Da Europa “distraída” aos abraços (ou falta deles). As lições de Marcelo na telescola
A aula do Presidente da República na telescola delineou dez lições a retirar da pandemia. Marcelo falou de aspetos como a forma como os países lidaram com o vírus e as proibições que este implicou.
“Muito boa tarde, chamo-me Marcelo Rebelo de Sousa, sou professor”. Foi assim que o Presidente da República se apresentou, na aula em direto sobre cidadania, na telescola. Durante cerca de 30 minutos, enumerou dez lições a retirar da pandemia, que vão desde as ações da Europa, que diz ter “andado distraída”, às dificuldades em evitar beijos e abraços.
Quase dois anos depois da última “lição formal” enquanto professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Marcelo voltou a assumir o papel de docente, no cenário do projeto #EstudoEmCasa, na RTP Memória. Tal como muitos alunos (e possivelmente pais), o ECO assistiu à aula e foram estas as dez lições que aprendeu:
- A primeira lição apresentada recaiu sobre a importância da saúde na vida, com o Presidente a salientar o trabalho dos médicos, enfermeiros e auxiliares, bem como do Serviço Nacional de Saúde.
- Seguiu-se uma passagem pela geografia. Marcelo ressalvou que “se a pandemia é de todo o mundo, deve ser todo o mundo unido a tratar da pandemia”, apontando que tal, “infelizmente, não aconteceu”. O Presidente apontou que quem sofreu mais com a situação foram as pessoas, defendendo que, quando chegarem as vacinas ou medicamentos, estes têm de ser para todos.
- O professor Marcelo recordou depois que o país faz parte da União Europeia, mas reiterou que a “Europa andou distraída no inicio”, com alguns países a pensar que “escapavam ao vírus”. Apesar de tarde, ressalvou, a Europa acabou por perceber que era necessário trabalhar em conjunto e “foi menos egoísta que boa parte do mundo”.
- Não faltou um agradecimento aos trabalhadores dos serviços essenciais, que continuaram a trabalhar. “Ficámos em casa durante semanas ou meses e só pudemos ficar porque houve quem fosse trabalhar”, salientou.
- As lições de Marcelo recaíram também sobre a incidência do vírus. O Presidente recordou que este chega sobretudo aos mais idosos e pessoas com doenças graves, pedindo assim cuidados com as regras de segurança para proteger os mais velhos, grupo onde também se insere com os seus “71 anos e meio”.
- Apontou também que o vírus também tem mais incidência nos mais pobres, fracos e carenciados. No dia em que um grupo de sem-abrigo se manifesta em frente ao Parlamento, o chefe de Estado defendeu que é preciso “mudar um bocadinho o país”.
- Na sétima lição deixou um recado aos emigrantes que vão voltar nas férias de verão para terem cuidado para não fazer aumentar o número de infetados em Portugal.
- O Presidente decidiu depois apontar um aspeto positivo desta pandemia, que foi ter permitido passar tanto tempo junto com os irmãos ou pais, o que normalmente não aconteceria.
- Já na penúltima lição, ao falar sobre tudo o que mudou nas vidas dos portugueses durante a pandemia, e que irá mudar, nomeadamente mais teletrabalho, Marcelo confessou-se “beijoqueiro”, apontando a culpa aos pais, que o educaram assim. “Agora o que apetece é chegar ao fim da proibição de beijar e abraçar pessoas”, reiterou o Presidente. Nesta nota, contou um episódio onde confessou que no final de uma visita do filho, que veio do Brasil, este “não resistiu” e abraçou-o e beijou-o. “Foi no meio da rua e eu caí em mim e disse ‘estou a fazer uma coisa que não posso'”, contou o Marcelo. Mas, “aconteceu”, disse.
- Depois desta confissão, o professor avançou para a décima e final lição. Recordando que o ano letivo está a terminar, disse aos alunos a assistir esta aula pela televisão que “tiveram a mais importante aula da vida”, que foi “terem vivido o que viveram”.
No fim, ainda sobravam cerca de dois minutos no relógio mas Marcelo apontou que acaba sempre as aulas antes do tempo e despediu-se, enviando um abraço enquanto Presidente da República, enquanto professor e enquanto “amigo”.
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