depois finalizada a audição, o banco fez questão de esclarecer a questão dos prémios, devido a dúvidas na interpretação do que disse Paulo Macedo sobre o seu prémio.

“Cumprindo o plano estratégico, a Caixa teve 776 milhões de euros de resultados positivos em 2019, dos maiores da sua história, sendo natural que as equipas sejam recompensadas. No entanto, e respeitando as decisões dos órgãos competentes e do acionista, a comissão executiva irá manifestar a sua intenção de diferir e ou reduzir os prémios da própria comissão executiva e colaboradores, sendo que no caso do CEO abdicará do seu integralmente“, afirmou fonte oficial do banco.

CGD retém dividendos, mas “assunto não está fechado”

Relativamente aos dividendos, a CGD cancelou o pagamento de 300 milhões de euros que se preparava para fazer ao Estado. Ainda assim, Paulo Macedo considera que o banco público “tinha condições” para o fazer. E adiantou que o assunto não está ainda fechado. Dependerá da evolução da pandemia.

“Nesta assembleia geral não há qualquer proposta para dividendos. A proposta é de reter os lucros para reservas. Mas o assunto não fica fechado porque o acionista pode fazer uma assembleia geral para este fim único“, disse Paulo Macedo.

O presidente do banco público frisou que havia condições para se proceder à distribuição da remuneração acionista. Isto porque a CGD apresenta rácios de capitais “bastante sustentáveis”.

Lucros de 600 milhões com a crise? “É algo que não existe”

Paulo Macedo afastou ainda que qualquer banco possa registar lucros significativos durante a crise. “Dizer que algum banco pode lucrar 600 milhões com a crise, quando as perdas por imparidades serão previsivelmente de milhares de milhões, é algo que não existe“, declarou.

“Não existe neste ano e não existiu nesta década. Infelizmente”, notou.

Para Paulo Macedo, “devemos estar muito preocupados é que tipo de resultados negativos” os bancos poderão ter neste período e evitar o que aconteceu na última década de prejuízos consecutivos.

Explicou que as imparidades na Caixa deverão atingir os mil milhões de euros e isso vai afetar os lucros do banco público.

(Notícia atualizada às 12h48 para corrigir a posição de Paulo Macedo em relação ao prémio. O CEO da Caixa disse no Parlamento “No meu caso, eu não abdicarei do valor prémio integral” quando deveria ser interpretado “No meu caso, eu não. Abdicarei do valor prémio integral”.)

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