Cruzeiros no Rio Douro retomam a meio gás. Paragem causou prejuízo de milhões
Os cruzeiros do Douro estão a retomar de forma faseada, os operadores turísticos já têm algumas reservas, mas os números estão longe dos registados habitualmente e as perdas são enormes.
Há um ano, os cruzeiros do Douro já tinham lotação quase esgotada para a temporada de verão e adivinhava-se um 2020 próspero. Uma convicção que não passou de uma miragem.
A procura nos Cruzeiros do Douro estava a crescer significativamente. O Porto estava a ficar cada vez mais concorrido e embarcavam milhares de turistas de todo o mundo em direção ao Douro. Todavia, a pandemia de Covid-19, agitou até as águas mais calmas, e ditou uma paragem abrupta na economia a uma escala mundial e o turismo foi um dos setores mais afetados.
A Douro Azul, maior operadora de cruzeiros fluviais da Europa, previa que 2020 iria ser o melhor ano desde a fundação da empresa, mas a pandemia traçou um cenário completamente antagónico à previsão. “As nossas previsões mais otimistas eram de que 2020 iria ser o melhor ano em termos de faturação desde que iniciamos atividade em 1993, mas a realidade é que a empresa esteve totalmente parada em termos de operação de cruzeiros fluviais desde março, que seria o mês de arranque da operação de 2020”, explica ao ECO, fonte oficial da Douro Azul.
“Se juntarmos os meses de paragem de operação devido a trabalhos e reparações nas eclusas que limitam a época de cruzeiros no Douro, estivemos parados desde novembro de 2019. Isto provocou prejuízos de dezenas de milhões de euros”, destaca a mesma fonte.
À semelhança da Douro Azul, a Tomaz do Douro esteve quatro meses com a frota de onze embarcações parada e o prejuízo é “incalculável”, estima Célia Lima, diretor da marketing da empresa. Atualmente já têm os motores a funcionar, embora não a todo o gás. “A empresa está desde 3 de julho a fazer os cruzeiros das seis pontes com os tradicionais barcos rebelo e os navios de maior escala, que navegam as águas do Douro até à Régua, retomaram atividade dia 10 de julho”, explica ao ECO, Célia Lima.
Estivemos parados desde novembro de 2019. Isto provocou prejuízos de dezenas de milhões de euros.
Já a Douro Azul vai retomar este mês com um programa orientado para o mercado português e espanhol, embora já tenha dois navios a operar para o mercado alemão, desde junho.
“Vamos iniciar em meados de julho os programas de cruzeiros em barco rabelo, que são os tradicionais cruzeiros das pontes. A partir do dia 20 de julho iremos arrancar a operação de uma terceira embarcação, o Douro Serenity, que vai realizar cruzeiros de verão de cinco dias criados à medida do mercado português”, refere fonte oficial da Douro Azul.
Expectativas da retoma? Tudo depende do evoluir da pandemia e da vacina
Os operadores turísticos estão a arrancar lentamente uma vez que tudo depende do evoluir da pandemia, da abertura das fronteiras, da retoma gradual da aviação e principalmente da criação de uma vacina. A Douro Azul está confiante que “a retoma de atividade será forte, mas sempre dependente da evolução da situação de pandemia a nível mundial, e dos avanços científicos na descoberta de uma vacina ou de um tratamento eficaz”.
A diretora de marketing da Tomaz do Douro corrobora a ideia da Douro Azul de conta ao ECO que a melhor forma de encarar esta retoma faseada é “viver um dia de cada vez”. “Não temos muitas expectativas e vai depender muito de fatores externos”, refere Célia Lima.
Enquanto a Douro Azul acredita que vão “retomar a atividade em pleno e continuar a crescer”, a Tomaz do Douro diz que se for um ano sem prejuízo já é muito bom: “Estamos a tentar que tudo corra bem, estamos a fazer esforços, mas não há qualquer garantia que as coisas vão melhorar e quando. Neste momento temos uma perda muito grande, se o ano de 2020 chegar a ser um ano zero, ou seja sem prejuízos, para nós já é muito bom”, conta Célia Lima.
A Douro Azul explica que a maioria dos clientes não cancelaram os cruzeiros, adiaram. “Temos reservas, sendo importante esclarecer que na maioria dos casos os nossos clientes não cancelaram os cruzeiros, mas optaram por remarcar os mesmos para momentos futuros em que lhes seja possível viajar”, refere a empresa de Mário Ferreira.
Com a abertura de algumas fronteiras, já começam a aparecer os primeiros turistas na cidade do Porto. A Tomaz do Douro já tem algumas reservas de turistas estrangeiros, principalmente de Espanha e Alemanha, mas é o mercado nacional que predomina. Apesar das reservas, Célia Lima confessa ao ECO que existe sempre um sentimento de incerteza. “Temos várias reservas em agenda, mas existe sempre uma grande probabilidade de muitas destas reservas serem canceladas”, salienta Célia Lima.
Neste momento temos uma perda muito grande, se o ano de 2020 chegar a ser um ano zero, ou seja sem prejuízos, para nós já é muito bom.
A empresa lidera por Mário Ferreira recebe anualmente cerca de 32 mil passageiros por ano e costuma ter uma taxa de ocupação superior a 92% em toda a frota, apesar de estar confiante na retoma sentiu uma quebra enorme no volume de negócios e “uma forte redução no fluxo anual de passageiros”. A Douro Azul explica que “vários” dos seus “principais mercados emissores, como o Reino Unido e os Estados Unidos, ainda não têm as suas políticas de viagens internacionais totalmente delineadas”.
Ambas as empresas ainda têm trabalhadores em lay-off, explicam que ainda não se justifica ligar os motores a todo gás e que ainda não têm visitantes que justifiquem navegar com toda a frota e com todos os recursos humanos.
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