Covid-19 volta a colocar em foco dívida das economias emergentes
É provável que as consequências da pandemia sejam ainda mais graves para as economias emergentes, sublinha a Coface focando risco do endividamento e fragilidade das finanças públicas.
Numa análise aos riscos diretos (económicos e setoriais) da pandemia no desenvolvimento dos países emergentes, a seguradora francesa de seguros de crédito à exportação nota que, embora o grau de vulnerabilidade ao choque da crise pandémica dependa de muitos fatores, o ponto de partida das finanças públicas é uma questão fundamental, uma vez que determina a capacidade de responder às diversas consequências económicas da crise.
Em primeiro lugar, segundo afirmam os autores do relatório COVID-19 swings
the spotlight back onto emerging countries debt, “os países afetados pela pandemia e cujos governos decidiram medidas de contenção obrigatórias terão de enfrentar um aumento do endividamento”, resultante da diminuição das receitas ligadas à crise do coronavírus, bem como um aumento das despesas de saúde e das despesas para mitigar as consequências económicas para a população.
A partir de 10 de abril passado, 87 países encontravam-se nesta situação, afirma a companhia. Os dependentes das receitas do turismo (com um limiar de 15% do PIB) “serão igualmente afetados pelas restrições às viagens internacionais”. A fim de evitar uma deterioração da situação sanitária, muitos implementaram medidas de contenção e fecharam as suas fronteiras aos viajantes.
O Turismo “representa, pelo menos, 15% do PIB em 45 países, incluindo Marrocos, Tunísia, México, Tailândia, Filipinas, Croácia e Camboja”, lista a Coface.
Os países emergentes dependentes das receitas provenientes da exportação de matérias-primas não agrícolas, “serão igualmente afetados”. Apesar de existir uma recuperação dos preços prevista pela Coface no segundo semestre (o custo médio do barril de petróleo Brent previsto em 2020 são 45 dólares), “a mesma é insuficiente para que os principais países exportadores equilibrem os seus saldos orçamentais e as contas correntes”, observa a análise económica.
Acresce que para além deste efeito “preço”, existe também um efeito “volume” para os países (incluindo a Arábia Saudita), que concordaram em reduzir drasticamente a sua produção a fim de limitar a dimensão da queda dos preços causada pela queda da procura. Os países exportadores de produtos de base são aqueles cujos saldos orçamentais deverão deteriorar-se mais este ano (respetivamente -15% e -16% do PIB para a Argélia e Omã, de acordo com os dados do FMI), nota a instituição francesa.
Atualmente, de acordo com a instituição que também opera em consultoria de risco, “nove países são afetados por 3 destas 4 fontes de vulnerabilidade: África do Sul, Argélia, Angola, Equador, Líbano, Mauritânia, Omã, Tunísia e Venezuela”.
O financiamento adicional previsto pelas organizações internacionais (nomeadamente o FMI) e os ajustamentos da dívida anunciados pelos países credores, “ajudarão muitos países de baixos rendimentos, mas provavelmente representará pouco para os principais países emergentes”, adverte o estudo.
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